PF tem indícios do papel de Bolsonaro na tentativa de golpe
EXCLUSIVO: PF avalia ter indícios suficientes sobre papel de Bolsonaro na tentativa de golpe
A coluna apurou que a Polícia Federal avalia já ter elementos suficientes sobre o conhecimento e o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro nos planos para a tentativa de um golpe de estado depois da eleição em que foi derrotado em 2022.
Nesta segunda-feira, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, vai depor novamente. Apesar disso, na avaliação de investigadores do caso, Cid precisa esclarecer vários pontos de divergência que surgiram após o avanço das investigações. Em especial, a PF segue mapeando as responsabilidades de todos os envolvidos.
Cid precisa, principalmente, explicar o contexto das mensagens identificadas no celular dele e a participação de todos os interlocutores e pessoas citadas nestas mensagens. Além disso, existem pontos conflitantes em relação ao que ele menciona e aos depoimentos de militares obtidos nos últimos dias.
Cid tem um acordo de delação premiada com a PF, homologado pelo ministro Alexandre de Moraes em setembro de 2023, mas o acordo pode até ser desfeito se Cid não der mais informações para os investigadores. Cid ficou preso preventivamente por cinco meses antes de optar pelo acordo de delação premiada.
A nova oitiva de Cid, que já prestou depoimentos que somam mais de 24 horas à Polícia Federal, foi agendada após o general Marco Antônio Freire Gomes, comandante do Exército até o final de 2022, depor à PF e implicar o ex-presidente Jair Bolsonaro nas discussões sobre um golpe de estado — o general teria confirmado a participação em reuniões de teor golpista com a presença do ex-chefe do Executivo. Cid deve ser questionado sobre o papel de Bolsonaro na trama por um golpe de estado.
Cid também deve ser perguntado se Bolsonaro orientou a manutenção dos acampamentos na frente dos quartéis no final de 2022 — o ex-presidente nega. A Operação Tempus Veritatis revelou uma reunião ministerial em que auxiliares de Bolsonaro defenderam que o governo tomasse alguma ação. Além disso, discussões de teor golpista também foram encontradas pelos investigadores em conversas por WhatsApp.
Juliana Dal Piva