Brasil perdeu 1,3 milhão de empregos na indústria entre 2013 e 2016
A crise econômica em 2014, 2015 e 2016 levou a indústria brasileira
ao menor número de empregados desde 2007.
No fim de 2016, o setor
empregava 7,7 milhões de pessoas – 1,3 milhão a menos que o pico
atingido em 2013, quando mais de 9 milhões de pessoas trabalhavam nas
indústrias do país.
Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Anual Empresa (PIA
Empresa), que foi divulgada hoje (21) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia Estatística (IBGE).
Para o gerente da pesquisa, Jurandir Oliveira, os resultados mostram
uma queda substancial no emprego em 2016.
A retração anual foi a
terceira consecutiva no número de vagas e teve uma intensidade menor que
a de 2015.
Depois do pico atingido em 2013, o Brasil perdeu 2,55% das
vagas em 2014, em relação a 2013; 7,46% em 2015/2014; e 4,92% em
2016/2015. Se comparado a 2013, 2016 soma uma queda de 14,3%.
Em números absolutos, a atividade industrial que mais fechou vagas
foi a fabricação de produtos minerais não metálicos.
A perda de 56,5 mil
vagas foi influenciada pela queda da demanda do setor de construção
civil, também relacionada à crise econômica, explica Jurandir Oliveira.
Em números relativos, no entanto, a pesquisa informa que a indústria
naval teve uma queda de 49% do pessoal ocupado em apenas dois anos.
O
setor tinha 61,5 mil vagas em 2014 e fechou 2016 com 31,5 mil. Grande
parte dessa queda ocorreu no estado do Rio de Janeiro, onde 23 mil vagas
foram fechadas, e o contingente de 31 mil trabalhadores caiu para
apenas 8 mil.
"O pessoal ocupado hoje representa 26% do que tínhamos em 2014. É
pouco mais de um quarto do que foi medido em 2014", disse Jurandir, que
acrescentou dados sobre o valor gerado pelo setor. "A produção de 2016 é
29% da produção de 2014. É uma queda de pouco mais de 70% na produção".
A atividade da indústria com o maior número de empregados em 2016
continuou sendo a Fabricação de Produtos Alimentícios, que tinha 1,7
milhão de postos de trabalho em 2016, após um crescimento de 0,75% sobre
2015.
A indústria de alimentos responde por 22% das vagas da indústria,
e, segundo Jurandir Oliveira, é mais resistente a condições econômicas
desfavoráveis.
"A indústria de alimentos sofre uma influência muito grande do
próprio crescimento da população. Esse setor é mais resistente porque a
demanda é sempre crescente independentemente até das condições mais
econômicas. Ela cresce quase que vegetativamente".
Em termos de valor produzido pela indústria, a fabricação de produtos
alimentícios é a que mais agrega à economia na maior parte dos estados,
incluindo São Paulo, onde responde por 18,2% do total. Somente no Rio
de Janeiro, Espírito Santo e Pernambuco essa atividade não está entre as
três mais importantes da indústria.
Menos empresas e investimentos
Outro dado que mostra a crise no setor é a queda no número de
empresas, que chegou a 323,3 mil, depois de quatro anos seguidos de
retração. Em 2013, o Brasil tinha 334,9 mil empresas ativas na
indústria.
Entre 2015 e 2016, a redução do número de indústrias de extração de
minerais não metálicos chegou a mais de um quinto (21,02%).
Por outro
lado, as indústrias de manutenção, reparação e instalação de máquinas e
equipamentos tiveram um aumento percentual de 13,62% no número de
empresas ativas.
Os dados gerais também mostram queda nos investimentos, que recuaram
de R$ 193,3 bilhões em 2015 para R$ 185,9 bilhões em 2016. Dois anos
antes, em 2014, a indústria brasileira investiu R$ 245,9 bilhões.
Para o ano de 2017, Jurandir explica que a expectativa dos
pesquisadores é que os resultados da pesquisa acompanhem os números da
economia.
No ano passado, o PIB interrompeu a trajetória de queda e
cresceu 1%, mas o crescimento foi puxado pelo crescimento de 13% na
agropecuária, que teve uma safra recorde. A indústria ficou estável, sem
crescimento ou queda no valor que adiciona à economia.
"A tendência é que a pesquisa de 2017 vá refletir o que a conjuntura
já demonstrou, tanto para o lado do PIB quanto as estatísticas setoriais
da indústria que nós divulgamos mensalmente".
Por
Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
Edição: Lílian Beraldo