Anderson Torres tenta se desvincular do 8 de janeiro alegando desconhecimento de relatório chave

 

Por Cleber Lourenço

POLÍTICA13/2/2025 · 16:09


Anderson Torres tenta se desvincular do 8 de janeiro alegando desconhecimento de relatório chave

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A apuração sobre a omissão das autoridades de segurança do Distrito Federal nos atos de 8 de janeiro ganhou novos contornos, com o Supremo Tribunal Federal (STF) aprofundando a investigação sobre possíveis falhas na circulação do chamado Relatório 6 de Inteligência. O documento continha alertas sobre os riscos de manifestações violentas e foi produzido pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP/DF). Agora, uma das linhas de investigação da PF busca entender se houve tentativa deliberada de ocultar ou minimizar as informações sensíveis contidas no relatório.

O ex-secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, sempre negou ter recebido o documento antes dos ataques e sustentou que não houve falhas de sua parte. A defesa de Torres tem centrado sua estratégia em negar que ele tenha tido acesso ao Relatório 6, documento de inteligência produzido pela subsecretária Marília antes dos atos de 8 de janeiro. No entanto, transcrições e depoimentos sugerem que, ainda que não tenha lido o documento diretamente, Torres estava em comunicação com subordinados que o acessaram.

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Em um dos trechos apurados, o tenente-coronel Rosivan Correia de Souza, assessor direto da então subsecretária de Operações Integradas, Cíntia Queiroz, teria declarado no Processo Administrativo Disciplinar (PAD) de Anderson Torres que o documento só foi aberto no dia 9 de janeiro, após os ataques. Entretanto, um depoimento no Inquérito Policial Militar (IPM) aponta que Rosivan recebeu e abriu o documento ainda no dia 6 de janeiro, pouco depois das 17h. Essa informação, segundo registros, poderia ser confirmada por imagens de câmeras de segurança. Caso essa evidência seja comprovada, desmontaria a tese de que nenhuma das autoridades da SSP/DF teve acesso prévio ao relatório.

Outra figura central na investigação é o então Secretário Executivo da SSP/DF, Fernando Oliveira, que, de acordo com as apurações, manteve contato constante com Torres e teria recebido o relatório antes dos ataques. A suspeita do STF é que houve uma tentativa de esvaziar a responsabilidade de determinadas autoridades na prevenção dos atos do dia 8. Além disso, conversas trocadas entre Fernando Oliveira e outros agentes de segurança indicam que o teor do relatório foi discutido internamente, o que reforça a hipótese de que o documento não foi ignorado por completo.

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As investigações também analisam se houve uma cadeia de omissão dentro da SSP/DF, na qual informações de inteligência não foram devidamente compartilhadas com órgãos como a Polícia Militar e o STF, que poderiam ter reforçado as medidas de segurança. A falta de repasse dessas informações estratégicas levanta suspeitas de que houve uma decisão deliberada de minimizar a ameaça representada pelos manifestantes. Esse fator é considerado crucial para determinar a responsabilização das autoridades.

Outro ponto de atenção no inquérito conduzido pelo STF é a tentativa de reconstituir a cadeia de comando da SSP/DF nos dias que antecederam os atos. Registros indicam que a comunicação entre Torres e seus subordinados foi frequente até o dia 6 de janeiro, quando o ex-secretário embarcou para os Estados Unidos. No entanto, ainda não há clareza sobre quais ordens foram repassadas ou omitidas durante esse período. A defesa de Torres alega que sua ausência física o isenta de qualquer responsabilidade direta, mas os investigadores avaliam se houve negligência na delegação de funções e na resposta ao agravamento da crise.

Supremo Tribunal Federal tem tratado a investigação com prioridade máxima, dada a gravidade dos eventos de 8 de janeiro. Caso fique comprovado que houve negligência ou omissão intencional, os responsáveis podem enfrentar penalidades severas, incluindo processos administrativos e criminais. A análise das provas, incluindo depoimentos contraditórios e registros de comunicação, será fundamental para definir os próximos passos da investigação.

Com esses novos elementos, o STF segue analisando a responsabilidade das autoridades envolvidas e avalia se as divergências nos depoimentos representam mera confusão ou uma estratégia de defesa para ocultar falhas na segurança do Distrito Federal antes dos ataques. O avanço das investigações pode trazer novos desdobramentos e impactar diretamente a responsabilização dos envolvidos. 

https://revistaforum.com.br/politica/2025/2/13/anderson-torres-tenta-se-desvincular-do-de-janeiro-alegando-desconhecimento-de-relatorio-chave-174057.html

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