Plano de cessar-fogo em Gaza ‘engana opinião pública mundial’, diz Federação Palestina do Brasil

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Plano de cessar-fogo em Gaza ‘engana opinião pública mundial’, diz Federação Palestina do Brasil

Ualid Rabah pontua que plano mantém ocupação israelense e ignora libertação de presos palestinos e reconstrução de Gaza



Por Adele Robichez, Aline Macedo e Lucas Krupacz  – Brasil de Fato 

O presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, afirmou que o acordo anunciado entre Israel e o Hamas, mediado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não é um plano de paz, mas uma trégua que mantém a ocupação e ignora a reconstrução da Faixa de Gaza. “Não é um acordo de paz, apenas um cessar-fogo”, disse, em entrevista ao “Conexão BdF”, da “Rádio Brasil de Fato”.

“Trump fala que todos os prisioneiros serão libertados, mas isso vale apenas para os israelenses. Os palestinos continuam encarcerados: são mais de 26 mil detidos ilegalmente, entre prisioneiros na Cisjordânia e em Gaza”, afirmou. Segundo ele, o plano busca “enganar a opinião pública mundial” ao apresentar a troca de prisioneiros como o objetivo central do conflito. “Israel nunca quis a troca. O objetivo era destruir a população palestina e recuá-la à Idade da Pedra”, denunciou.

Sobre o papel dos países mediadores, Rabah lembrou que o Egito havia proposto, ainda em março, um cessar-fogo sustentado com reconstrução do território e avanço em direção à solução de dois Estados. A nova proposta, segundo ele, “não menciona se Gaza será desbloqueada, nem se haverá desocupação total do território”.

“O texto de Trump não fala da Cisjordânia, do Estado palestino, nem das riquezas naturais de Gaza, que somam quase US$ 1 trilhão em reservas de gás”, criticou. “É uma trégua que não resolve as causas reais da tragédia palestina”, resume.

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Ualid Rabah pontua que plano mantém ocupação israelense e ignora libertação de presos palestinos e reconstrução de Gaza

Pressão internacional e recuo de Israel

O presidente da Fepal acredita que o cessar-fogo representa o reconhecimento internacional da dimensão do extermínio cometido contra o povo palestino. “São 79.444 exterminados, considerando os mais de 11 mil desaparecidos sob escombros — o que equivale a 3,57% da demografia de Gaza”, disse Rabah. “O mundo inteiro enxergou esse genocídio e a cara feia de Israel, que passou a ser também a cara feia dos Estados Unidos, garantidores desse extermínio, o maior da história”, acrescentou.

Para o dirigente, o gesto de Israel em aceitar a trégua se deve à pressão internacional. Ele citou uma declaração recente de Trump à rede Fox News, quando o presidente estadunidense teria dito ao premiê israelense Benjamin Netanyahu que “Israel não pode lutar contra o mundo”. “Netanyahu entende isso perfeitamente. O mundo não aceita mais esse genocídio”, completou. 

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