Melhora na economia durou pouco; piora pode demorar muito - por: Blog do João Borges
 A melhor projeção para o crescimento da economia na pesquisa Focus do 
Banco Central foi registrada na pesquisa dia 2 de março, que foi de 
2,9%. 
Mas alguns bancos e consultorias chegaram a projetar crescimento 
de até 3,5% para 2018. 
 Seria um resultado muito bom, pois permitiria ao país entrar em 2019 com a economia acelerando. 
 Ainda em março, começaram a surgir os sinais de que a reação estava 
mais lenta do que se esperava. 
Mas, mesmo assim, dentro de um padrão 
considerado normal para uma economia que mal havia saído de um recessão 
de quase 8% em dois anos (2015/16).
 No dia 19 de fevereiro o governo havia desistido formalmente de lutar 
pela reforma da Previdência. Três dias antes havia anunciado a 
intervenção no Rio de Janeiro. 
 O reconhecimento da incapacidade política para aprovar a reforma 
projetou para 2019 a incerteza sobre a situação das contas públicas. 
O 
rombo crescente não se resolve sem uma reforma. 
 O avanço do calendário eleitoral, com muitas incertezas sobre candidatos e propostas, foi complicando cada vez mais o cenário. 
 O estopim para a piora generalizada foi a greve dos caminhoneiros em 
maio, que travou bruscamente a produção e distribuição de bens e afetou a
 prestação de serviços. 
 O gráfico abaixo mostra a evolução das projeções desde o início do ano na pesquisa Focus. 
![]()  | 
| Projeções do PIB segundo o boletim Focus, do Banco Central (Foto: Banco Central) | 
A que foi divulgada nesta segunda-feira (11) mostra pela primeira vez a projeção abaixo de 2% para este ano. E aponta para mais um ano de estagnação da nossa economia. 
 Agora, o ambiente é de pessimismo generalizado. 
O Ministério da Fazenda
 já captou sinais de que os empresários estão adiando investimentos. 
 Pesquisa Datafolha divulgada neste final de semana
 mostra que para 72% da população a situação da economia piorou. Esse 
sentimento deve pautar o comportamento do consumidor, mais cauteloso do 
que antes. 
 Para complicar ainda mais, lá fora, a maré global de investimentos 
mudou, como há muito tempo os analistas já alertavam.
E pegou o país com a
 economia frágil. 
Mesmo com uma situação externa favorável e quase US$ 
400 bilhões em reservas, o Brasil passou a ser visto como um emergente 
vulnerável e arriscado. 
 Uma nova injeção de ânimo, só mesmo como a energia fresca de um novo 
governo referendado pelas urnas. 
Mas para que a confiança não seja 
seguida de um novo desapontamento, é preciso medidas consistentes para 
sanear as finanças públicas. Isso vai exigir mais um período de aperto. 
