Enchentes desalojaram uma a cada 20 pessoas no RS; 77.405 estão em abrigos
Enchentes desalojaram uma a cada 20 pessoas no RS; 77.405 estão em abrigos
As enchentes no Rio Grande do Sul já desalojaram uma a cada 20 pessoas no estado, conforme dados da Defesa Civil estadual.
O que aconteceu
538.245 estão desalojadas no Rio Grande do Sul, segundo último balanço da Defesa Civil. Número corresponde a aproximadamente 5% da população do estado, que é de 10.882.965 conforme o último Censo do IBGE.
Os desalojados não necessariamente perderam suas casas, diferentemente dos desabrigados. O grupo é composto por pessoas que saíram de suas casas e, em muitos casos, estão na residência de parentes.
Quase 80 mil pessoas estão em abrigos. Em um deles, em Novo Hamburgo, uma grávida deu à luz. Já em outro, um filhote de porco está vivendo entre as pessoas.
No domingo (12), prefeitos pediram para moradores de áreas atingidas não retornassem para casa. O prefeito de Canoas (RS), Jairo Jorge (PSD) explicou que chuvas intensas podem provocar uma elevação de 5,5 metros no nível dos rios. O alerta também foi dado em outras regiões, como o Vale do Taquari. O prefeito Jonas Calvi (PSDB), de Encantado, disse que "há muita água para chegar". Já o prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo (PP), ressalta que os moradores devem se manter nos abrigos.
Dos 497 municípios do RS, 450 foram afetados pelas enchentes causadas pelas fortes chuvas, conforme o último boletim.

Cidades planejam mudar de lugar. Os prefeitos de Muçum e Roca Sales, no Vale do Taquari, entendem que não adianta reconstruir prédios públicos e partes dos bairros residenciais no mesmo lugar de antes, como mostrou a Folha de S.Paulo. Em Roca Sales, 50% da cidade deve ser reconstruída em outro lugar, enquanto em Muçum são ao menos 30% das áreas.
Reconstrução das áreas afetadas deve levar pelo menos um ano. O alerta é da Federação Internacional da Cruz Vermelha (FICV).
Famílias buscaram refúgio no litoral do Rio Grande do Sul. Além dos alagamentos, moradores da região metropolitana de Porto Alegre passaram a enfrentar falta de água e luz. Muitos decidiram "migrar" para o litoral, que não foi tão atingido.
Número de mortos já supera total de óbitos por desastres de 1991 a 2022. No período, foram registrados 101 mortos. Agora, em menos de um mês, as chuvas já causaram 147 óbitos, segundo o boletim divulgado pela Defesa Civil às 18h desta segunda-feira (13).
Nível do Guaíba volta a subir. A elevação foi de 41 centímetros entre sábado (11) e a tarde desta segunda-feira (13). Às 15h15 de segunda-feira, o Guaíba marcava 5,01 metros. Projeção da Defesa Civil é de que água ultrapasse os 5,5 metros.
Resgates de laço, colchão inflável, barco e helicóptero
Muitos resgates de moradores ocorrem de barco. Porém, helicópteros também passaram a ser empregados - conforme o governo estadual são mais de 40 em uso atualmente. Antes, a retirada da população ocorria no improviso com o uso até de carrinho de mão, como ocorreu em Bento Gonçalves, na Serra gaúcha.
Amigos usam colchão inflável para resgatar 20 pessoas. Os amigos Maick Soares Moreira, 26, e Michel Chamberlain Ponciano, 36, fizeram os resgates na Ocupação Cobal, no Quarto Distrito, zona norte de Porto Alegre. Eles contam que não dormiram por causa dos salvamentos. "Quando a água chegou no peito, lembrei do colchão que estava guardado e a gente começou a usá-lo", conta Maick.

Cachorro foi resgatado após ser laçado. O animal estava em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, e foi retirado da água por um policial militar. Segundo a Brigada Militar, o resgate aconteceu no último sábado (11). Em outro caso, um cachorro continua "nadando" no ar mesmo após ser retirado da água.

Guaíba volta a ultrapassar os 5 metros
Projeção da Defesa Civil é de que água ultrapasse os 5,5 metros. Modelos analisados pelo órgão apontam expectativa de elevação de aproximadamente 5,5 a 5,6 metros nos próximos dias, informou nota.
Nível do Guaíba será o maior da história caso previsão da Defesa Civil se concretize. No domingo (5), ápice das cheias no estado, a água chegou a 5,33 metros. Na cheia de 1941, a água bateu 4,75 metros.
Governador informou que situação no estado vai piorar. Em publicação nas redes sociais no domingo (12), Eduardo Leite (PSDB) renovou o alerta sobre risco de enchentes e apontou que a água atingiria "novos altos níveis".
Ponte que liga Nova Petrópolis e Caxias do Sul cedeu parcialmente. A ligação, na BR-116, que passa sobre o rio Caí, tem risco de desabamento após ceder neste domingo (12), informaram autoridades. O nível do rio subiu mais de quatro metros no fim de semana.
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2024/05/13/enchente-afeta-1-a-cada-20-rs.htm