Justiça mantém indenização de analista demitida por prever crise com Dilma

Resultado de imagem para sinara polycarpo figueiredoSinara Polycarpo ficou bastante conhecida em 2014 por causa de uma "polêmica carta" enviada aos clientes de alta renda do Santander.

 O documento falava sobre os riscos para a economia com a reeleição de Dilma Rousseff

A superintendente foi demitida do banco.

Após sua demissão, Sinara entrou com um processo contra o Santander por danos morais. Em agosto de 2015, ganhou na Justiça em primeira instância. 

O banco foi condenado a pagar R$ 450 mil de indenização.
O Santander recorreu da sentença proferida pela juíza Lúcia Toledo Rodrigues. 

Agora, em 21 de janeiro, a ex-analista do banco teve uma nova vitória na Justiça. A juíza Cynthia Gomes Rosa, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, decidiu manter a sentença anterior, em favor de Sinara. 
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Santander informou que não comenta assuntos sub judice (que ainda está sob apreciação judicial).

Reação de Dilma, Lula e Santander

O caso foi divulgado inicialmente pelo colunista do UOL Fernando Rodrigues, em 25 de julho de 2014. No mesmo dia, o banco publicou um pedido de desculpas em sua página na internet e disse que o texto "feriu diretriz interna". 

A polêmica foi ganhando peso.

 Em 28 de julho daquele ano, Dilma chamou a carta do Santander de "lamentável" e "inadmissível"; o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que quem escreveu o texto "não entende porra nenhuma de Brasil" e sugeriu: "Pode mandar embora e dar o bônus dela pra mim, que eu sei como é que eu falo".

No dia seguinte, o presidente do banco informou que a funcionária tinha sido demitida. "Enviamos uma carta à presidente. A pessoa tinha que ser demitida porque fez coisa errada", disse Emilio Botín.

Discriminação política X oportunismo

Na ação judicial, a ex-funcionária disse que não foi ela que escreveu o texto, mas sim uma das analistas do setor que chefiava.

Ela afirmou que sua dispensa foi por "nítido ato de discriminação política" e "causou-lhe grandes tormentas", porque o banco "expôs seu nome de forma indevida e, com isso, deteriorou sua imagem pessoal e profissional".

A ex-superintendente exigia uma indenização por danos morais e materiais equivalente ao valor dos salários e demais benefícios que receberia se tivesse continuado no emprego, desde a rescisão e até sua efetiva reintegração ou recolocação em outro emprego semelhante.

De acordo com o processo, Sinara ganhava R$ 32.785,74 por mês.
Em sua defesa, o banco acusou a ex-funcionária de "oportunismo" e afirmou que a demissão não foi por motivo político, mas jurídico, segundo a sentença.

Juíza: banco foi submisso às forças políticas

Segundo a primeira decisão da Justiça do Trabalho, apesar de Sinara ter sido demitida sem justa causa, o banco expôs de forma indevida e abusiva a imagem da funcionária.

Na primeira decisão, a Juíza Lúcia Toledo Rodrigues diz que a ex-funcionária "apenas relatou circunstâncias fáticas da conjuntura econômica do país", cumprindo seu dever, que "era informar os clientes a respeito das minúcias que influenciam o mercado financeiro e afetam diretamente o resultado dos seus investimentos".

Além disso, afirma que o banco foi "submisso às forças políticas ao demitir" a empregada.

Na ação, é citada a fala do ex-presidente Lula. 

"Isso demonstra que antes mesmo de comunicar a autora da demissão e formalizar o respectivo ato o Banco já buscou reparar o 'deslize' com o partido político, pedindo desculpas e anunciando as demissões, assim como arbitrária e grosseiramente solicitado pelo sr. Luis Inácio Lula da Silva", afirma na sentença.
Do UOL, em São Paulo

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