EUA, UE e América Latina blindam Lula e condenam atos "fascistas"

 Jamil Chade -  

Colunista do UOL 08/01/2023 15h38..
Lula entre o líder indígena Raoni e a primeira-dama Janja da Silva saúda o público após receber a faixa presidencial - Thania Rego/ABr
Lula entre o líder indígena Raoni e a primeira-dama Janja da Silva saúda o público após receber a faixa presidencial Imagem: Thania Rego/ABr


Entidades internacionais e governos estrangeiros saem em defesa da democracia brasileira, diante da invasão de bolsonaristas ao Congresso, STF e Palácio do Planalto.

O embaixador da União Europeia, Ignacio Ybánez, afirmou que o bloco mantém "todo o apoio às instituições brasileiras". Bruxelas indicou que segue com "grande preocupação os atos antidemocráticos". Pedro Sanchez, presidente do governo da Espanha, emitiu um comunicado no qual declara "todo o apoio ao presidente Lula e às instituições livre e democraticamente eleitas pelo povo brasileiro". "Condenamos rotundamente o ataque contra o Congresso do Brasil e pedimos um retorno imediato à normalidade democrática", completou.


Nos EUA, país que viveu cenas similares, também se manifestaram em apoio ao Brasil. "A violência não tem lugar nenhum numa democracia. Condenamos fortemente os ataques às instituições dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em Brasília, que é um ataque também à democracia. Não existe justificativa para esses atos!", escreveu a embaixada americana em Brasília.

O governo português ainda "condenou as ações de violência e desordem que tiveram lugar em Brasília, reiterando o seu apoio inequívoco às autoridades brasileiras na reposição da ordem e da legalidade".

Em Quito, o governo do Equador "condena os acontecimentos" no Brasil e reitera seu "apoio irrestrito à democracia e ao governo legitimamente eleito". Gustavo Petro, presidente da Colômbia, também sinalizou na mesma direção. "O fascismo decide dar um golpe", afirmou. Bogotá pediu uma reunião urgente da OEA e acionar a Carta Democrática. Na prática, qualquer ruptura institucional no país poderia levar o país a ser expulso da OEA.

Na entidade regional, o secretário-geral, Luis Almagro, "condenou o ataque às instituições em Brasília". Para ele, trata-se de atos de "natureza fascista".

O presidente do Chile, Gabriel Boric, deixou claro que Lula "conta com todo o apoio" diante de ataques "covardes contra a democracia".

A embaixada dos EUA fez um apelo para que americanos evitem a área de Brasília.

Os diplomatas foram acionados para que mantenham governos europeus e outros pelo mundo atualizados a cada instante sobre a situação no país. A ordem de vários deles é a de insistir que reconhecem apenas o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e que não haverá qualquer negociação ou conversa com nenhum outro poder.

O temor dos estrangeiros é de que as cenas repitam a situação vivida nos EUA, quando aliados de Donald Trump invadiram o Congresso americano, numa tentativa de golpe. Se em Washington a situação foi controlada, apesar das mortes, a preocupação no Brasil é de que a crise saia do controle. O ato no Brasil ocorre praticamente dois anos depois da invasão do Capitólio.

Para alguns diplomatas estrangeiros em Brasília, a sensação é de que a crise pode ser maior que a situação do dia 6 de janeiro de 2021, na capital americana, já que todos os três poderes foram tomados.

Organismos como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e mesmo na ONU afirmaram que estão acompanhando com atenção a crise. Europeus, latino-americanos e outros governos avaliam a publicação de comunicados ainda hoje, em apoio à democracia brasileira.

Ao longo dos últimos meses, uma aliança entre democracias foi estabelecida para blindar a eleição brasileira, temendo justamente uma ruptura democrática.

Para serviços de inteligência de diversos governos, os sinais eram de que os mesmos modelos de atentados ocorridos e promovidos pela extrema direita americana poderiam se repetir no Brasil. A constatação é de que esse movimento é globalizado e que, portanto, os golpistas no país teriam "inspiração" e orientação do exterior.

Não por acaso, assim que o resultado do TSE foi divulgado, dezenas de governos emitiram comunicados comemorando e chancelando a vitória de Lula. Em menos de 48 horas, mais de cem países tinham reconhecido a derrota de Bolsonaro.

O segundo momento de ação foi a posse. Governos estrangeiros enviaram delegações de peso para marcar a mudança de poder no Brasil e deixar claro para Bolsonaro que o mundo não o reconhecia. O resultado foi uma posse com mais de 70 delegações estrangeiras, um recorde.

Maiores informações em instantes. 

https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2023/01/08/governos-estrangeiros-temem-capitolio-brasileiro-e-chancelam-lula.htm

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