Entenda por que Mogi das Cruzes é chamada de 'terra do caqui'



Participação do Barão de Jaceguai, grande quantidade de produção da fruta no município e a imigração japonesa são alguns elementos que explicam a alcunha da cidade.


Por Rubens Guilherme Santos, g1 Mogi das Cruzes e Suzano

10/04/2022 14h12 Atualizado há uma hora 

O caqui é um dos símbolos de Mogi das Cruzes. A importância da fruta para a cidade é realçada em uma das alcunhas do município.

A grande quantidade de produção da fruta, a influência da imigração japonesa e o clima de Mogi são algumas as razões para explicar por que a cidade é conhecida como a "terra do caqui".

Origem da fruta em Mogi
Glauco Ricciele, historiador e diretor do Departamento de Patrimônio da Secretaria de Cultura e Turismo de Mogi das Cruzes, explica a origem do cultivo do caqui na cidade.

“O Barão de Jaceguai veio morar no município no final do século XIX . Ele tinha uma chácara na Praça Osvaldo Cruz, era da Marinha e tinha Mogi como uma cidade dormitório. Naquela época, ele ganhou diversas mudas de árvores frutíferas e plantas. Entre elas, estava o caqui”, conta Ricciele.
Ele também afirma que por volta da metade do século passado a produção da fruta ganha destaque no município. “No final dos anos 1940 e 1950, a cidade ganha o ciclo do caqui. Anos mais tarde, Mogi ganhou a fama por conta da produção do fruto”.

Influência japonesa
O Diospyros kaki, conhecido como caqui, tem origem na Ásia e seu cultivo e consumo são populares em países como China e Japão. 

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes, Gildo Takio Saito, a importância da fruta em Mogi também possui vínculos com os imigrantes japoneses.

"Nas décadas de 1920 a 1930, os primeiros japoneses vieram para essa região não por acaso. Mas porque a região tem o outono e a primavera com climas mais amenos. Tem um relevo bom. A cultura japonesa sempre consumiu muito hortifrúti. Muitas frutas, muitos legumes. Então eles vieram para a nossa região também pela proximidade com os grandes centros comerciais”, afirma Saito. 

De acordo com ele, os imigrantes japoneses escolheram Mogi como novo lar com o objetivo de cultivar frutas. Mas demoraria muito tempo para que as árvores e plantas começassem a frutificar. Por isso, os imigrantes adotaram uma outra estratégia. 

“Eles plantaram tomates e verduras que saíam mais rápido para poderem se sustentar. Aos poucos, mudas de caqui e nêspera foram se desenvolvendo. Com essas duas culturas, praticamente eles teriam duas colheitas no ano e também teriam trabalhos o ano todo”, explica Saito.

Segundo Gildo Saito, na cidade são cultivadas em abundância as variedades rama forte, fuyu e giombo.

O representante dos produtores rurais de Mogi e Alto Tietê comenta que a alcunha da cidade surgiu a partir da importância da fruta para a economia local. “Era comum o pessoal falar: ‘o caqui, de onde é?’, e a resposta era ‘ah, é de Mogi’. Pela quantidade de produtores e também pela quantidade produzida, Mogi ficou conhecida como a ‘terra do caqui’”.

Frank Tuda, presidente do Bunkyo de Mogi das Cruzes, destaca a relevância das técnicas introduzidas pelos imigrantes japoneses e seus descendentes na produção da fruta.

“A técnica de cultivo que os imigrantes japoneses e seus descendentes praticam é um fator primordial. Os melhores caquis são aqueles produzidos de forma artesanal. São esses que possuem mais qualidade”, conta.

Produção de caqui em Mogi
Segundo dados da Produção Agrícola Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mogi das Cruzes produziu uma média de 20.660 toneladas da fruta entre os anos de 2016 e 2020, a maior no país neste período. 

A segunda maior média foi de São Miguel Arcanjo, em São Paulo, com produção média de 12.600 toneladas de caquis por ano. Em seguida vem Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, que teve média de 12.400 toneladas produzidas da fruta no mesmo período.

Entre 2016 e 2020, Mogi foi responsável por 12,48% do total de caquis produzidos no Brasil.

Caqui como fonte de renda
A produção do caqui também possui relevância para munícipes de Mogi das Cruzes que praticam a agricultura familiar. Este é o caso de Tereza Cristina Carbonari de Faria.

“Meu pai, Paulo Martins de Faria, iniciou o plantio de caqui em nosso sítio, no Jardim Aracy, em 1967. Com o falecimento dele, em 2020, nós assumimos a produção”, explica.

Ela também conta que o fruto sempre esteve presente na vida de toda a sua família. 


“Desde que tenho lembrança da infância, participava com meu pai da colheita. Chegava da escola e ficava a tarde onde embalavam caqui. Colava os selos ou carimbava as caixas. Meu pai adorava essa época de colheita, o sítio ficava muito movimentado e ele sempre fazia festas para os empregados”, comenta Tereza.
A agricultora ainda diz que dar continuidade ao cultivo mantém as tradições criadas pelo pai. “Tentamos manter as tradições pois, para todos da minha família, as lembranças são muito boas”, conta a produtora.

De acordo com Tereza, a colheita em Mogi começa em fevereiro e termina no início de abril.

Mascote da cidade
O “Caquito” foi o mascote de duas edições dos Jogos Abertos do Interior realizados em Mogi das Cruzes, nos anos de 2011 e 2013. 

A eleição para a escolha do personagem aconteceu pela internet e contou com a participação da população mogiana.

Festa do Caqui
Por anos, Mogi das Cruzes promoveu a Festa do Caqui, evento que celebrava o início da colheita da fruta na cidade.

Outra celebração que destaca a importância do fruto e de outras produções agrícolas da cidade é o Festival de Outono Akmatsuri, um dos mais tradicionais da comunidade japonesa do estado de São Paulo. É realizado anualmente em Mogi.

O evento também tem o objetivo de apresentar a contribuição da imigração japonesa para o desenvolvimento da agricultura na cidade e no Alto Tietê. 
https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2022/04/10/entenda-a-razao-de-mogi-das-cruzes-ser-chamada-de-terra-do-caqui.ghtml

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