Bolsonaro vai para o tudo ou nada contra a Petrobras. - Aumentos de combustíveis e nova pesquisa pressionam o governo, que trata de partir para o ataque


Fernando Molica da CNN

Brasília
20/06/2022

Pressionado pelo novo aumento do diesel e da gasolina e pelas pesquisas eleitorais, Jair Bolsonaro (PL) resolveu tentar ganhar de qualquer maneira o jogo dos combustíveis.

 Botou em campo seus melhores atacantes rompedores – Arthur Lira, Ricardo Barros, Ciro Nogueira -, partiu pro abafa e decidiu lançar bolas na área da Petrobras Futebol Clube, sua nova inimiga de infância.

Sabe aquela hora em que, no momento do último escanteio, o goleiro vai pra área adversária para tentar cabecear a bola? Pois é. 

Ao engrossar o discurso contra a Petrobras, falar em CPI dos combustíveis e forçar a renúncia do terceiro presidente que escolhera para comandar a empresa, Bolsonaro foi pro tudo ou nada – na próxima quinta-feira, o Datafolha divulgará sua nova pesquisa, e o presidente quer ter o que mostrar para se contrapor a uma eventual nova goleada.


A estratégia é arriscada, quem conhece um pouco de futebol e de política sabe como é perigoso partir em bloco para o ataque e deixar a defesa desguarnecida. 

Mas, na avaliação de Bolsonaro, a batalha do diesel e da gasolina é decisiva para se manter vivo na disputa.

Preterido pelos mais pobres, o presidente tem perdido terreno entre a classe média, eleitorado que foi fundamental para sua vitória em 2018 e que sente com muita força a disparada nos preços dos combustíveis. É nessa faixa que se encontram categorias como taxistas, caminhoneiros, motoristas de aplicativos. Há quatro anos, a maioria desses profissionais do volante transformara seus veículos em comitês eleitorais ambulantes do ex-capitão.

No Datafolha de março (que ainda incluiu os nomes de Sérgio Moro e de João Doria), Lula tinha 36% contra 33% de Bolsonaro entre os entrevistados de renda familiar entre dois e cinco salários mínimos – em maio, o petista havia conquistado cinco pontos percentuais neste grupo; o pré-candidato do PL, apenas um ponto (ficou 41% a 34%). Na faixa seguinte, de cinco a dez salários mínimos, Bolsonaro viu cair de onze para cinco pontos a vantagem sobre o petista (38% a 27% em março; 39% a 35% em maio).

Político experiente, hábil na formulação de teses que desviam do Planalto a responsabilidade sobre muitas das mazelas ocorridas em seu governo, o presidente sabe que a ginástica retórica tem limites. Por mais que tenta conseguido direcionar para a Petrobras boa parte da indignação provocada pelos aumentos, Bolsonaro não pode escapar de uma constatação óbvia – ele é o presidente da República, representante do acionista majoritário da empresa e responsável pela indicação de seu presidente.

Consequência direta da Lava Jato, as limitações legais impostas à influência política nas estatais ajudam o presidente a arregimentar a apoio à sua luta.

 Em outros tempos, o PP de Lira, Barros e Nogueira teria mais dificuldades de atacar a Petrobras. 

Foi, afinal, o partido responsável pela indicação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da empresa. 

À Justiça, Costa declarou que propinas obtidas em contratos encheram os tanques do PT, PMDB, PSDB e do próprio PP.

Bolsonaro sabe que não basta disposição para a batalha. Por maior que venha a ser o alinhamento do novo presidente da Petrobras com o Planalto , ele não tem poderes para ir contra a Lei das Estatais nem contra o estatuto da empresa.

 Até seu patrimônio pessoal será comprometido caso consiga, na marra, fazer algo que contraria a lógica administrativa: diminuir o lucro da empresa que irá comandar. 

O mais provável é que Bolsonaro e sua base busquem, no Congresso, aprovar mudanças que penalizem a estatal, eles sabem que mesmo a oposição tem dificuldades de ser contra medidas que tentem diminuir o preço dos combustíveis.

Mas, mesmo assim, o governo enfrentará obstáculos. 

Ainda nesta segunda, a Comissão de Valores Mobiliários abriu processo administrativo para apurar fatos relacionados à Petrobras, como uma movimentação de compra e venda de ações fora do habitual.

 Acionistas minoritários que se sintam lesados também deverão engrossar o coro contra medidas que limitem seus lucros. 

Bolsonaro pode encher o time de atacantes e adotar uma tática suicida, mas não tem como fazer gol com a mão e nem como evitar que a partida acabe no Tapetão.

Debate

CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais. 

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/bolsonaro-vai-para-o-tudo-ou-nada-contra-a-petrobras/

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