A ministra vítima do PT
– O Bastidor
Na escolha da senadora Simone Tebet para o ministério do Planejamento conta mais o processo do que o resultado. Tebet merece o cargo. Mas o tratamento que recebeu do PT desde a eleição passa um sinal ruim para o futuro governo.
Se ela, que fez tanto pela eleição de Lula, ganhou um ministério sem verba e depois de ser sabotada pelo PT durante quase dois meses, quem estará disposto a ajudar o governo? Se esta é a medida da gratidão, atrairá pouca gente. Ingratidão é pecado mortal na política.
Uma volta ao passado recente: Tebet foi uma vencedora no processo eleitoral. Entrou na última hora, fez uma boa campanha, tomou os votos do que havia de disponível entre Lula e Bolsonaro e terminou à frente de Ciro Gomes. Ao contrário dele, Tebet apoiou Lula no segundo turno, fez campanha e foi fundamental na vitória.
O problema começa aí: alguém que foi tão importante para a vitória apertada de Lula sobre Bolsonaro não poderia ter sido vítima do PT. Desde a vitória, o partido mostrou todos os dias que não queria Tebet num cargo vistoso. É um misto de querer apenas para si os lugares com verbas e projeção.
Tebet foi considerada para o Ministério do Desenvolvimento Social, mas perdeu o posto para o petista Wellington Dias, pois o não queria deixá-la com o Bolsa Família. Tentou colocá-la no Meio Ambiente, uma forma de usá-la para se livrar de Marina Silva, outra pessoa fundamental na vitória de Lula. Tebet não topou.
Acabou no Planejamento. Por sua insistência, terá sob sua responsabilidade o Programa de Parcerias e Investimentos, que cuida de parcerias com a iniciativa privada. É um programa que envolve grandes negócios, mas será uma “gestão compartilhada” entre o Planejamento e a Casa Civil, a cargo do petista Rui Costa. Este modelo tem poucos riscos de dar certo. E quem mandará mesmo será o PT.