Ibovespa registra queda com nova ofensiva de Trump contra o Brasil
Ibovespa registra queda com nova ofensiva de Trump contra o Brasil
A tensão entre Brasil e Estados Unidos voltou a impactar fortemente os mercados nesta quarta-feira (9). O Ibovespa encerrou o dia com queda de 1,31%, aos 137.481 pontos, acumulando perdas de aproximadamente 3.500 pontos nas últimas três sessões. O principal catalisador dessa nova rodada de instabilidade foi a sinalização, por parte de Donald Trump, de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto.
Com a escalada da crise comercial, o dólar comercial subiu 1,10%, chegando a R$ 5,50, em meio a maior aversão ao risco e fuga de capital. Já o bitcoin registrou forte valorização, subindo 4,82%, alcançando os R$ 620.482, acompanhando o movimento global de busca por ativos alternativos.
Destaques do Ibovespa
No pregão, as principais ações da Bolsa recuaram. Destaques negativos:
Magazine Luiza (MGLU3): R$ 8,55 (-3,93%)
Petrobras (PETR4): R$ 32,32 (-0,62%)
Vale (VALE3): R$ 54,04 (-0,99%)
Itaú Unibanco (ITUB4): R$ 36,37 (-2,07%)
Ambev (ABEV3): R$ 13,31 (-0,52%)
Gerdau (GGBR4): R$ 16,79 (-0,53%)
Entre os bancos, o tombo foi mais acentuado:
Banco do Brasil (BBAS3): -2,50%
Bradesco (BBDC4): -1,15%
Santander (SANB11): -1,55%
B3 (B3SA3): -0,75%
As petroleiras independentes também sofreram, mesmo com leve alta no preço internacional do petróleo. A PetroRecôncavo (RECV3) afundou 5,36%, após divulgação de dados operacionais fracos no segundo trimestre.
Na contramão do mercado, Braskem (BRKM5) saltou 6,02%, impulsionada pela aprovação em regime de urgência, na Câmara dos Deputados, do projeto de lei que cria o Programa Especial para a Sustentabilidade da Indústria Química (PRESIQ).
Trump volta a mirar o Brasil
O clima de aversão ao risco foi agravado pela carta enviada por Trump ao presidente Lula, na qual o líder norte-americano justificou a nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros com base em alegações políticas. No texto, ele criticou o julgamento de Jair Bolsonaro no STF, chamando o processo de “vergonha internacional”, e acusou o tribunal brasileiro de censurar redes sociais dos EUA — sem apresentar provas.
Segundo Trump, a nova taxa se aplicará a todas as exportações brasileiras, independentemente de tarifas setoriais já existentes. O anúncio oficial foi feito após o fechamento dos mercados, mas a simples expectativa da medida já foi suficiente para desestabilizar o ambiente doméstico.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou manter a agenda institucional e se reuniu com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta. No entanto, o encontro teve pouco impacto nos mercados, diante da forte pressão externa. Haddad voltou a defender a revisão do IOF em certos casos, mas enfrentou resistência. “Mais imposto não passa”, respondeu Motta.
Enquanto isso, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, declarou durante audiência na Câmara que a inflação segue disseminada, mas que o mercado de trabalho continua surpreendendo positivamente.
Nesta quinta-feira (10), os investidores estarão atentos à divulgação do IPCA de junho, com expectativa de inflação mais contida — 0,10% na comparação mensal e 5,2% no acumulado de 12 meses. Mesmo assim, com o ambiente global pressionado por tensões geopolíticas e comerciais, a cautela continua sendo a palavra de ordem nos mercados.
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