Rolará mais uma cabeça nas vizinhanças de Bolsonaro, e ele nada fa

 Ricardo Noblat

 atualizado 

Igo Estrela/Metrópoles
Foto colorida do presidente da República, Jair Bolsonaro, e o advogado Frederick Wassef durante coletiva sobre combustíveis no palácio do planalto -- Metrópoles

O que Frederick Wasseff diz não se escreve. Quando se escreve, não se acredita. O melhor seria ignorá-lo. Não dá porque ele é o advogado da família Bolsonaro. Mais do que advogado, cúmplice: escondeu em sua casa Fabrício Queiroz, o gerente da rachadinha.

Como ignorar, por exemplo, o advogado de Marcola, chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do país? Marcola é mantido isolado na Penitenciária da Papuda, em Brasília. Ele e seu advogado só conversam em código.

Todas as falas são gravadas, mas a polícia não consegue decifrá-las. Não se sabe se Bolsonaro e Wassef só falam em código ou se tocam de ouvido. Não seria estranho. Nas organizações criminosas, é um cuidado corriqueiro. Que Wasseff não teve e se complicou.

Complicou também a vida do ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, preso desde maio último numa das dependências do Exército, e, por extensão, a vida do pai dele, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid.

O que Wasseff contou ontem em entrevista coletiva está aquém do que a Polícia Federal já sabe sobre o roubo de joias do Estado brasileiro para enriquecer Bolsonaro; a venda de parte delas nos Estados Unidos e a recompra quando o crime foi descoberto.

Wasseff, que há dias disse que nada tinha a ver com o caso das joias, agora admite que teve. Estava de férias em Nova Iorque, ouviu falar sobre o assunto, e sem que ninguém pedisse, recomprou por 49 mil dólares o Rolex de Bolsonaro.

Um ato de caridade, por certo. Ou uma demonstração de amor por seu cliente. A manobra para devolver as joias roubadas, se bem-sucedida, livraria o ex-presidente de ser acusado de mais um crime – o da tentativa de obstrução de justiça. Pois é do que se trata.

Bolsonaro poderá até não ser preso pelo roubo, afinal, quando um político poderoso corre tal risco por excesso de provas que o condenam, a justiça dá um deixo para que continue solto. Com base na jurisprudência aqui estabelecida, tem sido assim.

Mas Wasseff não é político, não é poderoso. É apenas um rábula que ganhou fama ao transgredir a lei sempre que Bolsonaro precisou. Ficou rico por essas e outras coisitas. Nem Bolsonaro nem ninguém moverá um dedo para evitar que ele seja preso. 

https://www.metropoles.com/blog-do-noblat/ricardo-noblat/rolara-mais-uma-cabeca-nas-vizinhancas-de-bolsonaro-e-ele-nada-fara 



Postagens mais visitadas deste blog