Diretora de Inteligência do Ministério da Justiça agiu na eleição para favorecer Bolsonaro
Diretora de Inteligência do Ministério da Justiça agiu na eleição para favorecer Bolsonaro
Em mensagens, Marília Ferreira de Alencar mostrava seu engajamento em favor do ex-presidente
22/01/2025 | 09h48
A Polícia Federal indiciou Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e outros quatro delegados da própria PF, que estava cedidos ao Ministério da Justiça (MJ) durante o governo Bolsonaro, na conclusão do inquérito do uso da PRF para tentar impedir que eleitores chegassem às zona eleitorais para a votação segundo turno da eleição de 2022.
A PF descobriu nos celulares dos delegados da PF um grupo de mensagens nos quais eles, ao mesmo tempo em que faziam um planejamento operacional para a PF no dia da eleição, também falavam abertamente em tom de campanha a Bolsonaro. O objetivo, segundo os investigadores, era que a PF atuasse em parceria com a PRF para atrapalhar as zonas eleitorais onde se esperavam mais votos para a chapa petista.
A então diretora de inteligência, Marília Ferreira de Alencar chegou a escrever no grupo mensagens dizendo que “só desisto no dia 30/10, 22h”.
Em outra conversa por aplicativo, ela diz: “belford roxo o prefeito é vermelho precisa reforçar pf”. E em seguida: “menos 25.000 votos no 9” (seria uma referência a Lula, que era chamado no grupo por “Nine”, pelo fato de ter apenas nove dedos). Marília escreveu ainda as frases “agora vai ser por pouquíssimo pra qualquer lado” e “por isso tão importante prf ir pras ruas e pf tb”.
Além dos delegados da própria PF, a Polícia Federal indiciou quatro ex-diretores e coordenadores da Polícia Rodoviária Federal por envolvimento em crimes relacionados às tentativas de impedir o trânsito de eleitores nas eleições de 2022, como informou o repórter Aguirre Talento no UOL.
O relatório da PF identificou crimes cometidos por subordinados do ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques, durante o planejamento e a execução dos trabalhos dos policiais rodoviários nesse período.
A investigação apontou que diretores e coordenadores de inteligência do órgão atuaram de forma ilegal, montando blitz e barreiras policiais em estradas no interior do Nordeste de forma a tentar impedir eleitores de votar no segundo turno das eleições em 30 de outubro de 2022.
De acordo com a PF, o planejamento foi montado sem justificativa técnica apenas para tentar dificultar o voto no candidato do PT, Lula.
Juliana Dal Piva
Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.
https://iclnoticias.com.br/diretora-inteligencia-agia-favorecer-bolsonaro/