Temer: inquérito dos portos é investigação sobre 'assassinato que não tem cadáver'

Em entrevista a Roberto Nonato e Kennedy Alencar, o presidente afirmou que não teme ser preso e que será 'impossível' um candidato de centro-direita vencer a eleição presidencial deste ano sem a 'tese da continuidade'.

O presidente Michel Temer em entrevista à rádio CBN. Foto: Alan Santos/PR

O presidente Michel Temer afirmou que será 'impossível' um candidato de centro-direita vencer a eleição presidencial deste ano sem a 'tese da continuidade'. À CBN, ele avaliou que será 'desastroso' para o futuro candidato abandonar as reformas levantadas em seu mandato. Temer, filiado ao MDB, admitiu que já conversou com Fernando Henrique Cardoso, Henrique Meirelles e Rodrigo Maia sobre uma possível candidatura única de forças governistas, mas não disse quem poderia ser o escolhido para disputar com o apoio do governo. 'Posso vir a ser, mas posso abrir mão se virem uma melhor figura no momento', garantiu.

Alvo de duas denúncias da Procuradoria-geral da República, Temer reconheceu que as suspeitas impediram a aprovação da reforma da Previdência, mas disse que o país não parou por causa das delações do grupo J&F. O presidente admitiu que se arrepende de ter recebido o empresário Joesley Batista no Palácio do Jaburu, pelo 'prejuízo' que o encontro causou ao país, mas minimizou a reunião, afirmando que já recebeu muitos outros empresários fora da agenda oficial.

Atualmente, Temer é investigado pela Polícia Federal em um inquérito sobre o decreto dos portos, por suspeita de ter favorecido empresas portuárias em troca de propina. O presidente disse que a investigação é indevida: 'é como investigar um assassinato que não tem cadáver', criticou, dizendo que há membros do Ministério Público que agem politicamente. Ele também afirmou que não teme ser preso, e que a prisão seria uma 'indignidade'.

Na área econômica, o presidente disse que não desistiu da reforma da Previdência, e que 'talvez' tenha chance de votar a proposta antes de deixar o governo. Enquanto a intervenção federal no Rio de Janeiro estiver vigente, não é permitido aprovar emendas à Constituição, mas, segundo Temer, 'se as coisas entrarem no ritmo adequado no Rio até setembro', existe a possibilidade de aprovar o projeto. A intervenção no estado está prevista para durar até 31 de dezembro, mas pode ser interrompida antes.

Questionado sobre a sensação de segurança que permanece entre os moradores do Rio, ele alegou que 'é só impressão' que nada tenha mudado. O político justificou o crescimento dos dados sobre a violência na região: 'toda vez que se faz um combate duro contra a criminalidade, a reação é esperada'. Ele disse, ainda, que é preciso 'dar tempo ao tempo'.

Temer também comemorou os números recentes da economia e afirmou que o aumento do desemprego, constatado pelo IBGE, foi revelado por um dado positivo. 'Quando a economia melhora, as pessoas que antes estavam desalentadas começam a procurar emprego', alegou. Ele também garantiu que mais de 1,6 milhão de novos postos de trabalho foram abertos.