"Pacheco manobra para blindar Bolsonaro de investigações no período eleitoral', diz Bernardo Mello Franco
Para o jornalista, decisão do presidente do Senado de abrir a CPI do MEC após as eleições visa "driblar o Supremo e evitar que a CPI atrapalhe a campanha de Jair Bolsonaro”

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O jornalista Bernardo Mello Franco afirma, em sua coluna no jornal O Globo, que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), “mudou de tática para blindar o Planalto de investigações comprometedoras” e” costurou um acordo para que a maioria governista o ajude a barrar a CPI do MEC”.
Segundo ele, no ano passado, Pacheco tentou barrar a CPI da Covid e o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal, que determinou a instauração do colegiado.
“Desta vez, o presidente do Senado convocou o bloco governista para socorrê-lo.
Ontem ele anunciou que vai abrir a nova comissão, mas só depois das eleições.
Atribuiu a decisão aos líderes partidários, que teriam decidido evitar a ‘contaminação das investigações pelo processo eleitoral’. Na verdade, o objetivo é driblar o Supremo e evitar que a CPI atrapalhe a campanha de Jair Bolsonaro”, afirma Mello Franco.
“Impedir a investigação vai contaminar mais o processo eleitoral do que abri-la. A razão é simples: o eleitor tem o direito de saber se o presidente interferiu na Polícia Federal para proteger o aliado Milton Ribeiro e esconder a bandalheira no MEC.
Bolsonaro atua abertamente para neutralizar os órgãos de controle.
Além de manter a PF sob pressão, conseguiu domesticar a Procuradoria-Geral da República e a Controladoria-Geral da União”, ressalta.
“Ontem o chefe da CGU, Wagner Rosário, relativizou o escândalo dos pastores e afirmou que não há corrupção na ‘alta cúpula’ do governo. Quem engolir esse discurso também deve acreditar que o presidente não vazou informações sigilosas antes da prisão do ex-ministro. Como disse Ribeiro, o homem só teve um ‘pressentimento’”, finaliza.