Queda da Nvidia deve ser só o começo do que está por vir
Para Nassim Taleb, um dos mais famosos operadores de derivativos do mundo, a queda da Nvidia nesta segunda-feira (27), com sua ações despencando, representa apenas começo do que está por vir.
O tombo aconteceu após a startup chinesa DeepSeek anunciar um modelo de inteligência artificial que obtém os mesmos resultados que a OpenAI, mas com custos muito menores.
Segundo o autor do livro “A lógica do cisne negro”, em entrevista concedida à Bloomberg News, as quedas podem ser duas até três vezes maiores do que o recuo de 17,5% registrado na segunda pelos papéis da Nvidia.
O movimento resultou numa perda de quase US$ 600 bilhões em valor de mercado, a maior já registrada em um único dia. As ações da Nvidia acumulavam, desde 2022, uma alta de 482%, o que fez ela se tornar a empresa a mais valiosa do mundo. Esta semana, a Nvidia perdeu o trono para a Apple, caindo para a terceira posição.
Queda da Nvidia: Eduardo Moreira explica o que aconteceu no mercado financeiro
O economista e fundador do ICL, Eduardo Moreira, que trabalhou por mais de 20 anos no mercado financeiro, explica que as pessoas perceberam que a inteligência artificial não é um negócio sem risco. “Isso fez uma rachadura no copo, usando as palavras do Taleb, e agora, com o copo rachado, o risco está aí na mesa”, afirma Moreira, que continua: “Ele chama a atenção para a geração de riqueza – ou a sensação de geração de riqueza – que aconteceu em um período muito curto, nos últimos dois anos, por causa da valorização de pouquíssimos ativos”.
Eduardo Moreira ressalta que, nos últimos dois anos, apenas seis ativos – Nvidia, Meta, Alphabet, que é a empresa do Google, Bitcoin, Amazon e Apple – tiveram uma valorização de US$ 11 trilhões. “É mais ou menos os PIBs de Alemanha, Japão e Reino Unido somados, ou seja, toda a riqueza produzida em um ano inteiro por Alemanha, Japão e Reino Unido. Isso só o que valorizou, não o quanto valem. Agora, se você for pegar quanto elas valem hoje, esses seis ativos juntos valem simplesmente quase que o PIB da China.”
Então, o que Nassim Taleb explica é que, da mesma forma como se gerou essa riqueza num prazo super curto, com todas as características que têm as bolhas, vai haver um ajuste disso. A destruição de riqueza ou a sensação de destruição de riqueza podem ser da mesma ordem.
“E a gente está falando que se um negócio desse cai 50%, obviamente eu estou aqui esticando só para trazer um caso, a gente teria uma destruição de riqueza maior do que o PIB do Japão, só em seis ativos. Então esse é um risco que ele nos alerta e que a gente tem que ficar extremamente ligado”, conclui Eduardo Moreira.
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