Se emparedado pela direita, só restará a Lula ir pela esquerda

 


Por Ricardo Noblat


A cair, que seja lutando pelos brasileiros mais pobres

A direita, bolsonarista ou a dita civilizada, e boa parte da mídia que a apoia com crescente desenvoltura e sem nenhum disfarce, parecem não se dar conta de que sua oposição ferrenha ao governo pode empurrar cada vez mais para a esquerda o PT e Lula.

Se essa é a melhor forma que encontraram para derrotá-los nas eleições do próximo ano, saberemos mais adiante ou quando os votos forem contados. Mas, ao contrário do que imaginam, talvez estejam prestando um involuntário favor ao PT e ao seu líder.

Lula, até aqui, tem-se comportado como um político moderado, de espírito conciliador. Não só por cautela e conveniência, dado que governa em minoria, mas porque sempre foi assim desde que chegou pela primeira vez à presidência da República em 2002.

Mal tomou posse, ele reuniu seus ministros e deixou-os atônitos com o comentário que fez:

“Toda vez na minha vida que fui para a esquerda, me dei mal”.

E repetiu o breve aviso que dera na manhã seguinte à sua eleição à equipe que cuidou de sua campanha:

“Lembrem-se: aqui só foram votados eu e José de Alencar [o vice-presidente]”.

A história ensina que não é inteligente acuar o adversário a ponto de deixá-lo em saída. Ninguém quer morrer. E, no desespero, reage à ameaça da morte por todos os meios ao seu alcance. Se emparedado pela direita, só restará a Lula ir para o tudo ou nada.

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