IPCA acelera em maio por habitação e fica acima do esperado em 12 meses


Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A inflação brasileira acelerou pelo segundo mês seguido em maio pressionada principalmente pelos custos de habitação e voltou a ganhar força no acumulado em 12 meses, um pouco acima do esperado, no dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) define o futuro da taxa básica de juros do país.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,78 por cento em maio, contra alta de 0,61 por cento em abril, maior nível para os meses de maio desde 2008 (0,79 por cento).

Com isso, o indicador acumulou avanço de 9,32 por cento em 12 meses, frente a 9,28 por cento até abril, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A inflação permanece bem acima do teto da meta do governo para este ano, de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos percentuais.

As expectativas em pesquisa da Reuters junto a economistas eram de alta mensal de 0,75 por cento em maio e de 9,29 por cento na comparação anual.
"O Índice de maio foi caracterizado pela volta da pressão dos administrados", disse a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.

O resultado de maio foi pressionado principalmente pelo grupo Habitação, que registrou a maior alta mensal, de 1,79 por cento, e a maior contribuição para o resultado no período, de 0,27 ponto percentual.

De acordo com o IBGE, o resultado do grupo deveu-se sobretudo à alta de 10,37 por cento da taxa de água, com o fim do Programa de Incentivo à Redução do Consumo de Água em São Paulo. Também pesou no grupo o avanço de 2,28 por cento nos preços de energia elétrica.

O IBGE informou ainda que o grupo Alimentação e Bebidas foi a segunda maior influência de alta do IPCA no mês, com 0,20 ponto percentual, embora o avanço tenha desacelerado a 0,78 por cento em maio, contra 1,09 por cento no mês anterior.


Devido aos níveis elevados dos preços, o Banco Central tem mantido a Selic em 14,25 por cento ao ano desde julho passado, maiores patamares em quase 10 anos mesmo em meio à forte recessão econômica.

O Copom deve manter a taxa básica de juros nesta quarta-feira, na última decisão sob o comando de Alexandre Tombini antes de passar o comando do BC a Ilan Goldfajn para liderar um provável ciclo de cortes dos juros a frente.

Para o mercado, há espaço para corte da Selic. Pesquisa Focus do BC aponta a taxa a 12,88 por cento na mediana das projeções no final deste ano, indo a 11,25 por cento em 2017.

Sobre a inflação a visão é de que desacelere, mas ainda assim termina acima do teto da meta, com o IPCA a 7,12 por cento.
Na terça-feira, Ilan afirmou que o objetivo do BC será o de cumprir plenamente a meta de inflação "mirando o seu ponto central". 

Sua indicação à presidência do BC foi aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, e em seguida pelo plenário da Casa na véspera.

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