Delegações deixam plenário da ONU em protesto antes do discurso de Netanyahu - Manifestação ocupa Times Square rumo à ONU pedindo prisão de Netanyahu e sanções a Israel
Delegações deixam plenário da ONU em protesto antes do discurso de Netanyahu
O discurso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Assembleia Geral da ONU, nesta sexta-feira (26), foi precedido por um gesto de protesto: diversas delegações, inclusive a do Brasil, abandonaram o salão antes mesmo de sua fala.
O movimento evidenciou o isolamento crescente de Israel, em um encontro diplomático no qual a guerra em Gaza dominou os debates ao longo da semana.
A ausência de representantes de vários países ocorreu em um momento em que a pressão internacional se intensifica para que seja firmado um cessar-fogo, após quase dois anos de conflito no enclave palestino.
Israel tem sido alvo de críticas crescentes por adotar uma estratégia militar considerada de linha-dura e por restringir alternativas políticas para uma solução negociada.
Nas vésperas da Assembleia, países como Austrália, Canadá, França, Reino Unido e Portugal anunciaram o reconhecimento do Estado palestino, gesto que ampliou o contraste com a posição israelense.
No mesmo plenário, líderes de diferentes nações citaram repetidamente a guerra em Gaza.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, acusou Israel de cometer um genocídio “monitorado e documentado” e criticou a expansão de assentamentos.
Em maio, o governo de Netanyahu aprovou o maior avanço em décadas na construção de assentamentos na Cisjordânia e, recentemente, anunciou o controverso plano E1, que prevê 3.400 novas unidades habitacionais em uma área que separaria Jerusalém Oriental do restante do território palestino.
Paralelamente, autoridades israelenses admitem planos de ocupação permanente da Faixa de Gaza — ideia já apoiada publicamente pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Netanyahu discursa na ONU. Foto: AFP
Estadunidenses e europeus na mesma página
A iniciativa de anexar por completo a Cisjordânia, no entanto, encontrou resistência até entre aliados próximos.
Trump afirmou nesta semana que não permitirá, posição reiterada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que tinha dito que europeus e estadunidenses estavam “na mesma página” sobre a rejeição à ocupação do território palestino mais ao norte, e alertou para riscos de rompimento dos Acordos de Abraão, fundamentais para a aproximação entre Israel e países árabes como os Emirados.
— [Qualquer tentativa de anexar a Cisjordânia] seria o fim dos Acordos de Abraão, que foi uma das histórias de sucesso do primeiro governo Trump. Os Emirados Árabes Unidos foram muito claros sobre isso. Acho que é um limite para os EUA — disse Macron, na quarta-feira.
Posicionamento de Netanyahu
Antes de viajar a Nova York, Netanyahu havia antecipado que usaria seu discurso para atacar os líderes que reconheceram o Estado palestino, prometendo apresentar a “verdade de Israel” e acusando o Hamas de crimes brutais. Enquanto isso, no terreno, as operações militares continuam em ritmo intenso: o Exército israelense afirmou ter atingido mais de dois mil alvos em Gaza nesta fase da ofensiva, forçando a fuga de cerca de 700 mil palestinos da Cidade de Gaza.
Segundo a imprensa israelense, o gabinete de Netanyahu chegou a ordenar que seu discurso fosse transmitido em alto-falantes no próprio território de Gaza. A ideia, porém, foi considerada “delirante” por ao menos uma fonte militar.
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