Propostas para resgatar economia passam pelo comércio exterior



A presidente Dilma Rousseff se reunirá amanhã com o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, para discutir uma das poucas saídas que se pode vislumbrar neste momento para a recuperação da economia brasileira: o incremento das relações comerciais com o exterior. O ministro informou ao blog que as propostas nessa área são encaradas pelo governo como um dos principais vetores da estratégia para resgatar o país da recessão econômica. Ele acredita que tem executado todos os movimentos possíveis na busca de novos mercados para produtos brasileiros, dentro dos limites impostos pelos vínculos ao Mercosul.

As dificuldades enfrentadas pela economia chinesa, a que se atrelou fortemente o Brasil no período de elevação dos preços das commodities, caracterizam um novo momento nas relações com o exterior. O ministro mencionou a ideia de redimensionar o comércio com a China, na tentativa de agregar maior valor às exportações brasileiras. Um exemplo disso seria o esforço de exportar o óleo de soja processado e não apenas a matéria-prima, como acontece hoje. Ele argumentou que a forte demanda chinesa no ciclo de maior expansão de sua economia influenciou não apenas o Brasil, mas também outros países produtores de commodities.

Na sua visão, o principal fator que impactou de maneira negativa o comércio exterior brasileiro no passado recente foi a apreciação do real diante do dólar, que retirou competitividade dos produtos nacionais. Esse cenário foi particularmente danoso, segundo ele, para as exportações de manufaturados, na medida em que o potencial do país em commodities agrícolas garantiu sua capacidade de continuar a competir nessa área no mercado internacional. No ano de 2015, na esteira da desvalorização de quase 50% do real, a balança comercial brasileira recuperou o terreno superavitário, que deve se ampliar neste ano.

Monteiro alinhou a série de iniciativas articuladas pelo Ministério do Desenvolvimento para reposicionar a política comercial brasileira e promover novos acordos bilaterais e multilaterais, que possam ampliar os mercados para produtos e serviços ofertados pelo país. A pasta que comanda está envolvida também nas difíceis negociações em torno de um acordo de livre comércio entre os países do Mercosul e da União Europeia, que já se estendem por dezesseis anos. Apesar dos percalços enfrentados, ele acredita que será possível avançar na troca de ofertas entre os dois lados ainda neste primeiro trimestre do ano.

As limitações impostas pelo Mercosul aos movimentos brasileiros em direção a outros países e blocos comerciais têm sido contornadas pelos Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI), que o ministro classifica como iniciativas de “última geração”. A motivação principal é promover a internacionalização de empresas brasileiras e atrair novos investimentos estrangeiros para o país. Em 2015, foram assinados acordos desse tipo com México, Colômbia, Chile, Angola, Moçambique e Malaui. Junto com o Mercosul, por sua vez, planejam-se novos passos em direção ao Canadá.

Com os países sul-americanos da costa do Pacífico, há um esforço de maior aproximação, como demonstra o acordo automotivo assinado com a Colômbia. Em termos mais amplos, a negociação de um cronograma de desgravação tarifária está sendo discutida não só com os colombianos, mas também com o Peru – no caso do Chile, a desgravação já é uma realidade. Nas brechas do Mercosul, é possível estabelecer com esses países acordos de serviços, de compras governamentais e promoção de investimentos.

No caso do México, a segunda economia da América Latina, os esforços envolveram a renovação do acordo automotivo e a ampliação da cobertura do acordo de cooperação econômica. Os Estados Unidos, que representam o maior mercado para as exportações de produtos manufaturados brasileiros, foram alvo de negociações voltadas para a convergência regulatória. Como lembrou Monteiro, as tarifas norte-americanas já são bastante baixas – cerca de 3%, em média – e os obstáculos ao ingresso de mais produtos brasileiros concentram-se nas chamadas barreiras não tarifárias.

Críticas
O professor da Universidade de Brasília (UnB) Renato Baumann, especialista em relações internacionais, reconhece os esforços que têm sido feitos pelo Ministério do Desenvolvimento e também pelo Ministério da Agricultura para a negociação de novos acordos comerciais. Mas alerta que as mudanças desencadeadas pela redução do ímpeto da economia chinesa representam uma nova realidade, que precisará ser enfrentada pelo país. Na sua avaliação, a aposta do governo brasileiro na economia chinesa, nos últimos anos, foi excessiva e acompanhada de uma postura negligente na busca de novos mercados. “Perdemos o bonde”, afirmou.

A expectativa de Baumann é que a economia chinesa ainda mantenha um ritmo significativo de crescimento, da ordem de 6% ao ano, mas longe da era dourada em que se expandiu ao ritmo de dois dígitos. O especialista lamenta também que o país não tenha conseguido avançar na integração produtiva em âmbito regional. Mesmo com a resistência de países vizinhos à maior presença brasileira, teria sido possível, segundo ele, construir uma agenda de interesses comuns. Em outras palavras, as críticas ao chamado imperialismo brasileiro, frequentes nos países sul-americanos, poderiam ser atenuadas com propostas que favorecessem todas as partes.

A competitividade na economia global, como ele ensina, está muito associada à complementaridade das cadeias produtivas, algo que passou ao largo da estratégia do governo brasileiro nos últimos anos. O Vietnã e o Camboja , por exemplo, estabeleceram acordos vantajosos para se integrar à cadeia produtiva chinesa, com ganhos para suas economias. Esse novo tempo certamente exigirá do Brasil um esforço adicional para se manter à tona como um país viável e promissor. Ainda mais no momento em que a crise econômica brasileira aprofunda-se e conecta-se a um ambiente externo muito menos favorável do que em anos recentes.


http://s.glbimg.com/jo/g1/static/live/blog/img/logo_g1.png por Beth Cataldo

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