Cessar-fogo em Gaza deve começar 24 horas após reunião de gabinete de Israel
Cessar-fogo em Gaza deve começar 24 horas após reunião de gabinete de Israel
O governo de Israel anunciou nesta quinta-feira (9) que o cessar-fogo na Faixa de Gaza começará 24 horas após o término da reunião de gabinete marcada para as 18h no horário local (12h em Brasília). A informação foi confirmada pela porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Shosh Bedrosian, que também detalhou o cronograma para a libertação dos reféns israelenses detidos pelo Hamas.
Segundo Bedrosian, “hoje, às 17h, haverá uma reunião de gabinete, e às 18h haverá uma reunião de governo. Vinte e quatro horas depois disso, um cessar-fogo vai começar em Gaza. Após esse período de 24 horas, o período de 72 horas para que nossos reféns sejam devolvidos a Israel começa”. A expectativa é que todos os reféns sejam entregues até segunda-feira.
A porta-voz afirmou que Israel está preparado para receber os sequestrados: “Estamos prontos para receber os reféns em todas as condições que eles possam estar. Israel espera que a devolução dos reféns seja feita com respeito e decoro”. Durante o período que antecede o cessar-fogo, as Forças de Defesa de Israel (IDF), atualmente em operação na Cidade de Gaza, devem recuar para uma zona previamente indicada pelo governo dos Estados Unidos.

Plano de retirada das tropas de Israel foi divulgado por Donald Trump na sua rede social (Foto: Reprodução)
O comunicado israelense ocorre minutos após o Hamas acusar Netanyahu de “manipular datas, listas e procedimentos” relacionados ao acordo do cessar-fogo. Em entrevista ao canal Al Jazeera, o porta-voz do grupo, Hazem Qassem, afirmou que Israel tenta “mudar elementos centrais do cessar-fogo” estabelecido durante as negociações no Egito.
A primeira fase do acordo, assinada na quarta-feira (8) no Egito, estabelece a libertação de 20 reféns israelenses em troca de cerca de 2.000 palestinos presos. Entre os israelenses detidos pelo Hamas, todos são homens com menos de 30 anos e, ao menos, nove possuem dupla nacionalidade. A lista dos prisioneiros palestinos, entregue ontem pelo grupo, inclui condenados à prisão perpétua e pessoas detidas desde o início da guerra, em 2023.
O governo israelense, no entanto, confirmou que Marwan Barghouti — líder do Fatah e uma das figuras políticas mais conhecidas entre os palestinos — não está incluído entre os nomes que serão libertos.
O cessar-fogo é parte do “Plano de Paz” proposto pelos Estados Unidos e anunciado pelo presidente Donald Trump na quarta-feira. “Tenho muito orgulho em anunciar que Israel e o Hamas assinaram a primeira fase do nosso Plano de Paz. Isso significa que todos os reféns serão libertos em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como os primeiros passos em direção a uma paz forte, duradoura e eterna”, declarou o presidente americano.
Netanyahu agradece Trump por cessar-fogo
Netanyahu agradeceu publicamente a Trump e aos militares israelenses pelo acordo. “Agradeço aos bravos soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF) e a todas as forças de segurança, graças à sua coragem e sacrifício, chegamos a este dia. Agradeço do fundo do meu coração ao Presidente Trump e à sua equipe por se mobilizarem para esta missão sagrada de libertar os nossos reféns”, disse o premiê.
As negociações finais ocorreram em Sharm el-Sheikh, no Egito, e se estenderam por três dias, com a participação de delegações dos Estados Unidos, Turquia e Qatar. O enviado especial americano para o Oriente Médio, Stevie Witkoff, e o genro de Trump, Jared Kushner, representaram Washington nas tratativas.
O plano elaborado pelos EUA prevê um cessar-fogo em 20 etapas, incluindo a libertação gradual de prisioneiros palestinos e o recuo das tropas israelenses para posições pré-definidas. Segundo fontes diplomáticas, o objetivo é construir as bases para um acordo de paz permanente após dois anos de conflito intenso na região.
Apesar do otimismo cauteloso, ainda há incertezas sobre o estado de saúde dos reféns. Israel acredita que cerca de 20 pessoas seguem vivas após dois anos em cativeiro, mas não há confirmação sobre todos os casos. Em fevereiro, o corpo do franco-israelense Ohad Yahalomi foi devolvido ao país, após meses em que se acreditava que ele ainda estivesse vivo.
O Hamas afirmou em comunicado que espera que Israel cumpra integralmente as cláusulas do acordo. “Apelamos ao presidente Trump, aos Estados garantidores do acordo e a vários partidos árabes, islâmicos e internacionais para que obriguem o governo de ocupação a implementar integralmente os requisitos do acordo e não permitam que ele se esquive ou atrase a implementação do que foi acordado”, disse o grupo.
https://iclnoticias.com.br/cessar-fogo-em-gaza-deve-comecar-24-horas-apos/