"Fui bombardeado", diz padre Júlio Lancellotti sobre críticas por ato pró-Palestina -

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Acostumado a receber críticas de setores conservadores por causa de sua militância social, o padre Julio Lancellotti conta que pediu força divina para concluir, no último domingo (5), a missa que celebrava na paróquia São Miguel Arcanjo, na zona leste de São Paulo. “Me senti aturdido de tanto massacre”, confidenciou o religioso durante debate promovido pela Comissão Justiça e Paz, da Igreja Católica, na noite de segunda-feira (6/11) em Brasília.

“Fui bombardeado de todos os lados, principalmente por católicos, católicos muito religiosos, muito ortodoxos, muito fidelíssimos à ortodoxia da igreja, que não são capazes de refletir que o povo palestino não é Hamas e o Hamas não é o povo palestino“, afirmou o coordenador da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo.

Veja o vídeo:


 Julio, como é mais conhecido, virou alvo de ataques no fim de semana depois que participou de um ato pró-Palestina na capital paulista. Com microfone em punho, chamou Israel de Estado “assassino” e “covarde” pelos bombardeios que resultaram na morte de mais de 10 mil pessoas na Faixa de Gaza. “Nem todos os judeus e nem todos os israelitas comungam e apoiam esse governo assassino, esse governo que mata e que destrói o povo palestino”, afirmou na ocasião.


O religioso, cujo trabalho em defesa de pessoas em situação de rua éreconhecido internacionalmente, admitiu ter ficado abalado emocionalmente com os ataques recebidos dessa vez.

“Ontem [domingo], quando celebrei a missa das 6 horas da tarde, pensei que não conseguiria chegar ao fim. No momento da consagração, quando me ajoelhei, e encostei minha cabeça, pedi: ‘Jesus, me acalma, me dá força. Jesus, eu sei que estás comigo. Me dá força pra aguentar, chegar até o fim da celebração e superar esse momento de tanto sofrimento.”

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Segundo ele, o radicalismo continua muito forte no país. “As redes sociais são máquinas de triturar as pessoas”, resumiu. Em agosto, padre Julio recebeu uma carta com ameaça de morte em sua paróquia. Um idoso foi identificado como autor do bilhete, que chamava o sacerdote de “defensor dos direitos de bandidos” e dizia que “seu dia de reinado aqui vai acabar”.

“Muitas vezes digo que sou um padre cancelado. Sei que vou perder muitas vezes. Repito muitas vezes: não luto para vencer, luto para ser fiel até o fim, porque sei que vou perder. É uma luta”, disse Julio Lancellotti em sua fala na reunião da Comissão de Justiça e Paz da qual participou remotamente, de sua casa em São Paulo. (Por Edson Sardinha. Edição de vídeo: Felipe Aguiar) 

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