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sábado, 20 de agosto de 2016

Brasil é medalha de prata na canoa dupla de 1000m com Isaquias e Erlon - Isaquias Queiroz tornou-se o primeiro brasileiro a ganhar três medalhas na mesma edição dos Jogos Olímpicos.

A dupla de canoístas brasileiros formada pelos baianos Isaquias Queiroz e Erlon Silva levou a medalha de prata na final da prova canoa dupla 1.000m, na canoagem velocidade.

Isaquias e Erlon ganham medalha de prata na Canoa Dupla 1000m - Reuters/Marcos Brindicci/Direitos Reserva dos Reuters/Marcos Brindicci/Direitos Reservados
Os brasileiros lideraram toda a prova, mas foram ultrapassados pela dupla alemã formada por Sebastian Brendel e Jan Vandrey na reta final.

A competição foi na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.

Os alemães levaram o ouro, com o tempo de 3:43.912. Os brasileiros concluíram a prova em 3:44.819. O terceiro lugar ficou com a equipe da Ucrânia, que completou a competição em 3:45.949.

Com o resultado de hoje, Isaquias Queiroz tornou-se o primeiro brasileiro a ganhar três medalhas na mesma edição dos Jogos Olímpicos. 

Na quinta-feira (18), o atleta de 22 anos conquistou a medalha de bronze na prova dos 200m da canoagem velocidade e, no início da semana, levou a prata na prova dos 1.000m da canoagem velocidade individual.
Edição: Graça Adjuto

Imagem do Brasil no cenário internacional sai fortalecida depois dos Jogos Olímpicos

Para os especialistas ouvidos pela CBN, a cobertura da imprensa estrangeira tem sido justa: nem eufórica nem pessimista.

Por Júlia Arraes ----------------------------------------------------------------------------------
Depois de muitas incertezas o Brasil mostrou ao mundo que estava preparado para receber uma Olimpíada. 

Dias antes das competições, a imprensa internacional olhava com pessimismo e descrença para a realização dos jogos no Rio de Janeiro e o noticiário estrangeiro ficou repleto de notícias negativas que falavam desde epidemias até ataques terroristas. 

O diretor do centro de estudos sobre o Brasil da Kng's College, na Inglaterra, Anthony Pereira, lembra que nos jogos Olímpicos realizados em Londres, as desconfiança também existiam. 

Para ele, no entanto, quando se trata do Brasil, existe uma histeria negativa por parte dos jornalistas. 

O pesquisador acredita que o sucesso do espetáculo de abertura dos jogos ajudou a tirar a carga negativa inicial.

Ciro Dias Reis, presidente da Imagem Corporativa, que realiza um levantamento anual de como a imprensa internacional está noticiando o Brasil, afirma que algo semelhante aconteceu  no período da Copa.

A carga negativa é grande no começo e durante o período de expectativas, mas quando os eventos começam, os ânimos se acalmam.

Ele acredita ainda que existe uma insegurança com os países em desenvolvimento de uma maneira geral. 

O professor de relações internacionais da FGV e da ESPM Guilherme Casarões acredita que os jogos ajudaram a desviar a atenção da imprensa internacional, que estava muito focada na cobertura dos temas políticos e econômicos nos últimos tempos.

Ainda assim, a Olimpíada não é capaz de mudar a imagem do país, que continua fragilizada. 

Passada a euforia da competição, a cena política deve voltar a trazer novos desafios.

Os jornalistas estrangeiros que estão vivendo a cobertura do evento dizem estar surpresos, mas não deixam de tecer críticas. 

Matthew Kenyon é correspondente da emissora inglesa BBC elogiou a organização do evento e, sobretudo, com o transporte no Rio de Janeiro durante os jogos.

Ele admite, no entanto, que existem alguns pontos sensíveis, como o da violência, mas acredita que os jornalistas estão menos interessados em cobrir os problemas e voltados para o que realmente importa: o esporte

Riordan Roett é diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade Johns Hopkins em Washinton, nos Estados Unidos e, para ele, que acompanha os jogos pela imprensa norte-americana, os jogos no Rio de Janeiro estão longe de serem um sucesso.

De acordo com o professor, alguns problemas de violência e de infraestrutura têm sido o destaque nas publicações americanas. 

Os especialistas também chamam a atenção para as diferentes visões e perspectivas da imprensa estrangeira sobre o Brasil, durante os jogos. 

Além da cobertura esportiva e da festa, também há espaço para a análise dos jornalistas que já conhecem o país e que conseguem fazer uma reflexão aprofundada, levando em consideração as regiões que não estão sob os holofotes. 

A imprensa internacional se rende aos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro
Crédito: Reprodução

 

Jogos Rio 2016 chegam ao fim entre altos e baixos As polêmicas envolvendo a Vila dos Atletas, as instalações esportivas e a mobilidade urbana desafiaram a organização. Por outro lado, os novos pontos turísticos e a animação da torcida brasileira surpreenderam o mundo todo.

 Em duas semanas, os sete anos de preparação para a Olimpíada de 2016 foram postos à prova
Paula Martini (paula.martini@cbn.com.br)

Enquanto atletas  de 42 modalidades brigaram por suas medalhas, a organização dos Jogos e a logística da cidade olímpica também acumularam conquistas e derrotas. 
 
As polêmicas envolvendo a Vila dos Atletas, a água verde das piscinas e  as filas nos locais de competição marcaram negativamente o evento.

Por outro lado, o bom funcionamento dos transportes e a programação cultural da cidade melhoraram o mau humor em relação ao torneio.

O jogo começou a virar na cerimônia de abertura, que arrancou elogios da imprensa internacional. 

Enquanto a pira Olímpica queimava no Maracanã, a Pira do Povo foi acesa no Boulevard Olímpico.

A revitalização da Zona Portuária transformou o local no novo point carioca e revelou uma baía escondida por galpões abandonados.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas e Estudos do Turismo do Rio de Janeiro mostrou que o Boulevard foi a atração mais visitada pelos estrangeiros, ultrapassando o Corcovado e o Pão de Açúcar. 

Para o diretor executivo do instituto, Bayard Boiteux, os vistantes foram atraídos ao local pela oportunidade de interagir com as pessoas da cidade.

- Eu acho que essa vibração do carioca, das pessoas andando por ali, é o que atrai o turista.

Ele quer interagir com a população anfitriã. E o Boulevard Olímpico é, em todos os países, o local onde os turistas transitam muito mais.

O roteiro paralelo aos Jogos também levou uma multidão às mais de 50 casas temáticas de países, espalhadas por várias regiões do Rio. 

Uma das mais procuradas foi a da Suíça, montada na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul. 

Segundo a coordenadora de projeto do Baixo Suíça, Cristina Glauser, o local já recebeu cerca de 120 mil visitantes, o que surpreendeu a organização. 

- A gente foi surpreendido pela quantidade de pessoas que queriam vir. 

Até para nós foi uma grande surpresa. A gente bateu recorde de 14 mil pessoas e isso foi inesperado.

Enquanto o Boulevard Olímpico e as casas temáticas ficaram lotadas, os clarões em arenas esportivas foram visíveis nas transmissões esportivas.

Muitos assentos permaneceram vazios durante as competições, apesar de a venda de ingressos ter superado as expectativas do Comitê Rio 2016.

A organização atribuiu a falta de público à dinâmica dos eventos, que incluem mais de uma competição em um mesmo ingresso. 

Além disso, o coordenador de ingressos dos Jogos Rio 2016, Donovan Ferreti, diz que muitos torcedores compraram entradas só para conhecer as instalações esportivas.

- A gente percebeu isso, principalmente, no Parque da Barra.

Nos primeiros dias, era muito comum que as pessoas chegassem na bilheteria e perguntassem quais eram os ingressos mais baratos, só para ter acesso ao Parque Olímpico.

Dentro das arenas, as vaias causaram polêmica.

O francês Renaud Lavillenie chorou no pódio após perder o ouro do salto com vara para o brasileiro Thiago Braz, e atribuiu a derrota à reação negativa da torcida. 

Mas, se a atitude deixou uma má impressão dos brasileiros, a animação e a irrevêrencia do público despontaram como ponto alto. 

O empresário Oswaldo Santos assistiu a várias competições e disse que a plateia vibrou mesmo em esportes poucos populares no país.

- Eu fui alvo de chacota dos amigos por ir ver o tênis de mesa. Mas me surpreendeu bastante porque tinha muita gente. Não só chineses e japones, mas muitos brasileiros envolvidos. 

Uma das maiores preocupações era o deslocamento de torcedores e delegações até os locais de competição. 

Os serviços de transporte criados para o evento ficaram prontos a tempo e o trânsito não apresentou transtornos.

Mas, para isso, linhas do metrô e do BRT foram fechadas  apenas para o público Olimpíco e a prefeitura do Rio decretou quatro feriados. 

O especialista em transportes e professor da Universidade do Estado do Rio, Alexandre Rojas, não tem dúvida de que os transportes olímpicos são um patrimônio permanente, mas diz que é preciso evitar uma 'ressaca olímpica' para que as obras de infra-estrutura continuem em andamento.

- É uma esperança e um desejo profundo que nós não tenhamos uma ressaca olímpica, que o metrô possa prosseguir. 

O que está se discutindo é uma carência crônica no transporte público do Rio de Janeiro. 

Estamos 50 anos sem intervenção.

Então uma pequena intervenção será insuficiente pra cobrir a carência grande e anterior. 

O esquema de segurança para o evento também desafiou as autoridades. 

O policiamento foi reforçado com mais de 20 mil homens das Forças Armadas. Mesmo assim, a violência urbana não deu trégua. 

Uma bala perdida atingiu o centro de Hipismo, em Deodoro, e atletas e torcedores foram assaltados na cidade. 

Mas o episódio mais crítico foi a morte de um soldado da Força Nacional, baleado ao entrar por engano na Vila do João, favela na Zona Norte do Rio. 
 

Desemprego - 90% dos trabalhadores de obras da Olimpíada já foram demitidos

Dos mais de 20 mil trabalhadores das obras de infraestrutura, cerca de 18 mil já foram dispensados. A maior preocupação da categoria é com a ausência de novos projetos.

Por Bárbara Souza (barbara.souza@cbn.com.br)
Com o término da Olimpíada do Rio, também chegam ao fim as principais obras que moveram a cidade durante os preparativos. 

Dos cerca de 21 mil trabalhadores envolvidos nas maiores contruções ligadas aos jogos, sendo 30% de fora do estado, mais de 9,3 mil foram demitidos apenas este ano. 

O número já ultrapassa as 8,7 mil demissões realizadas no setor em 2015, segundo o sindicato da categoria.

Os três mil operários que ainda estão empregados não devem se manter em seus empregos por muito tempo, já que mais vagas devem ser fechadas assim que os últimos ajustes das obras forem concluídos. 

Diretamente afetados, os operários demitidos precisam improvisar para garantir o sustento de suas famílias. 

É o caso de Carlos Alberto de Oliveira que, após seis meses de trabalho na obra do BRT Transolímpico, ficou desempregado.

Carlos Alberto já sabia que a obra tinha data para acabar e guardou parte do dinheiro recebido. 

Mas enquanto não encontra um novo emprego, improvisa fazendo bicos e pequenos serviços domésticos. 

'Se tivesse outra obra, iam me tranferir

Mas como está ruim de serviço, acabamos voltando para casa. Mas enquanto eu não alcanço meu objetivo, vou explorando outras áreas. 

Não tenho medo de trabalhar: seja capinar ou varrer'.

As obras que geraram mais empregos no Rio foram as de infraestrutura de transporte, como o metrô, BRT, aeroporto do Galeão e VLT. As arenas olímpicas também empregaram muita gente.

No total, mais de 30 mil trabalhadores foram mobilizados. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil Pesada, Nilson Duarte Costa, é normal o operário perder o emprego após o término de uma obra.

No entanto, o que mais preocupa no momento é a falta de perspectiva de novas construções em meio à crise econômica e aos impactos da Operação Lava Jato.

'A gente está muito preocupado

Está havendo um desemprego muito grande, estão mandando a maioria dos trabalhadores embora e não há perspectiva de novos empregos. 

O problema é que tudo começou com a Lava-jato'.

De janeiro a junho, a capital fluminense perdeu mais de 17 mil postos formais de trabalho no setor da construção civil, o maior corte entre as cidades do país, de acordo com o Ministério do Trabalho.

Somando os postos perdidos em 2015, são quase 30 mil vagas formais a menos em 18 meses.

De acordo com Guilherme Póvoas, porta-voz do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Rio, as obras ligadas à Olimpíada apenas adiaram os impactos da crise econômica sobre o setor no estado.

Ele afirma que, após uma década muito movimentada, o que se observa agora é uma grande paralisia. 

'As construtoras diminuíram os investimentos, elas tinham empreendimentos para lançar e deixaram de fazer isso. 

Estão sofrendo muito com os destratos, que são os cancelamentos das compras de apartamentos. A geração de empregos sofre'.

Além dos operários que atuaram nas obras de infraestrutura, cerca de 90 mil profissionais foram contratados para vagas temporárias no Rio, de acordo com o Comitê Rio 2016. Muitas dessas vagas também devem ser fechadas, afetando outros setores como o de hotéis, bares e restaurantes.

Para o presidente do sindicato que representa a categoria, Pedro de Lamare, o período olímpico serviu para aliviar um pouco a crise que já afetava o setor. Mas ele acredita que depois dos jogos, a situação voltará à dificuldade de antes.

'A gente tem um estado numa situação financeira dificílima. A perspesctiva é continuar com as mesmas dificuldades de antes, mas com o caixa melhorado'.

A alta expressiva das demissões também se reflete na Justiça do Trabalho.

O juiz Fabio Correia Luiz Soares afirma que foi registrado um aumento de 10% nas ações de funcionários demitidos contra suas antigas empresas. 

Segundo ele, a maioria dos processoe é de trabalhadores da construção civil que buscam o pagamento da recessão, do fundo de garantia e de outros direitos.

'Isso preocupa o estado, os trabalhadores e a Justiça do Trabalho. As demandas não param de chegar. São muitos trabalhadores abrindo processos para tentar receber esses valores'.

O economista Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec, recomenda que quem não conseguir continuar no setor de construção civil, por exemplo, faça cursos profissionalizantes para se adaptar às novas demandas do mercado. 

Ainda de acordo com o economista, manter o mercado de trabalho da construção civil em alta depende do reaquecimento do mercado imobiliário do Rio e da recuperação do setor petroleiro, o que pode impulsionar a retomada de obras como as do Complexo Petroquímico em Itaboraí, na Região Metropolitana. 

Mas tudo isso também está ligado à solução da crise econômica do país.

 

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Confira a programação do primeiro final de semana da ExpoAflord Festa das flores será durante três finais de semana em Arujá. Ingressos podem ser comprados no local.

Do G1 Mogi das Cruzes e Suzano
A ExploAflord, que começa neste sábado (20), em Arujáterá programação cultural, barracas de comidas típicas da culinária japonesa, além da exposição de flores. Neste final de semana, as atividades se iniciam às 10h e até as 15h30 haverá apresentações no palco principal da festa.
Programação
As atividades começam às 10h de sábado (20). A abertura será com a apresentação da Banda Sinfônica de Arujá, o hasteamento da bandeira e a apresentação dos tambores.

Ao longo do dia, vários grupos de dança japonesa vão se apresentar no palco da festa e, às 15h, haverá apresentação de dança de ventre.

Visitantes podem passear pelo pavilhão de exposições de flores na ExpoAflord (Foto: Ananda Apple/TV Globo)
No domingo (21), as atividades começam às 10h30, o grupo Balalayka faz uma apresentação de dança russa e o espetáculo será reapresentado às 14h30. Até às 15h30, os grupos Ryukyu Koku Matsuri Daiko, Academia de Dança Teda Hakuyo No Kai, Nippon Country Club, Fujima Ogura e Rádio e TV Nikkey farão apresentações para o público.

A programação dos próximos finais de semana pode ser conferida no site da Expo Aflord.


PROGRAMAÇÃO EXPOAFLORD - DIAS 20 E 21 DE AGOSTO
sábado (20)
Horário Atração
10:00 Banda Sinfônica de Arujá
Hasteamento de Bandeira
Tambores Japoneses - Guarda Mirim de Arujá
Taiko de Atibaia
11:30 Dança Japonesa - Jyukuren Kurabu Rengou Kai
12:00 Dança do Ventre - Estúdio Calil
12:30 Rádio e TV Nikkey
13:00 Rádio e TV Nikkey
13:30 Tambores Japoneses - Taikô de Atibaia
14:00 Rádio e TV Nikkey
14:30 Dança Japonesa - Jyukuren Kurabu Rengou Kai
15:00 Dança do Ventre - Estúdio Calil
15:30 Rádio e TV Nikkey
domingo (21)
10:30 Dança Russa - Grupo Balalayka da Rússia
11:00 Tambores Japoneses - Ryukyu Koku Matsuri Daiko
11:30 Dança de Okinawa - Academia de Dança Teda Hakuyo No Kai
12:00 Dança Japonesa - Nippon Country Club
12:30 Dança Japonesa - Grupo Fujima Ogura
13:00 Rádio e TV Nikkey
13:30 Dança de Okinawa - Academia de Dança Teda Hakuyo No Kai
14:00 Tambores Japoneses - Ryukyu Koku Matsuri Daiko
14:30 Dança Russa - Grupo Balalayka da Rússia
15:00 Dança Japonesa - Nippon Country Club
15:30 Dança Japonesa - Grupo Fujima Ogura
Explo Aflord
Neste ano a festa comemora 25 anos. A proposta dos organizadores é lembrar os melhores momentos e reproduzir as decorações que mais chamaram a atenção do público.

O pavilhão de exposição é uma das principais atrações do local por reunir imensa variedade de flores, desde as mais conhecidas até as mais raras, cultivadas por colecionadores. As espécies são usadas na decoração do espaço e exemplares das flores também estarão à venda, muitas com preços acessíveis.
A Expo Aflord contará também com uma ampla Praça de Alimentação e um Centro de Negócios com estandes de expositores, que comercializarão artigos importados, alimentícios e ofertarão serviços.
Ingressos
Na bilheteria o valor dos ingressos é de R$ 24 e a meia-entrada é oferecida para idosos acima de 60 anos e estudantes. O estacionamento do evento custa R$ 15.

Há pontos de vendas de ingressos em Arujá, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Santa Isabel, São José dos Campos, São Paulo e Suzano. A lista completa dos locais que estão vendendo os ingressos antecipados também pode ser consultada no site.
A festa será na Avenida do PL do Brasil, s/nº, km 4,5, no bairro Fazenda Velha. O acesso pode ser feito Rodovia Presidente Dutra, sentido Rio de Janeiro, após o pedágio de Guarulhos.

Lula diz que Dilma vai se expor a Judas no Senado: 'História muitas vezes demora séculos para julgar'

Em entrevista à BBC, ex-presidente diz que não deve pedido de desculpas por escândalos: 'Eu não. Quem tem que pedir desculpas é quem está inventando acusações'.

Júlia Dias Carneiro
Enviada especial da BBC Brasil a São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à BBC (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

 

A menos de uma semana do início do julgamento final da presidente Dilma Rousseff no Senado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz ter "esperança" em uma vitória, embora às vezes fale como se o afastamento da sucessora estivesse consumado.

Em entrevista à BBC Brasil, Lula disse apostar no julgamento da história. "Às vezes a história demora séculos para julgar e eu trabalho com isso. 

A história não termina dia 29. Ela começa dia 29."

Sem citar nomes, Lula diz que Dilma irá se "expor corajosamente" no Senado "para que o Judas Iscariotes possa acusá-la na frente dela". 

Afirma que o presidente interino, Michel Temer, é constitucionalista e "sabe" que a antecessora é vítima de um "golpe parlamentar".

Principal líder do projeto político do PT e réu sob acusação de obstrução da Justiça na Operação Lava Jato, Lula se diz alvo de mentiras e afirma que seu partido não deve pedir desculpas pelo acusações de corrupção. "Quem tem que pedir desculpas é quem está inventando acusações."

Confira a íntegra da entrevista concedida à repórter Júlia Dias Carneiro:

BBC Brasil: O senhor é agora réu em processo por tentativa de obstrução da Justiça nas investigações de corrupção na Petrobras e decidiu apelar ao Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas. Por que o senhor decidiu recorrer a essa instância internacional?

Luiz Inácio Lula da Silva: Tem uma coisa muito esquisita aqui no Brasil. Você tem uma investigação, eu sou vítima de acusações em que você não tem uma única prova.
Eu penso que os procuradores e os delegados que acusaram estão com uma dificuldade muito grande, e a imprensa numa dificuldade maior, porque como eles mentiram muito tempo a respeito das acusações, em algum momento isso vai vir à tona, eles vão ter que provar se procede alguma das coisas que eles me acusaram.
Por falta de prova, eles começaram a preparar um discurso, que você deve conhecer bem, que é a teoria do domínio do fato. Ou seja, se o Lula é presidente, ele deveria saber. Não existe essa de você julgar em tese. Ou você prova ou não prova. Ou você pede desculpa ou não pede desculpa.
E eu não quero nada, só quero que peçam desculpas pelas mentiras que contaram a meu respeito. Nós temos uma força-tarefa nesse processo. Que envolve um juiz, procurador e Polícia Federal. Então, você não sabe quem investiga, quem acusa e quem vai julgar. Uma mistura, todo mundo faz tudo.
E eu não quero nada, só quero que peçam desculpas pelas mentiras que contaram a meu respeito
Então, nós entramos com um processo no escritório da ONU em Genebra para que a gente mostre que há, no mínimo, uma certa suspeição no comportamento, ou seja, as pessoas querem transformar uma mentira que eles inventaram num processo.
Estão procurando razões para justificar o processo. Eu estou tranquilo, tenho consciência do meu papel nessa história toda, estou tranquilo porque eles inventaram que eu tenho um apartamento e vão ter que provar que o apartamento é meu, ou me dar um apartamento.
'Só quero que peçam desculpa pelas mentiras que contaram a meu respeito', diz ex-presidente sobre acusação na Lava Jato.
Disseram que eu tenho uma chácara que eu frequentava, e a chácara não é minha, a chácara tem dono, foi pago com cheque administrativo, e acho que em algum momento eles vão ter que dizer: "Olha, presidente Lula, desculpa, pensávamos que tinha, mas não tem".
A imprensa mentiu muito e não sei se a imprensa vai ter caráter para pedir desculpas. É por isso que eu recorri a uma instância das Nações Unidas para ver se existe pelo menos um comportamento exemplar de uma Justiça a serviço da justiça.

BBC Brasil: O que o senhor acha que a ONU pode trazer de efeitos concretos aqui no Brasil?

Lula: Eu não sei se pode trazer efeito concreto. O que eu acho é que pode haver um debate. E esse debate já começou por advogados, sindicalistas e políticos de outros países. E pela imprensa. Se não fosse a imprensa estrangeira cobrir com uma certa isenção e autonomia o impeachment da presidente Dilma, a versão da imprensa brasileira é um horror.
Porque a versão da imprensa brasileira, ela não quer saber da verdade, ela sabe que a Dilma não tem culpa, sabe que a Dilma está sendo cassada politicamente e não cometeu nenhum crime, mas finge que não sabe.
Então graças a Deus, foi através da imprensa estrangeira que a gente conseguiu fazer com que líderes importantes no mundo inteiro se dessem conta de que o país está rasgando a sua Constituição, está rompendo com a nossa democracia incipiente. É isso que eu quero, que haja um debate no mundo sobre o que está acontecendo no Brasil.

BBC Brasil: O senhor tem falado muito em uma caça às bruxas, mas por outro lado o senhor tem enfrentado alegações muito sérias, que precisam ser investigadas.

Lula: Nenhum presidente na história desse país fez o que a presidenta Dilma e eu fizemos para dotar o Estado de instrumentos de combate à corrupção. Se você perguntar para qualquer procurador qual foi o governo que mais criou condições para autonomia do Ministério Público, eles vão dizer que foi o PT.
Se você perguntar para qualquer delegado qual foi o partido que mais investiu na PF, que mais investiu na inteligência da PF, eles vão dizer que foi o PT. Se você perguntar quem fez as maiores transformações na legislação, inclusive com a lei da delação premiada, foi PT que fez, numa demonstração que o PT entende que a lei é para todos, e que ninguém está livre de qualquer investigação.
O que não queremos e não poderemos aceitar é que as pessoas façam um pacto com a imprensa, contem mentiras para a imprensa, ou a imprensa conte mentiras para eles, porque tanto a imprensa serve alguns procuradores como os procuradores servem à imprensa, tanto o delegado serve à imprensa quanto a imprensa serve ao delegado. É uma alimentação mútua na perspectiva de criar fato consumado.
Eu não acho isso um comportamento inteligente da Justiça. Um comportamento inteligente é aquele que você investiga, você prova, você acusa julga, e condena. Um julgamento que não é inteligente, você faz um pacto com a imprensa, a imprensa faz a manchete de jornal, ela vai te criminalizando junto à opinião pública sem nenhuma prova. Depois de dez acusações em horário nobre na televisão ou na primeira página dos jornais, você, mesmo inocente, estará condenado dentro da opinião pública.

BBC Brasil: O senhor tem dado indicações de que poderia voltar a se candidatar, mas as pesquisas mais recentes mostram que esta bem atrás daquela popularidade lá em cima de alguns anos atrás, e isso tem a ver com todas as acusações de corrupção que vem afetando tanto o PT como o senhor. Como o senhor reage a isso?

Lula: Olha, primeiro eu reajo com muita naturalidade, ou seja, estou há praticamente seis anos fora da política, até por respeito à presidenta Dilma, que acho que ela tinha que ter liberdade para governar o país. Então é normal que a pesquisa não seja mais a pesquisa do ano que eu saí da Presidência, com 87% de "bom e ótimo".
Mas tenho clareza de que na hora que a gente começar a debater neste país, que a gente começar a mostrar o que o PT fez nesse país, da diferença do governo do PT com os governos do passado, eu tenho certeza que o povo vai se lembrar que o que o PT trouxe em 12 anos de benefício para esse povo - com educação, saúde, trabalho, politica agrícola - eles não fizeram em 200 anos.
Dilma visita Lula em junho deste ano; para presidente, sucessora 'demorou ou não percebeu que estava entrando menos dinheiro no caixa'.
Então eu estou tranquilo que eles não vão conseguir nem criminalizar o PT, e muito menos criminalizar o Lula. É preciso que a verdade venha à tona e é isso que estamos buscando, que o Judiciário tenha liberdade, que o Ministério Público tenha liberdade, e defendo a tese de que toda instituição, quando ela é forte, ela tem que ser séria.
Os que representam aquela instituição têm que ser sérios, não podem brincar, não podem mentir. E hoje o que a gente percebe são pessoas se colocando a serviço de uma revista, de um jornal. Muitas vezes a imprensa recebe o relatório antes do advogado de defesa. Isso não é inteligência, é brincar com o direito que todo cidadão tem de ser respeitado pela lei, de ser investigado corretamente, de ser julgado corretamente. É para isso que brigo, é por isso que mudei leis neste país, é por isso que a Dilma mudou leis.
Você veja, é tão grave o que esta acontecendo no Brasil que mesmo os 81 senadores, sabendo que a presidente Dilma não cometeu nenhum crime contra a Constituição, eles resolveram cassá-la politicamente por interesse.
Ou seja, na medida em que a economia não estava bem, na medida em que a pesquisa não estava ajudando a presidente Dilma, eles resolveram dar um golpe político, um golpe parlamentar. Imagina se isso prevalece no mundo inteiro. Cada vez que um governante baixa na pesquisa, a gente manda derrubar o governante.
Na verdade, não foi a Dilma que foi cassada, o que está sendo cassado é o voto de 54 milhões de brasileiros que votaram na Dilma. E amanhã os senadores vão ter que prestar conta aos eleitores, aos seus filhos e netos. Porque eles não querem ser chamados de golpistas, mas o que fizeram foi dar um golpe na Constituição e dar um golpe parlamentar contra uma presidenta democraticamente eleita pelo povo brasileiro.

BBC Brasil: O senhor tem usado a expressão golpe para falar do que está se passando com a presidente Dilma Rousseff mas o senhor também viveu o golpe militar. Pode-se usar a mesma expressão?

Lula: Dá. Da mesma forma como usamos a palavra golpe militar porque foi um golpe militar em 31 de março de 64, e naquele tempo a gente vivia tempo de Guerra Fria, havia acusação de que o comunismo ia tomar conta do Brasil, então os militares e os conservadores desse país deram um golpe para evitar a ascensão da esquerda neste país. Agora não tem essa razão. O comunismo já não amedronta mais. Não tem a Guerra Fria.
Por que o golpe na Dilma? Não foi o golpe militar. Foi um golpe parlamentar. Uma maioria eventual se juntou para tirar a presidente dilma da Presidência da Republica. Uma maioria no Senado e uma maioria na Câmara resolveram afastar a presidenta. O que é um absurdo.
As pessoas que estão fazendo isso não querem que a gente fale golpe, porque diz que é feio, que não é golpe militar. O presidente interino (Michel Temer) é constitucionalista. E ele sabe que o que eles estão fazendo é ilegal, porque a Dilma não cometeu crime e segundo porque é um golpe parlamentar.

BBC Brasil: O que isso representa para o legado do PT depois de tantos anos, porque este período está terminando com um quadro bastante ruim, com recessão, inflação, desemprego aumentando e com a presidente saindo desta forma, com o impeachment. O senhor tem alguma responsabilidade nesta situação?

Lula: Olha, se fossem tirar os governantes do mundo hoje por conta de crise econômica, por conta do desemprego, não tinha um governo no mundo. Já tinham caído todos. O governo inglês, americano, alemão, italiano, francês, chinês. Porque a crise é geral. E é uma crise causada pela irresponsabilidade do sistema financeiro que começou com o problema habitacional americano, o subprime, e terminou com queda do (banco) Lehman Brothers. A partir daí todos os países entraram em crise.
Quando fizemos o G20 em Londres, em 2009, nós decidimos que, para evitar uma crise econômica muito grande, era necessário não adotar políticas protecionistas e aumentar o comércio exterior para poder gerar mais emprego para as pessoas. Foi feito exatamente o contrário. Cada país tentou se proteger, a crise aumentou e 90% dos países ainda não resolveram seus problemas.
Olímpiada 'não era para resolver todos problemas do país', diz Lula. 'Não estamos fazendo as Olimpíadas de restauração do bem-estar social.'
Aqui no Brasil a gente poderia não estar em crise. A gente poderia não estar na situação em que a gente está, porque poderíamos ter tomado decisões mais rápidas. Mas não tomamos. Agora, não é uma coisa do Brasil. Mas se a Dilma está se afastando não é por uma questão econômica. É porque uma parte da elite política e econômica desse país não admite a ascensão social dos mais pobres.
Os mais pobres subiram um degrau na escada social. E isso já começou a incomodar, porque muito pobre começou a andar de avião, ir a restaurante, comprar coisa que era só de 30% da população. Pobre na universidade, nós colocamos em universidade mais jovens na universidade que 100 anos de conservadores, criamos em 12 anos quatro vezes mais escolas técnicas do que eles criaram em 100 anos.

BBC Brasil: Mas essa parcela mais pobre da população que teve ascensão social também está sofrendo com a recessão. E é difícil argumentar que é uma crise global porque a situação do Brasil no momento está pior do que em outros países.

Lula: Onde é que o crescimento foi retomado? Estados Unidos, muito menos do que se imaginava, na Europa, muito menos do que se esperava. A crise no Brasil chegou por último. Alguns anos depois que chegou nos EUA e na Europa. O que que eu acho que o Brasil deveria ter feito? O Brasil tem um mercado interno extraordinário. São 204 milhões de pessoas.
E defendo a ideia de que os pobres nesse país, toda vez que está em crise, os pobres são a solução. Basta que a gente permita que o pobre receba o crédito necessário para poder consumir alguma coisa, e que a gente faça investimentos necessários em infraestrutura, de que o Brasil tanto precisa. Isso não foi feito e a gente está pagando o preço por isso.
E o Brasil vai sair da recessão, todos os países vão sair. E o que vai fazer o país sair da recessão é investimento, consumo e produção. E isso está diminuindo em tudo que é lugar. O que nós temos que admitir é que só para resolver o problema do sistema financeiro já foram gastos mais de US$ 13 trilhões, e ainda não resolveu. Se esses US$ 13 trilhões fossem colocados para financiar desenvolvimento nos países pobres, a gente não teria essa crise durante o tanto que durou.

BBC Brasil: Como isso deixa o legado do seu governo? Um pouco atrás estava se falando no Brasil como superpotência econômica e agora a realidade é totalmente outra, a recessão no pior nível das últimas décadas. O que isso representa para o legado dos 13 anos do governo do PT?

Lula: Primeiro nós temos que ter em conta o que aconteceu até 2014. Até 2014, esse país tinha gerado 22 milhões de empregos formais, enquanto na Europa tinha 100 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho. Até 2014, todas as categorias tiveram reajuste salarial acima da inflação. Até 2014, a massa salarial brasileira crescia muito e o desemprego era de apenas 4,7%, igual a Dinamarca, Suécia, Noruega, menos do que outros países europeus grandes.
Então o que aconteceu a partir de 2014 foi isso. É que a presidenta se deu conta de que o Orçamento tinha diminuído porque ela fez R$ 500 bilhões de desoneração, ou seja, para manter a economia crescendo.
De repente, a presidenta demorou ou não percebeu que estava entrando menos dinheiro no caixa e ela foi obrigada a fazer uma proposta de ajuste.
Essa proposta de ajuste foi para a Câmara. Ao invés do presidente da Câmara (Eduardo Cunha) colocar em votação, ele começou a apresentar pautas aumentando cada vez mais o gasto, contrário àquilo que a presidente deveria fazer.
Foi se perdendo a confiança. Os empresários não investiam, o Estado perdeu capacidade de investimento e nós chegamos a isso.
Eu sou muito otimista com relação ao Brasil. Quando fui em 2009 a Copenhague para conquistar as Olimpíadas, a gente defendia que o Brasil chegaria em 2016 sendo a quinta economia mundial. Nós tínhamos passado a Inglaterra naquele tempo, nós já éramos uma economia mais rica do que a Inglaterra.
Esse país é muito grande. Não sei se eu sou excessivamente otimista, mas eu sinceramente acho que é muito fácil fazer o Brasil voltar a crescer. É muito fácil.
Não sei se eu sou excessivamente otimista, mas eu sinceramente acho que é muito fácil fazer o Brasil voltar a crescer.
O que precisa é acreditar no Brasil e acreditar que nossa solução está aqui dentro, confiando no povo brasileiro e fazendo esse país voltar a acreditar em si próprio como fizemos nos últimos 12 anos.
Não dá para a gente ficar dependendo apenas da economia mundial. Nós temos um potencial interno muito grande, um mercado interno muito forte e um povo precisando de muita coisa.
Portanto, é preciso a gente pensar outra vez que o pobre pode ser a solução do nosso país, e não o problema.

BBC Brasil: O seu partido vem dizendo que a situação econômica irá se deteriorar se o presidente interino, Michel Temer, ficar no mandato. Então o recado para investidores é que se a situação for essa é melhor se afastar do país?

Lula: Pelo contrário. Quando eu fui eleito, em 2002, você sabe o que os economistas e os especialistas diziam? Que o país não tinha jeito. Que o país estava quebrado. Que eu não ia conseguir governar o Brasil.
E o Brasil se recuperou, pagou a sua dívida com o Fundo Monetário Internacional. O Brasil é o único país do G20 que fez superávit primário todo ano.
Quando as pessoas falarem para você que o Brasil tem uma dívida pública alta, você lembre às pessoas que a Alemanha tem mais do que o Brasil, que os Estados Unidos em 2007 tinham 64,8% de dívida pública em relação ao PIB e hoje tem 107%.
E por que aumentou a dívida pública? Para poder fazer a economia crescer.

BBC Brasil: A grande questão é que isso foi longe demais e será muito difícil trazer de volta o equilíbrio econômico.

Lula: É nada. Não é difícil não. Eu, sinceramente, não vou ficar fazendo profecias aqui porque eu vou esperar o que acontece lá. Não é difícil.
Eu acho que tem uma palavra mágica, que vale para qualquer país do mundo, que é credibilidade. É preciso recuperar a credibilidade do país no próprio país. E o importante é fazer que o povo acredite que as coisas vão acontecer. Se o sistema financeiro não tem crédito, se os empresários não confiam na política, se o Estado não tem dinheiro para investir, não tem como acontecer um milagre.
Desde afastamento de Dilma, ex-presidente tem concedido entrevistas e participado de eventos com apoiadores para defender legado petista no Planalto
Nós precisamos recuperar a capacidade do Estado de investir, a confiança para o sistema financeiro fazer crédito e do empresário para investir. E isso nós já fizemos. É possível fazer.
Quando você tem uma crise no país, a política existe para isso. O problema não é técnico. Se fosse técnico, eu iria na melhor universidade da Inglaterra, nos EUA ou na Alemanha, pegaria os dez melhores economistas do mundo e colocaria aqui. Mas não vai acontecer, sabe por que? Porque a decisão é política.

BBC Brasil: O senhor está falando de credibilidade, mas o problema é que para o PT é um momento de muito descrédito por causa de todos os escândalos de corrupção e investigação em andamento. O senhor acha que é o momento de fazer algum pedido de desculpas?

Lula: Eu não. Quem tem que pedir desculpas é quem está inventando acusações. Eu vou te dar um dado impressionante. Você sabe qual era a preferência eleitoral do PT em 2002, quando fui eleito presidente da República? 11%. Você sabe qual é a credibilidade do PT e a preferência eleitoral em 2016? 12%. É o dobro do PSDB. O dobro do PMDB.
Significa que o PT continua sendo o partido de maior credibilidade eleitoral mesmo depois de sete anos de massacre. Sabe por quê? Porque nós temos história. E temos vínculo com a sociedade com nenhum outro partido teve. Obviamente, eu defendo a tese de que toda denúncia de corrupção seja apurada ao limite máximo e que as pessoas envolvidas sejam condenadas. É isso que eu espero do Brasil.
É por isso que nós criamos leis. É por isso que nós aperfeiçoamos o sistema de investigação no Brasil. O que nós queremos é que as pessoas tenham o direito de se defender. E queremos que as pessoas não sejam condenadas pelas manchetes de jornais.
Se um jornal inglês fizer cinco manchetes dizendo que você é corrupta, mesmo você sendo absolvida pela Justiça, você está condenada diante da sociedade. É isso que está acontecendo no Brasil. O que menos importa é a investigação. O que mais importa é a especulação.

BBC Brasil: Do jeito que as coisas estão caminhando, o senhor tem medo de ser preso?

Lula: Não. Não tenho medo de ser preso. Tenho a consciência de que eles não têm acusação, da minha inocência. Vamos aguardar com a maior tranquilidade possível.
Eu não sou o primeiro ser humano a ser vítima de um processo de calúnia e não serei o último. A história da humanidade está cheia desse tipo de processo. Eu só encontro uma explicação para tentarem fazer o que estão fazendo comigo: é tentar tirar o Lula da vida política desse país. Eu que fiz tão bem.
A coisa é tão grave que todo mundo sabe o esforço que eu fiz para trazer essa Olimpíada para o Brasil. E no dia da inauguração da Olimpíada eu me senti como o menino do filme Esqueceram de Mim. Ou seja, eu não estava presente numa festa em que fui responsável dela vir para cá.
Você pergunta se eu tenho lamentações, frustrações. Eu não tenho porque eu acho que política você não deve fazer esperando agradecimento. A gente faz política porque a gente acredita, faz política por convicção e eu tenho consciência de que vai demorar muito para um governante, um partido, construir um legado como o PT construiu aqui no Brasil.
Porque ninguém nunca cuidou tanto dos pobres desse país como nós cuidamos. Não é só cuidar materialmente, de melhorar qualidade de vida. É cuidar da autoestima desse povo. É acabar com esse complexo de vira-lata. O Brasil passou a ser importante no mundo, interlocutor, protagonista.
Porque eu aprendi desde pequeno que ninguém respeita quem não se respeita. E eu aprendi a me respeitar desde muito cedo.

BBC Brasil: O senhor acha que dá para ignorar o fato de que a situação agora é totalmente diferente de cinco anos atrás, quando era um momento de otimismo no Brasil? São dois momentos muito diferentes. O legado se perdeu?

Lula: É como se uma pessoa com boa saúde, ficasse doente e perdesse a esperança que fosse ficar boa outra vez. Até hoje o mundo se lembra do New Deal feito por (pelo presidente americano Franklin) Roosevelt e já faz quanto tempo? Foi na década de 1930. E todo mundo lembra. Aquilo que é bom as pessoas vão lembrar a vida inteira.
Alguém pode querer que as pessoas esqueçam, mas esse país um dia acreditou que era possível ser diferente e o povo sabe disso.

BBC Brasil: Neste caso o problema é que começou com uma esperança de que havia um futuro promissor e a coisa não se realizou.

Lula: Tem dia que a gente levanta muito bem de saúde e daqui a pouco tem um infarto. Não significa que a vida acabou. Você vai para o hospital, você volta e a luta continua.
O Brasil tem potencial econômico, um povo que gosta de trabalhar, fronteira com 12 países, é um país que estabeleceu relações comerciais com o mundo inteiro. Na minha opinião é fácil o Brasil se recuperar.

BBC Brasil: Qual o legado planejado que as Olimpíadas trariam para o Rio durante o planejamento e como você acha que está no momento atual?

Lula: Você não briga para trazer uma Olimpíada e resolver os problemas sociais do país. Você briga para trazer uma Olimpíada para fazer uma disputa esportiva e mostrar o seu país ao mundo e deixar como legado tudo o que você gastou com as Olimpíadas.
E obviamente que o Rio de Janeiro está muito mais bonito, com muito mais metrô, com uma cara mais limpa, vai ficar muito melhor.
Resolveu todos os problemas? Não. Mas não era para isso. Nós não estamos fazendo as Olimpíadas de restauração do bem-estar social.
Eu tenho certeza que o mundo viu o Rio de Janeiro como nunca em 500 anos. Um povo extraordinário, alegre, simpático. As praças esportivas melhores do que em qualquer país do mundo, Atlanta, Berlim.
Fui à China e as nossas praças esportivas estão muito mais bonitas. Nós somos capazes.
E isso é o mais importante. Que depois das Olimpíadas o povo vai ter transporte melhor, praças melhores, obras extraordinárias, espaço público para eles.
Eu sinceramente acho que ganhamos as Olimpíadas porque a gente estava em um momento de ascensão econômica e política, e porque a crise nos Estados Unidos estava maior do que no Brasil. A crise na Espanha era pior do que no Brasil e nós fomos mais convincentes.
E acho que dificilmente algum país vai conseguir apresentar uma proposta como a do Brasil porque era 100% paixão, 100% alma e 100% razão.
Lamentavelmente os resultados, tanto na Copa do Mundo contra a Alemanha e agora nas Olimpíadas, não são aquilo que a gente esperava, mas eu te confesso uma coisa. Eu faria tudo outra vez. Iria chorar, conquistar a Olimpíada e participar.

BBC Brasil: Com a situação que está hoje, o senhor se preocupa com o país no próximo ano?

Lula: Eu me preocupo todo dia com o Brasil. Eu acho que a gente nesse instante de crise tem que pensar como sair da crise, não ficar discutindo a crise.
Eu dizia, no G20 de 2009, que o problema da crise era a falta de lideranças políticas para decidir politicamente o que tinha que ser feito. E eu acho que aqui no Brasil a gente poderia ter saído da crise mais rápido.
Quando você demora para tomar uma decisão, pode virar um século. Nós demoramos, o Congresso quis prejudicar a presidenta. A presidenta e o governo exageraram na política de desoneração.
Em dezembro de 2015, Lula se encontrou com cúpula do PMDB, incluindo o atual presidente interino, Michel Temer, para tentar articular contra o avanço do impeachment no Congresso
É uma lição. A nossa briga agora é para não permitir que os trabalhadores percam aquilo que conquistaram nos bons períodos do país. Aumento de salário, programas sociais que não permitiram que a miséria voltasse.
Lamentavelmente, nós estamos com o desemprego crescendo e isso é muito ruim. O emprego é uma coisa que dá cidadania ao ser humano. O ser humano, se tem emprego, saúde e salário, ele está muito bem.
Eu torço para o Brasil ficar bem em qualquer momento. Porque se o Brasil estiver mal, eu também estou mal. Se o Brasil for mal, o povo vai sofrer.
Primeiro, eu estou torcendo para dia 29 o Congresso não afastar a Dilma. Eu tenho esperança. Eu sou um homem de muita esperança.
Vai ser um momento importante, um momento histórico porque a presidenta vai ao Senado se expor. Ela corajosamente vai se colocar diante de seus acusadores para que o Judas Iscariotes possa acusá-la na frente dela.

E ela vai tentar mostrar para eles o erro que estão cometendo. Se a Dilma não conseguir convencer os 28 senadores (número necessário para evitar o impeachment), ela vai estar fazendo um gesto histórico neste país.

É uma mulher de coragem se expor diante de 81 senadores e ouvir de cada um, olho no olho de cada um, a acusação e poder, olho no olho, se defender.
Eu quero saber como os senadores vão voltar para casa e olhar para suas mulheres, filhos, netos.

 Eles vão ter que reconhecer que ilegalmente eles afastaram uma pessoa eleita nesse país.
E a história não julga na mesma semana. 

Às vezes a história demora séculos para julgar e eu trabalho com isso.
A história não termina dia 29. Ela começa dia 29.

Trabalho - Ministro diz a sindicato que conversará com Mercedes-Benz sobre demissões

Brasília - O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, participa de audiência pública conjunta das Comissões de Direitos Humanos (CDH) e de Assuntos Sociais (CAS) do Senado (Marcelo Camargo/Agência Brasil)Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, disse hoje (19) que está preocupado com as demissões anunciadas esta semana pela Mercedes-Benz, que decidiu suspender a produção na fábrica de caminhões e ônibus de São Bernardo do Campo, no ABC. 

Após encontro com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, e representantes dos trabalhadores da empresa, o ministro informou que o governo conversará com a direção da empresa.

“Vou procurar a direção da Mercedes, oferecendo que o próprio governo esteja nessa mesa de negociação para construir um formato que não seja traumático e para evitar que o trabalhador receba na residência um telegrama avisando da demissão.

É preciso uma relação respeitosa nesse quesito. 

Quando o trabalhador é chamado para uma jornada maior ele sempre faz esse gesto.

E precisa contar com o respeito e generosidade quando tem de ser demitido”, acrescentou o ministro.

Nogueira afirmou que o governo pretende prestigiar os sindicatos porque eles são a representação legítima dos trabalhadores. 

“O ministério quer trabalhar em sintonia com a organização sindical.

 Reconhecemos  sua importância como parceiro para promover políticas públicas de proteção ao trabalhador.

Temos consciência da gravidade da crise e precisamos trabalhar de forma integrada para construir um plano para sairmos da crise preservando os empregos.”

Nogueira garantiu que, além de dialogar com as empresas, o governo pretende aprimorar o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), de modo que ele seja mais abrangente. 

Segundo o ministro, é necessário ainda aprimorar a legislação trabalhista.

“Não há possibilidade do direito do trabalhador ser revogado. Vamos trabalhar na atualização da legislação em itens que trazem insegurança jurídica”.

Para Rafael Marques, o encontro com o ministro foi importante e, dentro da atual conjuntura, fortalece o processo de resistência que o sindicato está tentando promover com a Mercedes-Benz para que a empresa não demita

“As negociações estão andando, mas estão muito difíceis

O gesto do ministro em vir aqui é muito positivo e deixa a Mercedes em uma condição de ter de pensar melhor.”

Para Marques, é possível chegar a um acordo estruturado para se encontrar uma alternativa para o excedente.

“Nossa proposta é melhorar o PPE.

Estamos dizendo para a Mercedes continuar no PPE.

O layoff também é uma alternativa que já foi utilizada e continuará administrando o excesso com programas de demissões voluntárias que podem ir se repetindo”.

Segundo Marques, o sindicato já se reuniu com a empresa duas vezes depois do envio dos telegramas e hoje deve haver uma nova reunião.

“Eles continuam dizendo que não há possibilidade de encontrar alternativa para essa situação da empresa. Estamos buscando de tudo.

Os trabalhadores de terem vindo para cá em massa na terça-feira  (16) foi fundamental para que ontem (18) a negociação começasse a dar alguma esperança para nós”, concluiu o sindicalista.

Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil
Edição: Armando Cardoso

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