Enel compra 70% da Eletropaulo por R$ 5,5 bi e vira líder em distribuição de energia no Brasil Preço de R$ 45,22 por ação já havia sido definido no último dia 30, mas a transação só foi concluída nesta segunda-feira (4).
 
 A italiana Enel se tornou líder em distribuição de energia no Brasil ao 
fechar a compra de 73% da Eletropaulo por R$ 5,552 bilhões. 
Ao todo, 
foram negociadas 122,7 milhões de ações em oferta pública realizada 
nesta segunda-feira (4) em leilão na bolsa de valores (B3). O preço por 
ação, de R$ R$ 45,22, foi definido na quarta-feira (30). 
 A Eletropaulo tem 167,3 milhões de ações em circulação. Se todos os 
acionistas tivessem optado por vender seus papéis à companhia italiana, o
 custo da operação seria de R$ 7,56 bilhões. 
 Com a transação, a Enel ainda se comprometeu a fazer um aumento de 
capital na distribuidora paulista de pelo menos R$ 1,5 bilhão. 
 Para assumir o controle da Eletropaulo, a companhia italiana ofereceu um valor por ação maior do que o oferecido pela Neoenergia (R$ 39,53). 
 O tamanho da Enel e da Eletropaulo em número de clientes, energia distribuída e receita (Foto: Claudia Peixoto/Arte G1) Ganho de escala e liderança de mercado
 Com a compra do controle da Eletropaulo, a Enel passa a ser líder em 
distribuição de energia e adiciona 7 milhões de consumidores à base de 
clientes da Enel no Brasil, que alcança17 milhões, "acelerando sua 
trajetória de crescimento nas maiores áreas metropolitanas do mundo", 
conforme disse a companhia em nota. 
 A briga pela distribuidora, responsável por levar energia a São Paulo e
 outras 23 cidades da região metropolitana, foi acirrada, com direito a 
interferência de autoridades na negociação e críticas públicas entre as 
possíveis compradoras. 
 O grande interesse na transação se deveu à possibilidade de controlar a
 companhia, até então de capital pulverizado, e a vantagens operacionais
 por conta do tamanho, da região abastecida e do perfil do consumidor 
atendido por ela, segundo especialistas ouvidos pelo G1. 
 Antes do leilão, a maior parte dos papéis (49,58%) da Eletropaulo 
estava na mão de pequenos investidores e podia circular na bolsa. 
Seus 
maiores acionistas individuais eram o braço de participações do Banco 
Nacional de Desenvolvimento Social (BNDESPar) e o grupo AES, que 
detinham 18,73% e 16,84% das ações, respectivamente. 
A União Federal 
tinha outros 7,97%, investidores qualificados tinham outros 5,05% e 
1,83% estavam na tesouraria da empresa. 
 Desde que as ofertas pela empresa começaram em março até a definição do
 comprador, o valor de mercado da companhia aumentou de cerca de R$ 3 
bilhões para R$ 5,5 bilhões, segundo dados da Economatica. 
A briga
 A disputa pela Eletropaulo começou em março, quando a brasileira 
Energisa fez uma oferta de R$ 19,38 por cada ação da empresa. A 
investida veio depois de uma proposta da italiana Enel para comprar a 
participação da americana AES no negócio, de valor desconhecido. 
 Depois disso, a Neoenergia, do grupo espanhol Iberdrola, também entrou 
na concorrência e passou a brigar com a Enel pelo negócio lance a lance.
 Diante dos preços agressivos dados pelas rivais, a Energisa acabou 
desistindo e retirou sua oferta.
 A Neoenergia até chegou fechar um acordo para ficar com novas ações que
 seriam emitidas pela Eletropaulo, mas a emissão dos papéis foi suspensa
 diante de proposta mais alta da Enel. 
Sem se dar por vencida, a 
espanhola pediu arbitragem no mercado brasileiro para apurar o 
cancelamento. 
 No meio do processo, a Neoenergia até chegou fechar um acordo para ficar com novas ações que seriam emitidas pela Eletropaulo, mas a emissão dos papéis foi suspensa diante de proposta mais alta da Enel. 
Sem se dar por vencida, a espanhola pediu arbitragem no mercado brasileiro para apurar o cancelamento. 
 O duelo entre as duas empresas chegou até mesmo a autoridades da União 
Europeia. A Neoenergia alegou que a rival teria vantagem no negócio por 
ter controle estatal e a Enel se defendeu dizendo que as queixas não 
tinham substância e visavam atrapalhar uma concorrência justa. 
 A disputa também gerou críticas públicas entre as companhias. A Enel 
comprou anúncios em jornais para questionar um acordo anterior assinado 
entre a empresa e a Neoenergia, enquanto o presidente da Neoenergia, 
Mario Ruiz-Tagle, ainda disse em entrevista à Reuters que o Brasil 
precisa ter cuidado para não acabar com seu setor elétrico dominado por 
"estatais estrangeiras". 
 Mas na semana passada, em entrevista à rede televisiva CNBC, o 
presidente da Enel, Francesco Starace, colocou panos quentes sobre a 
rivalidade e disse estar surpreso com a "agressividade" envolvida na 
concorrência. 
 //g1.globo.com/economia/noticia/enel-vai-ter-de-desembolsar-r-55-bi-para-comprar-eletropaulo.ghtml