Brasil 'precisa de nós' e ameaça com tarifas contra Brics


Brasil 'precisa de nós' e ameaça com tarifas contra Brics

Jamil Chade
Colunista do UOL, em Nova York
Donald Trump é empossado como 47º presidente dos Estados Unidos enquanto Melania Trump segura a Bíblia
Donald Trump é empossado como 47º presidente dos Estados Unidos enquanto Melania Trump segura a Bíblia Imagem: Morry Gash / AFP

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que espera ter uma "grande relação" com o Brasil. Mas deixou claro que se o Brics for adiante com a ideia de reduzir o papel do dólar no comércio, os países do bloco sofrerão tarifas de 100% contra seus produtos para entrar no mercado americano.

Perguntado no Salão Oval sobre a relação com o Brasil, o novo presidente insistiu em alertar que são os brasileiros que precisam da economia americana. "Eles precisam de nós. Nós não precisamos deles. Todos precisam de nós", disse.

O foco de Trump, ao falar com jornalistas, foi o plano do Brics de usar moedas locais para o comércio. "Não há como fazer isso, Vão desistir", garantiu. Neste ano, o Brasil preside o grupo de países emergentes. A facilitação dos fluxos de exportação é uma das prioridades, com planos para avançar no uso de moedas locais para os intercâmbios. Para os republicanos, isso ameaça o papel do dólar no mundo.

O americano mostrou desconhecimento do Brics, dizendo que o bloco teria "uns seis ou sete países". Hoje, o grupo conta com dez países.

Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou que não quer uma disputa com os EUA.

"Tem gente que fala que a eleição do Trump pode causar problema na democracia mundial", disse o brasileiro. "O Trump foi eleito para governar os Estados Unidos e eu, como presidente do Brasil, torço para que ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore e para que os EUA continuem a ser o parceiro histórico que é do Brasil", afirmou Lula em discurso de abertura na primeira reunião ministerial deste ano.


"Da nossa parte, não queremos briga, nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com a China, nem com a Índia, nem com a Rússia. Nós queremos paz, harmonia, ter uma relação onde a diplomacia seja a coisa mais importante, não a desavença, não a encrenca", completou.

Cuba e Venezuela

Trump ainda assinou um decreto recolocando Cuba na lista dos países que patrocinam o terrorismo. Joe Biden, nos últimos dias de seu governo, havia retirado Havana da classificação. Isso suavizaria as sanções contra a ilha. Mas o republicano, poucas horas depois de assumir o governo, desfez a iniciativa do democrata.


Trump também indicou que vai ser duro contra a Venezuela e que deixará de comprar petróleo do país sul-americano. Em 2023 e 2024, por conta de um acordo para permitir a eleição em Caracas, algumas das sanções foram retiradas no comércio entre os dois países. O resultado foi a volta das exportações venezuelanas de petróleo para os EUA.

"Vamos parar de comprar. Não precisamos", completou.

Reportagem

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https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2025/01/20/trump-brasil-precisa-de-nos-e-ameaca-com-tarifas-contra-brics.htm

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