Estado de Emergência Eleitoral é o penúltimo lance de Bolsonaro





Emergência é algo muito sério. É por isso que os governos sozinhos não podem decretá-lo, só com a anuência do Congresso. O pior da pandemia já passou. O próprio governo comemora a recuperação da economia, a diminuição da taxa de desemprego, e uma deflação anunciada para os próximos meses.

Essas coisas não combinam com Estado de Sítio, Estado de Calamidade Pública ou Estado de Emergência como querem. A não ser que se trate de Estado de Emergência Eleitoral (EEE), quando um governante se vê ameaçado de não renovar seu mandato. Então, ele manda às favas todas as leis para comprar sua eleição.

É o que faz Bolsonaro à vista de todos e com a cumplicidade de todos, inclusive dos que querem vê-lo pelas costas o mais rápido possível. Lula diz que os contemplados pela graça de Bolsonaro devem aceitá-la e depois dar uma banana para ele. Não denuncia que está vindo mais um estelionato eleitoral por aí.

Antigamente, o estelionato se dava após as eleições, quando o eleito que prometera fazer isso e não aquilo, acabava fazendo aquilo. Em 1998, para se reeleger, Fernando Henrique prometeu que não desvalorizaria o Real, mas o fez. Dilma Rousseff, reeleita, promoveu um duro ajuste fiscal que negara que faria.

Em 2018, Bolsonaro venceu garantindo que acabaria com a corrupção e que nem em sonhos se juntaria ao Centrão. Juntou-se no segundo ano do seu governo. Livrou-se do ex-juiz Sérgio Moro, que acreditou em seu discurso anticorrupção. A roubalheira contaminou parte expressiva do seu governo, além dos seus filhos.

Antes de acontecer, as eleições deste ano já chegaram ao fim mesmo faltando 82 dias para o primeiro turno. Restam no picadeiro Lula e Bolsonaro, empenhados em chamar a atenção do distinto público. No desespero para não sair de cena, a PEC de múltiplos nomes será o penúltimo número de Bolsonaro.

Se não render o que ele espera, Bolsonaro tentará apagar as luzes. 

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