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domingo, 9 de julho de 2023

Lula e Petro recebem carta assinada por 74 organizações relacionadas à Amazônia


Encontro em Leticia: 

“A Amazônia grita pela nossa existência; necessidade urgente de políticas de integração cultural”, disseram os ativistas

O presidente Lula e o presidente colombiano Gustavo Petro.
O presidente Lula e o presidente colombiano Gustavo Petro. Créditos: Agência Brasil
Ana Mércia Brandão
Por Ana Mércia Brandão
MOVIMENTOS 9/7/2023 · 09:28 hs

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou, neste sábado (8), com o presidente colombiano, Gustavo Petro, para discutir medidas de preservação e desenvolvimento da Amazônia. 

O encontro ocorreu em Leticia, cidade colombiana vizinha à brasileira Tabatinga (AM), na região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia.

O presidente Lula participou, a convite de Petro, do encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia, organizada pelo governo colombiano. Lá lhes foi entregue a “Carta das Fronteiras Amazônicas”, um documento assinado por 74 organizações que atuam e/ou apoiam projetos relacionados aos povos e seres que vivem na Amazônia, espalhadas entre países como Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia, México, Peru, Bolívia, Guiana e Venezuela.

Os ativistas defendem uma maior integração cultural entre os países amazônicos e para isso enumeraram na Carta 13 pedidos chave para os presidentes.

 “Enquanto ativistas socioculturais expressamos nossos anseios por acordos, tratados e políticas internacionais transfronteiriças que venham a valorizar a nossa diversidade cultural, o nosso ambiente, a nossa história e a nossa gente transamazônica, diz um trecho do documento.

Confira a “Carta das Fronteiras Amazônicas” na íntegra abaixo.

Saudações fronteiriças aos Senhores Presidentes!

Somos cidadãos e cidadãs da Amazônia. Somos artistas, produtores, educadores populares, pesquisadores e ativistas, que reunidos viemos expressar a necessidade de promover a integração cultural entre os países amazônicos, sobretudo na Faixa de Fronteira, onde a cultura é volumosa como os nossos rios, diversa como as nossas florestas e originária/tradicional/contemporânea como os povos que a habitam.

Lembramos que somos amazônidas, mulheres e homens que coabitam territórios de belezas, majestades e ritualidades ancestrais singulares e plurais. Ao sentir e agir culturalmente, queremos contribuir para a promoção da integração cultural entre os povos que vivem nos territórios-nação que fazem parte da nossa grandiosa Amazônia e de uma rede intercultural latino-americana. Somos milhões de pessoas que convivem em comunidades vizinhas, e temos muitas “confluências” que nos aproximam e até nos unem por meio dos territórios, das artes, das culturas, das línguas e dos saberes. Somos parte dos povos indígenas, afrodescendentes, e tradicionais que vivem nesta Amazônia de diferentes lugares, e como seres encantados somos árvores, rios e seres sencientes, circulamos no território amazônico da vida.

Hoje, a Amazônia grita pela nossa existência e percebemos a necessidade urgente de políticas de integração cultural que reconheçam, valorizem e promovam as diferentes iniciativas regionais, com suas singularidades, visões, valores tradicionais e contemporâneos, com respeito à natureza e todas as formas de vida e bem-viver que cohabitam os territórios amazônicos.

Neste sentido, como ativistas brasileiros, colombianos, peruanos, bolivianos, guianenses, venezuelanos e dos demais países, há muitos anos viemos realizando articulações pela integração cultural de povos irmãos, com o propósito de ressignificar e fortalecer as dimensões culturais transfronteiriças. Enquanto ativistas socioculturais expressamos nossos anseios por acordos, tratados e políticas internacionais transfronteiriças que venham a valorizar a nossa diversidade cultural, o nosso ambiente, a nossa história e a nossa gente transamazônica, dentre elas:

1. Inserir as manifestações interculturais e a diversidade cultural como temáticas estratégicas de desenvolvimento sustentável nas reuniões de Cúpula dos Países da Amazônia;

2. Envolver, de forma participativa os artistas, produtores, mestres populares, representantes de coletivos culturais, comunidades indígenas, pesquisadores das universidades, institutos e escolas, além dos governos municipais, estaduais e nacionais na elaboração de um Plano de Integração Cultural da Amazônia, com vistas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS, que impacte na promoção social, econômica e ambiental da região;

3. Reconhecer e promover das iniciativas e projetos culturais que são realizados nos territórios de integração cultural existentes nas fronteiras Amazônicas;

4. Construir e fortalecer as redes e temáticas de integração promovidas pelos coletivos culturais, para além das fronteiras nacionais;

5. Estabelecer Tratados de Integração Cultural entre os países que formam parte da Amazônia, estabelecendo diretrizes para as regiões de fronteira e os corredores de integração cultural, como circuitos culturais, redes de intercâmbio, cooperação e convivência entre povos;

6. Criar um Fórum Permanente, com representação dos municípios de fronteira amazônica, para elaboração e implementação de políticas públicas de integração cultural e interlocução com os governos municipais, regionais e nacionais;

7. Viabilizar planos e programas governamentais que garantam suporte e recursos para elaboração de projetos culturais transfronteiriços, com ênfase nas práticas interculturais e socioeconômicas sustentáveis dos povos indígenas e tradicionais que habitam a Amazônia;

8. Valorizar e/ou criar mecanismos de reconhecimento e proteção do patrimônio cultural, material e imaterial, da Amazônia;

9. Valorizar o trabalho das lideranças espirituais indígenas, dos mestres griôs e demais mestras e mestres de saberes ancestrais de povos indígenas e comunidades quilombolas que vivem na Amazônia;

10. Reconhecer e estimular as manifestações de resistência que estão presentes nas florestas, nas savanas e nas periferias das cidades, e assim como a contribuição dos povos indígenas, ribeirinhos, seringueiros e quilombolas, para a diversidade cultural e para a formação da singularidade de cada território.

11. Fomentar projetos como “Pontos de cultura, Feiras do Livro, Festivais de Cinema, de teatro e de outras expressões que possam (re)ativar espaços e processos, que desenvolvam a criatividade, a circulação e apropriação das artes, dos saberes e da cultura viva comunitária;

12. Retomar e implementar o programa Escolas Interculturais de Fronteira, que prioriza as culturas, as artes, as línguas e os saberes;

13. Incentivar os Observatórios de Estudos Fronteiriços que promovem pesquisas científicas e a valorização dos saberes ancestrais e fomentar as pesquisas, publicações, a partir de editais de fomento (bolsas, recurso financeiro) específicos para estudantes e pesquisadores que vivem nas regiões de fronteira.

Presidentes Lula e Petro, a nossa rede de ativistas, assim como o planeta e quase toda a humanidade, confia e deposita muita esperança na capacidade e criatividade dos seus governos neste novo período de construção e reconstrução de laços e rotas de integração cultural, social, econômica e política entre os países, governos, cidadãos e povos que formam a Amazônia.

Agradecemos a compreensão, na certeza de que vossos governos atenderão o teor desta carta em nome do diálogo e da integração cultural da Amazônia.

Saudações cordiais,

Assinam:

-Agrupación Cultural y Ambiental Luciérnagas. Bogotá. Colombia

-Associação Cultural Waraji, (Fronteira Brasil/Bolívia)

-Associação dos Povos Indígenas da Terra São Marcos – APITSM (Fronteira Brasil/Venezuela/Guiana)

-Asociación Chacras para Todos. Mendoza. Argentina

-Centro Cultural Amazónico Araracuara. Caquetá. Colombia

-Centro cultural Vidplan. Uruguay -Colectivo Cultural Semiósfera, Medellín. Colombia

-Colectivo EcoeBrasil Colectivo Mestizo Cultural. La Paz, Bolívia

-Colectivo Tablarte teatro/danza. México

-Coletivo Indígena Mura de Porto Velho- COINMU. Rondônia, Brasil

-Comité Cívico Medellín innovation. Medellín, Colombia

-Comitê de Defesa da Vida Amazônica na Bacia do Rio Madeira – COMVIDA. Rondônia, Brasil

-Compañía Mulato Teatro AC. México

-Corporación Cultura La Cigarra/ El Colegio -Cundinamarca -Colombia

-Corporación cultural Barrio Comparsa

-Corporación Cultural El Totumo Encantado. Necoclí - Antioquia

-Corporación Cultural Nuestra Gente-Medellín. Colombia

-Corporación Cultural para el desarrollo Arlequín y los Juglares. Medellín. Colombia

-Corporación Cultural Teatro del Sur. Bogotá. Colombia

-Corporación Somos: Arte y Cultura para Antioquia. Colombia

-Curso de Licenciatura em Geografia - Campus Binacional UNIFAP - Oiapoque (Fronteira Brasil/Guiana Francesa)

-Dandô - Movimento de Arte e Saberes Dércio Marques (América Latina)

-Elemental Teatro • Casa Contenta • Corregimiento Santa Elena • Medellín - Colombia

-Festival Internacional de las Artes MINGA. Caquetá. Colombia Fundación Confiar Medellín/ Colombia

-Fundación Cultural Arte Comparte. Caquetá. Colombia

-Fundación Cultural Kuri Pukuska. Caquetá. Colombia

-Fundación Cultural Proyecto Maguaré. Caquetá. Colombia

-Fundación FUNNINCULDE. Caquetá. Colombia

-Fundación para Proyectos Sostenibles de la Amazonia Continental (Frontera Colombia/Brasil/Perú)

-Fundación Red de Mujeres Afroamazónicas-UBUNTU (FREMA)

-Fundación Tierra Caliente. Jamundi. Valle del Cauca. Colombia

-Grupo Catalinas Sur. Buenos Aires. Argentina

-Grupo de Estudos e Pesquisa em cultura – GEPCULTURA/UNIR. Rondônia, Brasil

-Grupo de Estudos Interdisciplinares das Fronteiras Amazônicas -GEIFA/ Universidade Federal de Rondônia /UNIR (Fronteira Brasil/ Bolívia)

-Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão sobre Estado e Territórios na Fronteira Amazônica - GEPEFront/UNIR (Univ. Federal Rondônia)

-Grupo de Pesquisa e de Extensão Fronteiras Regenerativas na Amazônia - Universidade Federal do Acre (UFAC), Campus Floresta

-Grupo de pesquisa e extensão OBECAS - Observatório da educação do campo no Alto Solimões (INC/UFAM) Amazonas

-Grupo de Pesquisa Geografia, Natureza e Territorialidades Humanas – GENTEH. Rondônia, Brasil

-Instituto Amazônia Livre - Amazonia, Brasil

-Instituto Biriba - Capoeira & Arte. Boa Vista, Roraima. Região Norte, Brasil

-Instituto Casa Común. São Paulo, Brasil

-Instituto de Natureza e Cultura/Universidade Federal do Amazonas (Fronteira Brasil/Peru/Colômbia)

-Instituto Federal do Amazonas - IFAM - Campus Tabatinga (Fronteira Brasil/Peru/Colômbia)

-Instituto Fronteiras, Vale do Juruá (Fronteira Brasil/Peru - Amazonas)

-Instituto Madeira Vivo – IMV. Rondônia, Brasil

-Instituto Minhas Raízes/Baixo Rio Madeira (Fronteira Brasil/Bolívia)

-Instituto Pombas Urbanas, São Paulo, Brasil

-Instituto Transformance/Fórum Bem Viver,Marabá, Pará, Brasil

-IPHAN/RORAIMA – Amazônia, Brasil

-Kataz Nodos de Autoformación y Colectivo Comunitaria Cultura – Ciudad de México

-Movimento Fronteras Culturales (Fronteiras da América do Sul)

-Movimento Nacional de Luta pela Moradia – Brasil

-Movimiento de Cultura Viva Comunitaria Colombia

-Movimiento por el Derecho al Campo y la Ciudad. Medellín, Colombia

-Museu Magüta – O Primeiro Museu Indígena do Brasil (Benjamin Constant - Amazonas)

-Nicolas Losada Music / Música Medicina de la Amazonia. Caquetá. Colombia

-Observatório Fronteiriço das Migrações Internacionais - MIGRAFON / Univers. Federal de Mato Grosso do Sul-UFMS (Fronteira Brasil-Bolívia)

-Plataforma Puente Cultura Viva Comunitaria Medellín Valle de Aburrá

-Programa de Pós-Graduação em Estudos de Fronteira, UNIFAP (Fronteira Brasil/Guiana Francesa)

-Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Geografia da UNIR/ Porto Velho, Brasil

-Programa de pos-graduação, Sociedade e Fronteiras da Universidade Federal de Roraima (PPGSOF/UFRR)

-Programa Especialização Educação do Campo e Escolar Indígena (INC/UFAM - Amazonas)

-Projeto Agrovida Naãne Arü Ma’ü – Terra e Vida (Alto e Médio Solimões – Fronteira Brasil/Peru/Colômbia)

-Pueblo Embera Chamí. Colombia

-Red Colombiana de Teatro en Comunidad

-Red Cultural Comuna 4. Medellín. Colombia

-Red de Colectivos de Estudios en Pensamientos en Latinoamérica. Medellín, Colombia

-Red Latinoamericana de Teatro en Comunidad

-Red Nacional de Teatro Comunitario Argentina

-Red Urabá teatral. Antioquia. Colombia

-Rede dos Rios Pan-Amazónicos. Brasil

-Vichama Teatro. Lima, Perú

-Zunzún. Cuba/Brasil 

https://revistaforum.com.br/movimentos/2023/7/9/encontro-em-leticia-lula-petro-recebem-carta-assinada-por-74-organizaes-relacionadas-amaznia-139155.html

Os únicos partidos cujas bancadas votaram INTEGRALMENTE contra a PEC da Blindagem foram PSOL/Rede e PC do B! Sem os votos favoráveis de deputados da base do governo (inclusive os 12 do PT), ela não passaria... ABSURDO!

  chico.alencar desenhosdonando Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Chico Alencar (@chico.alencar) ...


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