Sobre a tentativa de vetar a Fosfo e outras questões




Por Fábio Lau
Covardia: criminalizar Chierice par justificar veto
Covardia: criminalizar Chierice par justificar veto
A gente tenta ser educado, paciente, ausente até. Ao ler a carta do professor Francisco Sampaio, presidente da Academia Nacional de Medicina, pedindo que Dilma reveja a decisão e vete o uso da Fosfoetanolamina Sintética, aprovada quinta-feira (13), o primeiro impulso que nos vem é o de resumir tudo em algumas poucas (e não tão educadas) palavras.

 Mas temos responsabilidades. Então vamos lá. Francisco Sampaio diz que a presidenta pode ter sido mal aconselhada. É possível. E ele também.

 No fim da carta Francisco avisa que se Dilma não recuar entrará com processo para vetar a Fosfo.

O médico diz, por exemplo, que "diversos órgãos e entidades científicas, como Anvisa, USP e a Academia Nacional de Medicina", sugeriram o veto ao projeto aprovado na Câmara e no Senado. Lembra que Ricardo Lewandowski, presidente do STF, já havia orientado a interrupção do fornecimento até que novos estudos fossem feitos. Alega que a USP de São Carlos, recentemente, entrou com processo contra o professor Gilberto Chierice acusando-o de "curandeirismo".

Ao final da carta, Francisco alerta: entrará com processo para vetar a decisão da presidenta Dilma.

Antes de exibir a carta de Francisco Sampaio, na sua íntegra, a gente diz para ele o seguinte:

Francisco Sampaio, a Fosfo foi usada e testada em pacientes humanos durante mais de duas décadas. E com sucesso em muitos casos - outros não. Assim como o tratamento convencional de câncer.

A Fosfo foi solicitada pelo Super Super hospital brasileiro, o Sírio Libanês, para ser ministrada em pacientes de câncer. E o Sírio não o teria feito se não reconhecesse minimamente sua eficácia.

Lewandowski pediu sim a interrupção do fornecimento da substância enquanto os testes eram feitos. Mas houve algo que a democracia plena reconhece e admite como absoluto que é o voto democrático nas câmaras populares. Deputados e senadores, baseados em depoimentos de pacientes e pesquisadores, em várias sessões no Congresso, entenderam a importância da Fosfo e a urgência da aprovação. E por isso a aprovaram.

Gilberto Chierice é um grande cientista e pesquisador brasileiro.


 Durante 20 anos ou mais ajudou na produção e desenvolvimento do composto - para a mesma USP que agora o acusa. Se a USP não estivesse jogando para a plateia, tentando criminalizar este herói da medicina brasileira, seus dirigentes, todos, aqueles que lá estiveram nos últimos 20 anos, deveriam ser igualmente denunciados como chefes de bando. 

Ou por que teriam autorizado a produção e distribuição? Chierice não é curandeiro, é cientista.

 Mas, como alguém que ajudou na produção de um composto que anulou dores e deu esperança, poderia sim ser chamado de "curandeiro" - status que nem todo médico consegue atingir - tirar a dor e o sofrimento é algo muito maior do que a ostentação do diploma. 

Especialmente quando o médico é obrigado a dizer ao paciente que os recursos científicos se esgotaram e o que resta é a morte.

Dilma Rousseff, que esteve no Sírio Libanês tratando do câncer (será que fez uso da Fosfo?), se baseou nestas experiências e outras tantas.


 Os profissionais de medicina e cientistas que dão base à sua carta deveriam apresentar alternativas aos pacientes brasileiros que estão ficando pelo caminho sem atendimento médico porque o tratamento, você sabe, se extingue em determinado estágio da doença. Quando nada mais há para fazer por ele. 

E nessa hora muitos recorreram a Fosfo e obtiveram êxito.

Saia do mundo de vidro, com placa na porta e secretária na ante-sala, o ambiente da assepsia, e faça como este jornalista - que nada entende de medicina ou compostos, mas enxerga um tanto assim de ser humano.


 Pergunte, olho no olho, se o remédio fez bem. 

Se aliviou a dor. Se reduziu o tumor (e o exame de imagem ajuda neste particular). E tire sua conclusão.

E, quer saber mais? Este jornalista tem a prova viva de que:

chá de boldo faz bem (contra a ressaca), camomila acalma (bebi duas xícaras antes de responder sua carta), quebra-pedra é diurético e chá de louro é ótimo para gases.


 Ah! Xixi humano elimina sarna de cachorro.

 A indústria farmacêutica reprova este tipo de informação.

 Mas, como disse, sou jornalista e mergulho também no lado de lá. Experimente fazê-lo e talvez se surpreenda.

Leia a carta de Francisco Sampaio:


Excelentíssima Presidente Dilma Rousseff comete equívoco contra saúde, talvez por mal aconselhamento

Hoje, dia 14 de abril de 2016, pedimos a reflexão da Vossa Excelência, Presidente Dilma Rousseff, para que esta data não se torne trágica por contradizer a ciência e a inteligência brasileiras.


Contrariando todas as atitudes e manifestações das áreas competentes, foi sancionada pela Senhora Presidente Dilma Rousseff a lei que permite o uso da "pílula do câncer".

 A lei, à revelia da Anvisa, permite o uso da fosfoetanolamina por pacientes com câncer, independentemente do tipo celular, órgão afetado e estagio clinico do tumor.

Diversos órgãos e entidades científicas, como Anvisa, USP e a Academia Nacional de Medicina, indicaram que a presidente tinha o dever de vetar este projeto equivocado, que coloca em risco o tratamento correto e, portanto, a saúde dos doentes, além de abrir grave precedente ao controle de medicamentos no Brasil, colocando nosso país em situação de inferioridade científica e de controle sanitário.

Lembrando que o Supremo Tribunal Federal (STF) através do excelentíssimo senhor presidente, Ricardo Lewandowski, já havia autorizado a Universidade de São Paulo (USP) a interromper o fornecimento da substância fosfoetanolamina sintética a pacientes com câncer.


 Na sua petição de suspensão de tutela antecipada, a USP afirma que a liberação da substância "cuja eficácia, segurança e qualidade são incertas" coloca em risco a saúde dos pacientes.

A Academia Nacional de Medicina lembra ainda que a USP entrou com processo contra o professor aposentado do Instituto de Química da USP de São Carlos, Gilberto Chierice, que coordenava os estudos sobre a fosfoetanolamina e distribuía as pílulas, num ato típico de exercício ilegal da medicina, pois nem médico é.


 A USP representou contra o professor aposentado pelos crimes contra a saúde pública e curandeirismo. Além disso, a USP também fechou o laboratório que produzia a "pílula do câncer".

Contra todos que cientificamente somos conhecedores da matéria, a senhora Presidente Dilma Rousseff sancionou sem vetos esta lei que agride a nossa comunidade médica e científica e poderá colocar em risco a saúde dos doentes.

Como presidente da Academia Nacional de Medicina, bicentenária instituição científico cultural mais antiga do Brasil, que reúne e sempre reuniu, com humildade, quase toda a excelência da medicina brasileira, vou propor em assembleia com todos os acadêmicos, o direito, se couber, de nossa entidade ajuizar contra determinação legal que, torno a reafirmar como todos já disseram, ser danosa ao paciente.


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