“O Poder Judiciário se faz respeitar”
Por Raony Salvador
Escrito POLÍTICA 22/11/2025 · 08:51 hs
Kakay sobre prisão de Bolsonaro: “O Poder Judiciário se faz respeitar”
Criminalista afirma, em entrevista à Fórum, que Bolsonaro ultrapassou os limites impostos pelo STF, descumpriu decisões anteriores e obrigou o Judiciário a agir com firmeza para evitar novas violações
O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, em entrevista à Fórum, avaliou a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, decretada neste sábado (22), como um movimento esperado diante do histórico de descumprimento de decisões judiciais por parte do ex-presidente. Para o advogado, a decisão de Alexandre de Moraes se apoia em elementos concretos do inquérito em que Bolsonaro é investigado ao lado do deputado Eduardo Bolsonaro e de auxiliares já presos.
Segundo Kakay, a prisão ocorre em um momento decisivo do processo. Ele explicou que “a prisão se deu naquele inquérito onde ele está sendo investigado juntamente com o Eduardo e onde está a prisão do auxiliar e uma série de outras medidas cautelares”. Para o advogado, a atuação de Bolsonaro acabou ultrapassando os limites impostos pelo Supremo. “É muito grave descumprir uma ordem de qualquer juiz, de Judiciário, mas ainda de um ministro do Supremo”, afirmou.
O criminalista destacou que a postura do ex-presidente deixa claro o motivo da intervenção do STF a poucos dias do trânsito em julgado. “Nesta altura, sabendo que segunda-feira ocorre o trânsito de julgado, fazendo a prisão preventiva num outro inquérito, é porque realmente o presidente Bolsonaro deve ter desdenhado de uma ordem do Supremo Federal.”
“O Poder Judiciário se faz respeitar”
Kakay lembrou que o ministro Alexandre de Moraes adotou uma postura moderada em momentos anteriores, mas que a escalada recente obrigou uma reação mais firme. “No primeiro momento, a prisão preventiva, o ministro Alexandre foi bastante moderado, bastante cauteloso ao decretar a domiciliar, porque naquele momento em que foi preso a domiciliar, ele havia descumprido decisões do Supremo.”
Agora, argumenta o advogado, o cenário é outro. Ele criticou o movimento de parlamentares e aliados que foram ao encontro de Bolsonaro em Brasília. Para Kakay, o gesto se afasta da solidariedade institucional e passa a configurar pressão política. “Nessa cena incrível que está acontecendo, os companheiros indo para lá a todo momento, ‘presuntos’, partidos, senadores, deputados, ministros, para poder fazer uma certa pressão. Não é uma visita de solidariedade, muito mais do que isso, é uma visita política.”
O advogado citou ainda o caso da ex-presidente argentina Cristina Kirchner, cujas condições de prisão domiciliar foram alteradas após episódios semelhantes. “Na Argentina agora, a ex-presidente Cristina Kirchner teve aí as suas condições livres ao domiciliar modificadas exatamente por causa disso.”
Para Kakay, a decisão desta sexta-feira reflete a necessidade de preservação da autoridade judicial diante da possibilidade de que novas violações ocorressem antes da conclusão do processo. “É claro poder sim dizer que segunda-feira já vai ocorrer o trânsito em julgado e ele estará apto a cumprir pena definitiva no processo de tentativa. Mas às vezes segunda-feira fosse tarde, né? Eu acho que o Poder Judiciário se faz respeitar e isso é muito positivo para a democracia.”
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