Num país normal, Lula chamaria seu ministro milionário para uma conversa

 


Josias de Souza - 

Colunista do UOL

26/06/2023 09h22

Alexandre Silveira, o ministro de Minas e Energia, é um sujeito modesto. Político há quase duas décadas, ele se apresenta aos eleitores como ex-policial, servidor público e parlamentar. O repórter Thiago Herdy descobriu que o ministro de Lula esconde atrás da porta de sua modéstia uma evolução patrimonial invejável. Em 2006, quando disputou seu primeiro mandato, ostentava patrimônio de R$ 2,6 milhões, em valores atualizados. Hoje, acumula uma riqueza de mais de R$ 79 milhões.

Ouvido, o ministro atribuiu sua fortuna à atuação como empresário. De duas, uma: ou Alexandre Silveira é um talento empresarial desperdiçado na Esplanada dos Ministérios ou é mais um caso de enriquecimento ilícito mal investigado na política nacional. Nas duas hipóteses, a pasta de Minas e Energia não é local mais adequado para Silveira.

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Num instante em que grandes empresas patinam e a economia brasileira tropeça, Silveira potencializaria ainda mais seu patrimônio cobrando por palestras sobre o caminho da prosperidade. Se o caso for de polícia, Silveira deveria ser acomodado no centro de um inquérito, não na poltrona de ministro do estratégico setor energético.

No Brasil, sempre que um político é pilhado com uma fortuna inusual, costuma alegar que ficou rico graças ao trabalho duro. Nessa hora, é preciso indagar: trabalho de quem?

Num país normal, Lula chamaria o seu ministro milionário para uma conversa. Mas a anormalidade já se incorporou aos hábitos nacionais. A política tornou-se uma seara de poucos espantos. O Brasil já suprimiu dos seus hábitos o ponto de exclamação.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL 

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