Histéricos do bolsonarismo miram em Lula e acertam pés de barro da direita

 

Josias de Souza - Colunista do UOL 08/01/2023 12h14

Quando se imaginava que a insanidade voltaria para casa, o bolsonarismo de meio-fio deu novos rugidos. 

Em estado de alerta, o ministro Flávio Dino (Justiça) disse tudo em duas frases penduradas nas redes sociais neste domingo: "Espero que não ocorram atos violentos e que a polícia não precise atuar. 'Tomada do Poder' pode ocorrer só em 2026, em nova eleição."

Na primeira frase, Dino informou aos órfãos de Bolsonaro que passou a existir um governo em Brasília. 

Na segunda, lembrou aos adversários de Lula que o caminho para derrubá-lo é a urna

Hoje, a principal vítima da eternização da histeria como estratégia política é a oposição de direita, não o governo recém-empossado.

Retomaram-se nas últimas 72 horas as tentativas de atear fogo na conjuntura. 

Na sexta-feira, em São Paulo, manifestantes bloquearam a principal via de acesso ao aeroporto de Congonhas.

No sábado, o ministro do Supremo Alexandre de Moraes foi arrancado do recesso para ordenar a desobstrução de área ocupada por bolsonaristas em frente ao batalhão do Exército, em Belo Horizonte. Aplicou multas de R$ 100 mil.

Ainda no sábado, órgãos federais de informação alertaram o novo governo sobre o plano do bolsonarismo de trancar vias de acesso a refinarias em São Paulo e no Rio de Janeiro. 

O objetivo seria prejudicar o abastecimento de combustível no país.

Simultaneamente, mais de oito dezenas de ônibus despejaram novas levas de bolsonaristas nas cercanias do quartel-general do Exército, em Brasília. 

Flávio Dino acionou a Força Nacional de Segurança.

 Trocou telefonemas com governadores, inclusive os de oposição.

É constrangedor o silêncio dos supostos líderes do conservadorismo no Brasil.

 Num instante em que Bolsonaro observa os efeitos do seu legado caótico desde o exílio da Disney, a paralisia da banda muda da direita fornece combustível para os piromaníacos do golpe.

Frustrado o desejo de melar a posse, tenta-se agora impedir que Lula governe. Isso pode interessar a desmiolados como Bolsonaro, não à direita com dois neurônios.

No momento, personagens como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema consolidam-se como polos de poder em Estados do porte de São Paulo e Minas Gerais.

 Sonham em virar alternativas para 2026. O clima de histeria não lhes calha bem.

É parte do jogo democrático que a oposição tente criar embaraços para o governo Lula. 

Isso se faz expondo os erros do adversário e oferecendo ideias alternativas. 

O pressuposto da alternância no poder é a preservação das regras e da civilidade democrática.

Políticos conservadores que enxergam no horizonte a possibilidade concreta de chegar ao Planalto, deveriam trocar rapidamente o silêncio conivente pelo repúdio franco à banalização da retórica golpista e do flerte com a ruptura institucional. 

Os histéricos do bolsonarismo levam Lula à mira. Mas acertam os pés de barro da direita.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL 

https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2023/01/08/histericos-do-bolsonarismo-miram-em-lula-e-acertam-pes-de-barro-da-direita.htm

Postagens mais visitadas deste blog