Os juros brasileiros são imorais - Juros menores levam à negociação


MARA FLÔRES

Depois de anos de reivindicações, as instituições bancárias, impulsionadas principalmente pelos bancos públicos, deram início a um processo para redução das taxas de juros, o que abre possibilidade de linhas de financiamento para capital de giro e mesmo renegociações de dívidas. 

As diferenças entre as taxas que eram praticadas e as que passaram a vigorar nos últimos dias chegam a até 80% em algumas operações e movimentam todos os setores da economia, numa situação classificada por muitos como inédita. 

Para empresários e economistas, a medida ainda não é suficiente, por exemplo, para resolver os problemas de competitividade, mas abrem caminho para o aumento da renda e do emprego.

"Os juros brasileiros são imorais. Não há, no mundo, taxa de juro real tão alta como a brasileira. 

Portanto, a redução das taxas de juros é fundamental para induzir investimentos e, por consequência, aumentar a renda do País", ressalta o economista Eduardo Caldas.

 "O que está por trás do debate sobre a redução de taxas é a apropriação da renda. 

Com juros altos, a apropriação da renda é feita pelo setor financeiro. Com juros mais baixos, parte da renda passa a ser apropriada pelo setor empresarial produtivo.

 Em decorrência do aquecimento no setor industrial, há - com o tempo e não imediatamente - aumento do emprego", acrescenta. 

O diretor regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Werner Ludwig Stripecke, concorda.

 "O acesso facilitado ao crédito consequentemente aquece a economia. Mas essa redução dos juros não é a solução milagrosa para o difícil momento pelo qual a indústria brasileira passa. 

Os juros são apenas a ponta do iceberg. Resta, ainda, toda a questão tributária, de infraestrutura e de energia, por exemplo. Esse foi o primeiro passo de uma longa jornada e temos que admitir que o cenário é inédito", ressalta.

A redução dos juros foi também o tema de um evento promovido ontem pela Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC) e a superintendência da Caixa Econômica Federal (CEF) justamente para esclarecer e orientar comerciantes e microempresários.

 "A redução dos juros abre as possibilidades para os investimentos à medida que oferece taxas mais baixas tanto para empréstimos já tomados, e que podem ser renegociados, como para novas linhas de capital de giro", afirma Tânia Fukusen Varjão, presidente da ACMC e economista. 

"No entanto, é preciso procurar por produtos reais e efetivos junto aos bancos e, principalmente, saber como gerir os financiamentos. Isso é fundamental para que o empréstimo seja realmente uma ferramenta para o crescimento de um negócio. 

Sabemos que um empréstimo bem feito ajuda a alavancar um empreendimento, mas se for o contrário, pode colocar em risco o negócio", pondera Tânia.

Esse aspecto também foi explorado pelo superintendente da CEF, Cristiano Mendonça Ferraz Luz, que detalhou aos empreendedores de Mogi o programa lançado pela instituição para reestruturação financeira e aumento da capacidade de investimento das pessoas físicas e jurídicas. 

"Tivemos o cuidado de reduzir os juros nas linhas de crédito que são realmente as mais utilizadas pelos clientes para que eles possam se capitalizar".

No caso da Caixa, algumas linhas de crédito tiveram reduções de até 80% nas taxas de juros e os prazos de amortização foram ampliados, assim como os valores disponíveis. 

Para capital de giro, o financiamento agora poderá alcançar até R$ 1 milhão. "Essa linha deverá beneficiar 250 mil empresas no Brasil, a maioria micro, pequenas e médias empresas", ressalta o superintendente.

A redução de juros também foi aprovada por Miguel Eduardo de Faria, que tem uma empresa de transporte por motoboys na Cidade. Há pouco tempo, ele fez um empréstimo com 2,72% de juros para capital de giro. 

Agora, essa taxa caiu pela metade e o empreendedor já foi avisado de que poderá renegociar a sua dívida para pagar uma prestação menor e, além disso, poderá quitar o débito num tempo maior. 

"Vamos supor que hoje eu pague R$ 5 mil por mês. Com a renegociação, vou poder pagar R$ 3 mil e ter uma folga para fazer investimentos", comemora. 

"Mas não podemos esquecer que o Brasil ainda tem uma das taxas de juros mais elevadas do mundo e os bancos continuam sendo os maiores ganhadores. 

Além disso, se agora vou conseguir uma redução de 50% na prestação, isso significa que os bancos sempre tomaram 50% a mais da população", acrescenta.

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