Em 40 dias, a base política de Dilma se deteriorou Da delação de Delcídio do Amaral à gravação de Temer como presidente, fatos e articulações levaram à debandada geral dos partidos aliados e tornaram o impeachment algo real.

Por Raquel Miura

No início do ano, a avaliação era de que a presidente tinha condições de barrar o impeachment mesmo com todo esforço em contrário de Eduardo Cunha e das dificuldades na economia. 

Clima bem diferente na apresentação do relatório por Jovair na comissão especial.

 O processo de impeachment não é golpe de estado. Na exata medida que ele procura preservar valores éticos, jurídicos e político-administrativos.

 A base de Dilma sempre foi instável, visto a dificuldade na tramitação do ajuste fiscal. 

Falta de diálogo com congresso, denúncias de corrupção investigações cortando a fonte de recurso de alguns políticos, parte das ruas insatisfeita com as últimas eleições e uma aguda crise econômica.

 Porém nem esse ambiente complicado se mostrava no início do ano suficiente para levar adiante um processo tão traumático.

 Costuras políticas e fatos em cascata num período de 40 dias acabaram dando ao impeachment chances reais.

Um deles foi a delação de Delcídio do Amaral, que veio a nota no dia 3 de março e colocou Dilma no olho do furacão ao levantar suspeitas sobre a indicação de um nome para o STJ.

 Três dias depois o PSDB principal partido de oposição e o PMDB de vice Michel Temer se reuniram num jantar e selaram um acordo pró-impeachment.

 Àquela altura o PSDB havia afastado a tese de novas eleições pelas citações de correligionários na Lava Jato e falta de apoio de outras legendas.

Temer, que adotava um discurso diplomático, entrou de vez nas articulações.

Foi aclamado presidente da legenda que, dias depois em sessão relâmpago deixou a base de Dilma.

Renan Calheiros participou da reunião com tucanos e discutiu o desembarque com Temer. Em público pedia cautela.

 Para fechar a porteira, Dilma nomeou Lula para casa Civil. 

A oposição e as ruas criticaram, mas deputados aliados reagiram com bom humor, cenário que durou algumas horas até a divulgação de uma conversa dos dois petistas sugerindo que a posse de Lula visava o foro privilegiado.

O governo repudiou a divulgação dos áudios, mas o estrago estava feito. 

Nos bastidores, as negociações de um possível governo Temer com divisão de poderes até mesmo sobre quem vai presidir a câmara contribuiu para o desembarque geral da base.

 Com a luz cada vez mais fraca no fim do túnel petista, a promessa de cargos por Dilma não segurou aliados. 

E no dia em que a comissão especial apreciava o relatório sobre a abertura do impeachment, um áudio de Temer divulgado segundo ele por engano serviu de senha para PP, PTB, PSD pulassem do barco.

Cenário montado em boa parte graças a Eduardo Cunha, que garantiu aliados dele no comando da comissão de impeachment e que vai presidir a sessão histórica do dia 17, data trabalha a dedo pelo peemedebista, que tem chances de manter o mandato apesar das acusações da Lava-jato.

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