Dinheiro que Serra recebeu da Odebrecht nunca foi usado em campanhas, diz MPF - oantagonista.co

Não existem “quaisquer indícios” de que José Serra (PSDB-SP) usou o suborno que teria recebido da Odebrecht em suas campanhas presidenciais, disse o MPF à Justiça Federal de São Paulo.
Brasil 
Por Pedro Canário


O dinheiro era “propina angariada em proveito próprio e mantida de maneira dissimulada no exterior a fim de ocultar tanto sua origem ilícita quanto sua efetiva titularidade”, segundo os procuradores. Corrupção, portanto.

Em documento enviado à 6ª Vara Federal Criminal de SP, a que O Antagonista teve acesso, os procuradores da Lava Jato contaram que o dinheiro foi mantido na Suíça, fora de suas campanhas, pelo menos até 2014.

A informação contradiz a tese da defesa de Serra, de que o dinheiro foi doado ao senador pela empreiteira para suas campanhas presidenciais. O crime, defende o tucano, seria de caixa 2, já que ele não declarou a verba ao TSE.

Mas o MPF também observou que foram poucas movimentações financeiras na época. Entre 2006 e 2007, Serra recebeu 936 mil euros da Odebrecht em contas na Suíça. Até 2014, só US$ 141 mil foram transferidos entre contas naquele país em 2007, ano não eleitoral.

E não há provas de que o dinheiro tenha sido trazido ao Brasil para uso nas campanhas presidenciais de 2006 e 2010.

A defesa dele só demonstrou ter trazido a quantia em 2014, para sua campanha ao Senado – depois que a Lava Jato já havia sido deflagrada.

Seriam tentativas de transformar corrupção num crime menos grave, na visão do MPF. Um “eufemismo do agente corrupto para disfarçar o real destino da vantagem indevida”, disseram os procuradores.

As informações foram enviadas pelos procuradores da Lava Jato à 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo em complemento à denúncia contra Serra e sua filha Verônica, na sexta (3/7).

Leia trecho do documento:


O senador é acusado de receber R$ 4,5 milhões em propina da Odebrecht, em troca de favorecer a empresa nos contratos do Rodoanel.

O dinheiro foi recebido em contas em nome do lobista José Amaro Pinto Ramos, que depois o depositou em contas no nome de Verônica Serra. Mas Serra seria o beneficiário final, segundo o MPF.

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