Vini Jr: Brasil volta a ter um governo que defende o país e os brasileiros

 

Balaio do Kotscho - 

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, um professor negro no governo: sinal dos novos tempos - Pedro Ladeira/Folhapress
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, um professor negro no governo: sinal dos novos tempos Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Colunista do UOL

23/05/2023 11h58

Durante a montagem do seu terceiro governo, Lula foi bastante criticado por recriar ministérios na área social, entre eles, o dos Direitos Humanos e Cidadania e o de Igualdade Racial. A pronta reação do governo brasileiro, a começar pelo próprio presidente, ao abrir sua conferência de imprensa no Japão, assim que a noticia sobre o novo ataque racista ao jogador Vinicius Jr, do Real Madrid, em Valência, correu e assombrou o mundo na noite de domingo, mostra como Lula estava certo.

O que a princípio tomou ares de incidente diplomático logo mostrou seu efeito positivo, levando o governo e entidades esportivas espanholas a anunciar uma série de medidas contra o racismo nos campos de futebol. Antes, é bom lembrar, Vini Jr já fora vítima de outros dez ataques racistas, sem que nenhuma providência fosse tomada, e a onda se espalhou pelo país. Foi preciso o jogador explodir diante da infâmia, identificando no público seus algozes, para que a imprensa mundial condenasse os atos de Valência.

Logo depois de Lula cobrar medidas efetivas para "não permitir que o fascismo e o racismo tomem os estádios de futebol", o ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, um filósofo, advogado, escritor e professor negro, de 46 anos, grata surpresa deste governo, publicou uma série de mensagens no Twitter, mostrando sua indignação e cobrando as autoridades espanholas.

"E eis que o presidente da La Liga resolve, ao invés de ser solidarizar com @vinijr, atacar o atleta pelas redes sociais. Para além do destempero do cartola seria o caso de se perguntar como as empresas que patrocinam a La Liga se posicionam diante de algo que não pode ser considerado apenas "episódico", pois, especialmente na Europa, se converteu em um espaço para manifestação do ódio racial. As entidades esportivas ficam paralisadas e os patrocinadores se calam".

No final, Almeida lembra que "se um dos melhores jogadores do mundo precisou fazer algo quanto a isso, imaginem o que acontece com aqueles que não têm a mesma visibilidade. É em nome destes também que providencias precisam ser tomadas".

Não custa lembrar também que hoje a população brasileira é majoritariamente negra e parda, e que, historicamente, ela foi sempre relegada a segundo plano, sem respeito a seus direitos mais elementares.

No dia seguinte, o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, anunciou que estuda recorrer ao princípio da "extraterritorialidade", que permite acionar um dispositivo da lei brasileira para casos excepcionais de crimes cometidos contra cidadãos brasileiros no exterior. "Esse é um remédio extremo, claro, mas pode funcionar, pode ser necessário", justificou o ministro.

Na mesma linha, Anielle Franco, ministra negra da Igualdade Racial, endossou a fala de Dino ao defender o "combate na raiz do problema".

"Enquanto tiver sangue correndo nas minhas veias, enquanto estiver à frente desta pasta da Igualdade Racial, que o governo federal do presidente Lula recriou, a gente vai estar cuidando do povo brasileiro preto, seja aqui, seja fora do país, porque se tem uma coisa que assola a nossa comunidade preta é o racismo. E esse mal é um caso que a gente precisa combater pela raiz."

Pergunto: se ainda estivéssemos sendo governados pelo presidente anterior, que providências teriam sido tomadas? Quando Vini Jr foi agredido e teve sua honra ofendida várias vezes no ano passado, pelos mesmos motivos, não houve nenhuma reação do governo brasileiro.

Lula costuma ser mais criticado pelos seus acertos, em defesa do povo pobre, do meio ambiente e da soberania nacional, que não são reconhecidos, como vimos agora na viagem ao Japão, do que pelos seus erros, que não são poucos, explorados à exaustão em editoriais furibundos, como se nada neste governo prestasse, enquanto não se submeter à Otan, ao Banco Central, ao mercado, à grande mídia e à turma do Paulo Guedes.

Alguns setores da sociedade ainda custam a entender que, no dia 1º de janeiro de 2023, o poder mudou de mãos no Brasil, que voltou a ser governado prioritariamente para a maioria do seu povo pobre, preto e nordestino que, afinal, elegeu Lula presidente. O resto, como mostrou o caso Vini Jr, com a presença de negros e mulheres no ministério, é consequência.

Vida que segue.

.https://noticias.uol.com.br/colunas/balaio-do-kotscho/2023/05/23/brasil-volta-a-ter-um-presidente-que-defende-o-pais-e-os-brasileiros.htm

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