Ao brecar armas, Fachin engatilha língua de Bolsonaro para Sete de Setembro

 

Josias de Souza - 

Virou pó a alegada articulação de auxiliares do Planalto para promover um armistício entre o presidente da República e o Judiciário. 

Bolsonaro e as togas que ele abomina travam nos últimos dias algo muito parecido com um tiroteio. 

Coube ao ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin realizar o penúltimo disparo.

 Ao suspender trechos de decretos e portarias armamentistas de Bolsonaro, restringindo acesso a armas e munições, Fachin como que engatilhou a língua do presidente para o 7 de Setembro.

Os articuladores da trégua enrolaram a bandeira branca. 

Nas palavras de um ministro de Bolsonaro, "não há como negociar a paz com quem cultiva a guerra". 

Os magistrados estariam fustigando o presidente, não o contrário. 

Nessa versão, Bolsonaro teria agido em legítima defesa ao chamar Alexandre de Moraes de "vagabundo" em discurso no último sábado. Reagiu à decisão do ministro do Supremo e presidente do TSE de autorizar operação da Polícia Federal contra empresários bolsonaristas que conversaram sobre "golpe" no Whatsapp.

Avalia-se no Planalto que Fachin, antecessor de Moraes na presidência do TSE, escolheu metodicamente a data para limitar o acesso dos chamados CACs —caçadores, atiradores e colecionadores— a armas e munições. 

O Supremo já havia

 tentado julgar ações contra a política armamentista do presidente.

 Mas o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques, a quem Bolsonaro se refere como "10% de mim no Supremo."

Kassio mantém a encrenca engavetada há um ano, desde setembro do ano passado. 

Acionado por recursos do PT e do PSB, Fachin poderia decidir sobre a matéria depois das eleições. 

Optou por conceder os pedidos de liminar formulados pelos partidos que lideram a coligação de Lula às vésperas do 7 de Setembro sob o argumento de que "risco de violência política torna de extrema e excepcional urgência a necessidade de se conceder o provimento cautelar" que impõe travas à proliferação das armas. 

A novidade chega cinco dias depois de o TSE ter proibido o porte de armas nas sessões eleitorais em dias de votação. 

Dá-se de barato no Planalto que Bolsonaro irá reagir.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.     

https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2022/09/05/ao-brecar-armas-fachin-engatilha-lingua-de-bolsonaro-para-sete-de-setembro.htm

Postagens mais visitadas deste blog