Lula entra embalado na reta final
José Roberto de Toledo -
Colunista do UOL
26/09/2022 21h44
Lula oscilou de novo um ponto para cima e manteve a tendência de alta no Ipec.
Lula foi de 44% em 5 de setembro para 46% na semana seguinte, depois 47% e, nesta segunda-feira, chegou a 48% do total de votos.
A soma de seus adversários permanece igual há três semanas: 44%.
- Em votos válidos, Lula manteve-se com 52%, o que lhe dá chances de se eleger no 1º turno.
E daí? Candidatos que crescem na reta final levam vantagem sobre os adversários porque tendem a capturar uma parcela maior dos eleitores indecisos.
- Em 2018, Bolsonaro cresceu de 38% na segunda-feira anterior à votação para 41% na véspera. Bolsonaro acabou com 46% dos votos válidos na urna ao capturar a grande maioria dos eleitores que só definiram seu voto no dia de votar.
Lula segue aumentando a diferença sobre Bolsonaro no maior colégio eleitoral do país, o Sudeste: sua vantagem que era de 6 pontos no final de agosto chegou a 12 pontos agora.
Dança dos números. A diferença entre os eleitores dos dois líderes é cada vez mais acentuada.
Lula tem cerca de o dobro de Bolsonaro entre:
- mulheres: 51% a 26%.
- jovens até 24 anos: 49% a 27%.
- pobres que ganham até 1 salário: 57% a 23%.
- católicos: 54% a 27%.
- não-católicos e não-evangélicos: 56% a 20%.
- negros: 51% a 28%.
- quem estudou até o Fundamental: 55% a 26%.
- moradores das periferias
- beneficiários do Auxílio Brasil: 55% a 26%.
- moradores do Nordeste: 62% a 23%.
Um passo atrás. A margem de Lula sobre a soma de seus adversários é tão estreita que outros fatores além da intenção de voto farão diferença para o petista se eleger ou não no 1º turno. Os dois principais são as taxas de abstenção e de votos nulos.
- Quanto maior a abstenção, pior para Lula. Uma proporção maior de pobres do que de ricos tende a não ir votar quando a abstenção cresce, e Lula tem mais do que o dobro de intenção de voto do que Bolsonaro entre eleitores que ganham até um salário mínimo. Uma taxa de abstenção maior do que 21% ou 22% diminuiria a chance de eleição no 1º turno.
- É possível que a taxa de votos inválidos esteja subestimada. Historicamente, os votos nulos e brancos somam cerca de 9% do total de votos nas eleições presidenciais. Segundo o Ipec, apenas 4% pretendem anular ou votar em branco. Além desses, porém, há os que erram e não conseguem transformar sua intenção em voto. É difícil prever se eleitores de um candidato errarão mais do que os de outro.
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