Dólar está em queda, após intervenção reforçada do Banco Central - Por volta da 10h50, a cotação estava em R$ 3,70, com queda de 0,99%
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Dolar-Moeda estrangeira/Marcello Casal jr/Agência Brasil |
O dólar comercial opera em queda na manhã de hoje (21), com o reforço na oferta de swap cambial, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, pelo Banco Central (BC).
Por volta das 10h50, a moeda estava cotada a R$ 3,70, com queda de 0,99%. O BC anunciou oferta adicional de swaps na última sexta-feira (18), após o sexto pregão consecutivo de alta da moeda americana. Na sexta-feira, o dólar fechou o dia valendo R$ 3,74, com aumento de 1,04% em relação ao dia anterior.
O Banco Central anunciou a oferta adicional de 15 mil contratos, em
leilão realizado. Todos os contratos foram aceitos para o vencimento do
dia 2 de julho de 2018. O BC informou ainda que continuará a fazer a
renovação (rolagem) dos contratos que vencem dia 1º de junho. A medida já vinha sendo adotada ao longo da última semana, quando o dólar acumulou alta de 3,85% em relação ao ao real.
Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a alta do dólar nos últimos dias está relacionada a uma combinação de fatores internacionais e preocupações domésticas, principalmente o cenário eleitoral.
Com a economia em crescimento
além do esperado e o desemprego em baixa, os Estados Unidos devem
experimentar uma inflação acima da média dos últimos anos, obrigando o
Banco Central daquele país a aumentar taxa básica de juros para moderar
os efeitos de uma pressão maior sobre os preços, como costuma ocorrer no
Brasil quando a inflação cresce. Atualmente, a taxa de juros dos
Estados Unidos está na faixa de 1,5% a 1,7% ao ano, mas o Federal
Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, deve promover ainda mais
duas elevações do índice até o fim do ano.
Com taxas de juros mais altas nos Estados Unidos, investidores com
capital aplicado em países emergentes, como o Brasil, podem retirar
recursos desses locais e investir em títulos do Tesouro americano, os treasures, considerados os papéis mais seguros do mundo. Este é um dos efeitos que fazem com que o dólar se valorize em relação ao real.
Swaps cambiais
Quando há momentos de fortes oscilações (volatilidade) no mercado de câmbio, como atualmente, o BC intervém no mercado. O swap
(troca, em inglês) cambial é um derivativo financeiro (contratos com
variação em função do preço de outro ativo).
Nesse tipo de contrato, o
BC se compromete a pagar ao detentor do swap a variação do
dólar, acrescida de uma taxa de juros (cupom cambial), e a receber, em
troca, a variação da taxa básica de juros, a Selic, acumulada no período
do contrato. Assim, quem vende esse contrato fica protegido caso a
cotação do dólar aumente, mas tem de pagar a variação da taxa Selic ao
Banco Central.
Assim, as empresas se protegem de uma variação excessiva da alta da
moeda americana e há aumento da liquidez no mercado, com injeção de
dólares no mercado futuro.
De acordo com dados da última sexta-feira (18), o estoque de contratos de swaps estavam em US$ 24,798 bilhões. Desses, US$ 5,650 bilhões vencem no dia 1º de junho deste ano.
Em 2017, esse estoque era menor – encerrou o ano em US$ 23,8 bilhões.
Em 2016, o estoque era de US$ 26,6 bilhões e no final de 2015, de US$
108,1 bilhões.
A perspectiva de aumento da taxa de juros americano ocorre desde
2013. A partir de junho daquele ano, grandes empresas brasileiras
captaram recursos externos, o que gerou a necessidade de hedge (proteção)
. Segundo o BC, no intuito de oferecer estabilidade financeira e
econômica, a autoridade monetária optou por oferecer essa proteção via swaps, atendendo à demanda do mercado.
*Colaborou Pedro Rafael Vilela
Edição: Juliana Andrade
Por Kelly Oliveira - Repórter da Agência Brasil*