Superendividamento afeta mais as mulheres e pessoas acima de 55 anos - Os dados são de pesquisa da Defensoria Pública do Rio de Janeiro
Uma pesquisa da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro com 95
pessoas superendividadas, que procuraram a ajuda do órgão, mostrou que a
maioria tem mais de 55 anos, é mulher e trabalha no funcionalismo
público.
Segundo a Comissão de Superendividamento do Núcleo de Defesa do
Consumidor (Nudecon), a oferta de crédito a pessoas desses grupos é
mais agressiva e irresponsável porque as operadoras buscam pessoas com
renda estável.
Dos 95 casos estudados, 66% são de mulheres e 64,13% de pessoas com
mais de 55 anos. Os funcionários e servidores públicos são 68% desses
endividados.
No grupo, há pessoas de diferentes faixas de renda, variando desde um
salário mínimo (R$ 937 em 2017) até uma renda mensal mais que 20 vezes
maior que o mínimo (R$ 18.740).
Com, em média, 90% da renda comprometida, os superendividados
buscaram a defensoria depois de se complicarem, principalmente com
crédito consignado, a origem da dívida em 41,8% dos casos.
Outras formas
frequentes de endividamento foram o cartão de crédito, o cartão de
crédito consignado, o empréstimo ou crédito pessoal, o Crédito Direto ao
Consumidor (CDC), o cheque especial e os acordos de renegociação de
dívidas.
Em um dos casos acompanhados pela defensoria, a dívida chegou a
comprometer 1.067% da renda.
De acordo com a defensoria, os
superendividados são pessoas de boa fé que se afundam em dívidas
contraindo outras, porque não querem ficar inadimplentes.
A vulnerabilidade dessas pessoas aumenta porque muitas vezes elas são
as únicas responsáveis pelo sustento do lar - situação de 67% delas.
Um
dos casos acompanhados pela pesquisa foi o de uma funcionária de um
banco que adquiriu as dívidas após a morte do marido, há 20 anos.
Para
sustentar a família, ela precisou contrair empréstimos e depois buscou
mais crédito para conseguir quitá-los.
A própria empresa em que ela
trabalhava ofereceu parte do crédito, e ela chegou a trabalhar oito
meses sem receber salário por causa dos descontos consignados.
Segundo a defensoria, a solução encontrada na maioria dos casos foi a
conciliação.
Em 61% das audiências de conciliação houve decisão
favorável aos endividados e, em 38,71%, a dívida diminuiu.
Pessoas superendividadas residentes do Rio de Janeiro podem recorrer à
defensoria por meio do telefone 129, para agendar um atendimento no
Núcleo de Primeiro Atendimento mais próximo de sua residência ou no
Nudecon.
Por
Vinicius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
Edição: Fernando Fraga