Viciado em celular e internet ( NOMOFOBIA )
Dependente de tecnologia até no
banheiro
Marília Medrado e Rebeka
Figueiredo | Arte: Edi Edson
redacao@folhauniversal.com.br
O Brasil tem cerca de 259 milhões de
linhas móveis e um
número cada vez maior de usuários que não sabem viver
longe
de um telefone celular. É como se lhes faltasse um braço.
Médicos
advertem:
A maquiadora e blogueira
Carolina Tsuyami, de
29
anos,
tem um companheiro
inseparável há
2 anos. No trabalho,
na balada, no
trânsito,
na cama e até no banheiro,
o celular não sai de
perto dela.
“Sou
viciada mesmo,
não largo”, confessa,
rindo. Quando o toque do smartphone avisa que é hora
de acordar, ela agarra o
aparelho e, ainda deitada, começa a checar e-mails,
mensagens, blog e redes
sociais. “Resolvo várias coisas no início do dia”, afirma.
O apego ao celular não faz parte apenas da vida de
Carolina.
Pesquisa da Cisco indica que 90% dos brasileiros entre
18 e 30 anos
com smartphone checam o telefone antes
de levantar da cama. A instituição
mapeou 1,8 mil jovens
em 18 países. Estudo da revista Time e da Qualcomm com
5
mil pessoas em oito países mostra que 79% se sentem
incomodadas sem o aparelho.
Entre 29 de junho e 28 de julho,
a Time ouviu usuários de serviços móveis no
Brasil, nos
Estados Unidos, na China, na Índia, na Indonésia, na
Coreia do Sul,
no Reino Unido e na África do Sul.
Dos brasileiros entrevistados, 83% dizem se
sentir
“perdidos”, “nervosos” ou “ansiosos” sem o celular e 74% dormem com
ele perto da cama.
A dependência de telefones móveis e outras
tecnologias foi batizada
de nomofobia (do inglês, no mobile, medo da falta de
celular).
Mas há diferença entre o usuário constante e aquele com dependência
patológica, como explica a psicóloga Sylvia van Enck, do Núcleo de
Dependência
de Internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas de São Paulo.
“É importante observar como a pessoa se
sente sem a tecnologia. Quem tem
nomofobia pode apresentar
taquicardia, pânico, preocupação com o que está
deixando de receber,
queda de rendimento no trabalho e comportamentos
agressivos”, diz.
(descubra qual a sua relação com a tecnologia no fim desta
página)
Os celulares chegaram ao Brasil em 1990, pesavam
cerca de
350 gramas e faziam “apenas” ligações. Hoje, os produtos
mais modernos
reúnem câmera digital, tocador de música,
mensagens
de texto e voz, GPS,
conexão com a internet e telas sensíveis ao toque,
entre outras facilidades. O
País tem cerca de 259 milhões de linhas
móveis
e só em 2012 o número de
smartphones vendidos deve chegar a
16 milhões, segundo a consultoria IDC. Com
tantos atrativos, Sylvia
admite: é difícil encontrar quem não se sinta, no
mínimo,
desconfortável longe do celular.
Carolina Tsuyami nunca desligou seu smartphone e
não
consegue ficar mais de 30 minutos sem dar uma olhadinha no visor.
“Ele já
me salvou de vários apuros, pago contas, troco mensagens com amigos, atualizo o
blog ‘Mentes Desocupadas’. Se vou a um restaurante,
entro no Foursquare (rede
social) para ver dicas de quem já visitou o local.”
Ela gosta de tirar fotos
dos pratos que experimenta e de roupas,
maquiagens e acessórios que usa, além
de não dispensar o telefone
nem no banheiro. “Deixo-o de uma forma que eu
consiga enxergar
dentro do boxe. Dependendo da mensagem, não espero terminar o
banho para ver.” Carolina ainda pensa no visual do produto. Ela
tem dezenas de
capas, que são escolhidas de acordo com o lugar
que vai visitar ou com o humor
dela.
Para a
psicóloga
Ana Luiza Mano, do
Núcleo de Pesquisa
da Psicologia em
Informática da
PUC-SP,
o limite entre o uso
saudável e o prejudicial
não está nas horas
que se
passa conectado às tecnologias, mas na perda de controle
na utilização delas.
“Há sinais que mostram que o seu uso não está
sendo legal, se você não dorme à
noite, bate o carro por causa do
celular ou, ao jantar com os seus amigos, eles
reclamam que você
não desgruda do aparelho. É preciso repensar. ”
Ana Luiza lembra que o uso exagerado do celular e
outras
tecnologias pode expressar sintomas de uma ansiedade que
a pessoa já
tem. Segundo ela, as consequências da compulsão
por tecnologias podem ser
físicas, como dores e lesões, além de
isolamento do trabalho, da escola, da
família e dos amigos.
Após reclamações do namorado e de familiares,
Carolina garante que aprendeu a controlar a relação
com o smartphone. “Depois
que minha irmã bateu o carro,
parei de usar o telefone enquanto dirijo. Quando
estou com amigos,
tento não mexer muito e me preocupo com as dores na mão”,
diz,
certa de que o celular está a seu favor.
número cada vez maior de usuários que não sabem viver
longe de um telefone celular. É como se lhes faltasse um braço.
Médicos advertem:
Carolina Tsuyami, de
29 anos,
tem um companheiro
inseparável há
2 anos. No trabalho,
na balada, no trânsito,
na cama e até no banheiro,
o celular não sai de
perto dela.
“Sou viciada mesmo,
não largo”, confessa, rindo. Quando o toque do smartphone avisa que é hora
de acordar, ela agarra o aparelho e, ainda deitada, começa a checar e-mails,
mensagens, blog e redes sociais. “Resolvo várias coisas no início do dia”, afirma.
Pesquisa da Cisco indica que 90% dos brasileiros entre
18 e 30 anos com smartphone checam o telefone antes
de levantar da cama. A instituição mapeou 1,8 mil jovens
em 18 países. Estudo da revista Time e da Qualcomm com
5 mil pessoas em oito países mostra que 79% se sentem
incomodadas sem o aparelho. Entre 29 de junho e 28 de julho,
a Time ouviu usuários de serviços móveis no Brasil, nos
Estados Unidos, na China, na Índia, na Indonésia, na
Coreia do Sul, no Reino Unido e na África do Sul.
Dos brasileiros entrevistados, 83% dizem se sentir
“perdidos”, “nervosos” ou “ansiosos” sem o celular e 74% dormem com
ele perto da cama.
de nomofobia (do inglês, no mobile, medo da falta de celular).
Mas há diferença entre o usuário constante e aquele com dependência
patológica, como explica a psicóloga Sylvia van Enck, do Núcleo de
Dependência de Internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas de São Paulo. “É importante observar como a pessoa se
sente sem a tecnologia. Quem tem nomofobia pode apresentar
taquicardia, pânico, preocupação com o que está deixando de receber,
queda de rendimento no trabalho e comportamentos agressivos”, diz.
(descubra qual a sua relação com a tecnologia no fim desta página)
Os celulares chegaram ao Brasil em 1990, pesavam
cerca de
350 gramas e faziam “apenas” ligações. Hoje, os produtos
mais modernos
reúnem câmera digital, tocador de música,
mensagens
de texto e voz, GPS,
conexão com a internet e telas sensíveis ao toque,
entre outras facilidades. O
País tem cerca de 259 milhões de linhas
móveis
e só em 2012 o número de
smartphones vendidos deve chegar a
16 milhões, segundo a consultoria IDC. Com
tantos atrativos, Sylvia
admite: é difícil encontrar quem não se sinta, no
mínimo,
desconfortável longe do celular.
Carolina Tsuyami nunca desligou seu smartphone e
não
consegue ficar mais de 30 minutos sem dar uma olhadinha no visor.
“Ele já
me salvou de vários apuros, pago contas, troco mensagens com amigos, atualizo o
blog ‘Mentes Desocupadas’. Se vou a um restaurante,
entro no Foursquare (rede
social) para ver dicas de quem já visitou o local.”
Ela gosta de tirar fotos
dos pratos que experimenta e de roupas,
maquiagens e acessórios que usa, além
de não dispensar o telefone
nem no banheiro. “Deixo-o de uma forma que eu
consiga enxergar
dentro do boxe. Dependendo da mensagem, não espero terminar o
banho para ver.” Carolina ainda pensa no visual do produto. Ela
tem dezenas de
capas, que são escolhidas de acordo com o lugar
que vai visitar ou com o humor
dela.
Ana Luiza Mano, do
Núcleo de Pesquisa
da Psicologia em
Informática da PUC-SP,
o limite entre o uso
saudável e o prejudicial
não está nas horas
que se passa conectado às tecnologias, mas na perda de controle
na utilização delas. “Há sinais que mostram que o seu uso não está
sendo legal, se você não dorme à noite, bate o carro por causa do
celular ou, ao jantar com os seus amigos, eles reclamam que você
não desgruda do aparelho. É preciso repensar. ”
Ana Luiza lembra que o uso exagerado do celular e
outras
tecnologias pode expressar sintomas de uma ansiedade que
a pessoa já
tem. Segundo ela, as consequências da compulsão
por tecnologias podem ser
físicas, como dores e lesões, além de
isolamento do trabalho, da escola, da
família e dos amigos.
Após reclamações do namorado e de familiares,
Carolina garante que aprendeu a controlar a relação
com o smartphone. “Depois
que minha irmã bateu o carro,
parei de usar o telefone enquanto dirijo. Quando
estou com amigos,
tento não mexer muito e me preocupo com as dores na mão”,
diz,
certa de que o celular está a seu favor.