Em um mês, pré-candidatos arrecadam pelo menos R$ 1,7 milhão com 'vaquinha virtual'

Dentre os presidenciáveis, Lula lidera com mais de R$ 265 mil recolhidos. A falta de transparência, no entanto, dificulta a análise dos dados. O TSE habilitou 46 empresas para receber as contribuições, mas praticamente a metade delas ainda não divulga todas as informações exigidas pela Justiça.

Por Gabriela Echenique e Felipe Igreja

Novidade nessas eleições, as vaquinhas virtuais acumulam no primeiro mês cerca de R$ 1,7 milhão em doações, o que representa 0,1% do fundo eleitoral público destinado à campanha neste ano. O valor, no entanto, pode ser bem maior, porque praticamente a metade das plataformas que recolhem o dinheiro dos doadores não está divulgando todas as informações exigidas pela Justiça Eleitoral.

Pelas informações que já estão disponíveis, é possível verificar que o ex-presidente Lula é o campeão de arrecadação, com R$ 265 mil

 

Depois de Lula, vem João Amôedo, do NOVO, com R$ 225 mil recolhidos. Dentre os presidenciáveis, seguem Manoela Dávila, do PCdoB, e Ciro Gomes, do PDT, que receberam cerca de R$ 37 mil cada um.

Responsável pela campanha de Lula, Antônio de Andrade, da empresa 'Um a Mais', avalia que o valor geral das doações ainda é baixo e o desempenho do petista reforça que é preciso mais do que um site de arrecadação para ter sucesso. O histórico e o engajamento da militância fazem diferença.

'Se você pensar que todo mundo tem que fazer financiamento coletivo porque é a única maneira de se arrecadar, fora o fundo partidário, é um número bem baixo de adesão. A gente fica um pouco preocupado com essa regulamentação, que é um pouco superficial e, ao mesmo tempo, credenciou todo tipo de empresa, como a gente está vendo, mas o mercado vai separando o joio do trigo para trabalhar com quem está entregando um serviço mais sólido.'

Um levantamento da CBN aponta que, até agora, 1.500 pré candidatos contrataram o serviço de doação pela internet

Mas a falta de transparência dificulta a pesquisa. Dos 46 sites habilitados pelo TSE até o momento, 21 não informam sequer os nomes dos pré-candidatos. 

Alguns afirmam já ter recebido depósitos, mas não divulgam o nome completo do doador, o CPF e o valor doado. Existem ainda empresas de TI e de criptomoedas que foram credenciadas pelo TSE, mas até agora não divulgaram nenhum dado.

A Corte eleitoral afirma que, no período de pré-campanha, não pode punir os sites ou os pré-candidatos por falta de transparência. É o que explica Thiago Bergmann, da assessoria de contas eleitorais e partidárias do TSE.

'Isso é uma questão, até para a gente respeitar a autonomia dos candidatos, olha, é esse tipo de empresa que ele deveria estar contratando? Então, até respeitando essa autonomia de transparência, que a ideia é que nessa fase, óbvio, se ele está querendo vender uma imagem de um bom candidato, a plataforma que está fomentando a arrecadação dele também deveria ter essas regras. O que a gente tem estabelecido é que uma vez que a candidatura se materialize, o dinheiro vai ser repassado aos candidatos. Nesse momento vai ser criada a obrigação de encaminhar as informações, e aí sim vai ser repassada diariamente ao TSE.'

O dinheiro arrecadado pela vaquinha virtual só será repassado depois da confirmação da candidatura, em agosto. Se a pré-candidatura não se confirmar, o doador vai ter que receber o dinheiro de volta

Este pode ser o caso do ex-presidente Lula. Como ele está enquadrado na lei da ficha limpa, não deve conseguir o registro e os recursos terão que ser devolvidos. 


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