'La La La Dog' completa 10 anos desde primeira aparição em muros de cidade na Grande SP

Por Eduarda Hutter, g1 Mogi das Cruzes e Suzano

29/07/2023 08h58



O artista João Ricardo Vieira Santos, conhecido como "Jawn", tem 40 anos e conta que conheceu o grafitti ainda na adolescência. "Tive meu primeiro contato com essa arte aos 13 anos. Acompanhava bastante em fotos, revistas, e gostava muito. Porém, me apaixonei mesmo quando vi, pela primeira vez, um grafitti sendo feito na minha frente".

"O grafitti veio como uma daquelas coisas que faltavam na minha vida que, antes de conhecer, eu não fazia ideia que faltavam".

Jawn relata que nunca relata que, por não gostar de grafitar letras ou palavras, sempre teve como base os desenhos animados. Além disso, conta que aprendeu tudo sozinho.

Origem do 'La La La Dog'

Segundo o artista e também tatuador, o projeto La La La Dog surgiu em 2013 com a ideia de voltar a grafitar. O desenho, que apareceu em diversas ruas da cidade, é uma homenagem para a Dalila, uma cadela da raça dogue alemão, que morreu em 2010.

"Eu sempre quis fazer alguma homenagem para a Dalila. Ela era parte da família e eu queria deixar isso registrado. Estava há alguns anos parado [sem grafitar] e, como não tinha muita motivação para voltar, uni o útil ao agradável".

Jawn conta que começou a grafitar a homenagem em lugares abandonados, tapumes de obra - por exemplo, como uma forma gratuita de arte. Por não ser algo voltado para um nicho específico do grafitti, a obra sempre interagiu muito bem com o público em geral.

"Em alguns pontos específicos, o grafitti ainda é marginalizado. Periferias têm muito mais grafitti do que bairros nobres, por exemplo. O grafitti é uma forma de expressão que todos conseguem ter acesso. Porém, alguns grupos sociais ainda não aceitam o grafitti como uma forma de arte. Um exemplo são as galerias: muitas não aceitam trabalhos feitos por grafiteiros".


Entretanto, o artista conta que grande parte das pessoas com quem cruzou durante o projeto do La La La Dog não viram problema com a arte. Pelo contrário, as pessoas elogiam e, segundo Jawn, até agradecem pelo trabalho, pela criação de um movimento artístico gratuito na cidade.

Arte além dos muros


Além dos grafittis, o La La La Dog conta com quadros, prints - que são imagens impressas de trabalhos já feitos -, adesivos, bonés, almofadas, camisetas, moletons, entre outros.


Print feito por Jawn em comemoração aos 10 anos de La La La Dog — Foto: Jawn/Arquivo pessoal

"O La La La também já conseguiu ser tema de exposições. Em 2014 e 2018 fiz exposição em shoppings e, no começo de 2022, participei de uma exposição no Centro Cultural de Mogi das Cruzes. Nessa mostra, eu inaugurei 16 quadros novos e, logo no lançamento da exposição, consegui vender metade das obras que estavam lá", afirma.

A homenagem à Dalila também apareceu em outras cidades, estados e até países. "O projeto nasceu em Mogi, mas já correu por São Paulo - por ser aqui do lado - e por todos os lugares que eu viajo, já que eu acabo fazendo um grafitti para deixar minha marca registrada. Então o La La La já chegou a lugares como Porto Alegre, Argentina, Chile, Uruguai e México".

O Jawn relata que, desde o início, o grafitti sempre significou "mudança", interna e externa, e também serviu para que hoje ele pudesse viver exclusivamente da arte. O grafiteiro conta que o projeto trouxe visibilidade até para o seu trabalho como tatuador.

"O La La La fez tudo isso acontecer e o grafitti fez eu ter a noção de como o movimento funciona em todos lugares. Cidade, estado, país e mundo e, principalmente, a forma como eu consigo me comportar diante dessas diferenças. O grafitti significa muito para mim. É um dos pontos mais importantes da minha vida".

"Chegar a dez anos com um trabalho não é o maior problema e nem é tão difícil. O maior desafio é chegar a dez anos de um trabalho com ele tão vivo na memória das pessoas e estar sempre buscando formas de mudar, surpreender, e eu continuar tão ativo quanto eu era no começo. Isso, para mim, é muito importante".

Veja outros trabalhos do artista:




https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2023/07/29/la-la-la-dog-completa-10-anos-desde-primeira-aparicao-em-muros-de-cidade-na-grande-sp.ghtml

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