"É Golpe Cuidado" - Aumento do uso de marcas federais em golpes preocupa governo e plataformas lucram com crimes - Em casos mais graves, são utilizadas imagens de figuras importantes do governo, como ministros e secretários, manipuladas por Inteligência Artificial.

 


Casos têm se multiplicado diariamente com uso de impulsionamento pago para aumentar o alcance nas plataformas

27/06/2025 | 05h30 

Por Gabriel Gomes

Uma “epidemia” de golpes e anúncios falsos utilizando marcas oficiais e imagens de representantes do governo federal tem preocupado a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República. Os casos se multiplicam diariamente e, em muitos deles, há o uso de impulsionamento pago para ampliar o alcance nas redes sociais, o que faz com que as plataformas lucrem com a veiculação de conteúdos fraudulentos.

Nas publicações, os criminosos se utilizam de programas sociais inexistentes ou distorcem nomes de iniciativas reais para enganar a população. Em casos mais graves, são utilizadas imagens de figuras importantes do governo, como ministros e secretários, manipuladas por Inteligência Artificial. O objetivo dos golpistas é obter alguma forma de retorno financeiro, normalmente via Pix, ou conseguir dados pessoais das vítimas.

Redes sociais como Instagram, Facebook e X (antigo Twitter), dentre outras, têm sido apontadas como canais de disseminação desses golpes. A Secretaria de Políticas Digitais, que monitora o fenômeno, considera os casos que envolvem o impulsionamento pago como os mais críticos, por envolver remuneração direta às plataformas.

“Esses são os casos mais graves. As plataformas estão sendo pagas para divulgar conteúdos fraudulentos. Enquanto os cidadãos perdem dinheiro tentando acessar seus direitos, as redes sociais lucram com esses golpes”, alertou Nina Fernandes dos Santos, secretária-adjunta da pasta.

“Há o uso de vários formatos: com inteligência artificial, sem uso de IA, com deepfake, com o uso de cards levando para sites no exterior. São vários artifícios diferentes usados para aplicar esses golpes, isso tem chamado bastante a nossa atenção”, completa.

Um dos casos monitorados pela Secretaria de Políticas Digitais envolve a figura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. 

Na publicação, os criminosos utilizam um vídeo manipulado por Inteligência Artificial no qual Haddad, como representante do governo, estaria supostamente apoiando uma plataforma de investimentos “que garante lucro de 5000 reais por semana”. 

Os golpistas pedem um depósito de 1250 reais para a entrada na suposta plataforma.

golpes

Criminosos utilizam a imagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. (Foto: Reprodução)

O anúncio foi publicado no Facebook por um perfil nomeado de “Lacey Daniel”, que se intitula como uma agência de publicidade, com apenas 22 seguidores. “Соmо umа tесnоIоgiа rеvоIuсiоnáriа реrmitirá quе vосê gаnhе mаis dе 70.000 rеаis роr mês соm о ароiо dо gоvеrnо”, diz a legenda da publicação.

No Instagram, um perfil de nome “Portal Brasil”, que já acumula 23 mil seguidores, tem se passado por página oficial do governo federal para promover publicações golpistas. No perfil, são divulgadas supostas vagas de emprego de um “novo programa federal” que contrataria milhares de brasileiros. O programa é falso e o link divulgado solicita dados pessoais que podem ser utilizados pelos criminosos. O perfil se utiliza de posts patrocinados.

Publicação do perfil “Portal Brasil”. (Foto: Reprodução)

Outro caso com publicações golpistas patrocinadas nas plataformas digitais envolve a divulgação de supostas vagas de empregos, com salários de até 5000 reais, nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Os links de inscrições divulgados também solicitam informações pessoais.

Publicação golpista com impulsionamento no Facebook. (Foto: Reprodução)

AGU aciona Meta na Justiça

Em muitos casos, como nos exemplos mencionados na reportagem, as publicações golpistas têm o alcance ampliado pelo uso de impulsionamentos pagos nas plataformas digitais. Em abril deste ano, a Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou uma Ação Civil Pública para que sejam adotadas providências com objetivo de coibir o uso indevido de símbolos e marcas do governo federal, bem como de imagens e vídeos de autoridades públicas, em anúncios fraudulentos publicados nas redes sociais Facebook e Instagram (plataformas controladas pela empresa Meta).

De acordo com a AGU, cerca de 1.770 anúncios fraudulentos foram publicados com o objetivo de aplicar golpes financeiros contra os usuários dessas redes, à época. “As publicações utilizavam indevidamente símbolos de órgãos oficiais e imagens de autoridades. A ação foi apresentada contra a empresa Facebook Brasil, responsável no país pela veiculação de publicidade nas plataformas da Meta (Instagram e Facebook)”

“As plataformas não são todas iguais, as regras não são todas iguais, inclusive o tipo de publicidade que cada uma permite é diferente. Mas, em diferentes escalas, a gente tem identificado posts de fraudes e golpes com o uso de marcas do governo ou de nomes de políticas públicas em várias dessas plataformas digitais”, comenta Nina Fernandes dos Santos.

Prevenção aos golpes

Para evitar cair nesses tipos de golpes, o governo orienta que o cidadão fique atento aos sites oficiais do governo, que são todos terminados com “.gov.br”. Antes de realizar o download de um aplicativo do governo, é possível consultar a página que reúne todos os apps oficiais.

Em caso de dúvidas, o cidadão pode consultar canais oficiais de contato, como o Fala.br, que pode checar se a página ou aplicativo é um serviço oficial.

https://iclnoticias.com.br/epidemia-golpes-digitais-preocupa-governo/

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