“Somos países soberanos, não aceitamos intromissão de quem quer que seja”, afirma Lula em resposta a Trump
“Somos países soberanos, não aceitamos intromissão de quem quer que seja”, afirma Lula em resposta a Trump
Presidente reage às ameaças de tarifas feitas por Donald Trump contra o BRICS e defende soberania, paz e multilateralismo
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu nesta terça-feira (8) às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou impor tarifas de 10% aos países integrantes do BRICS.
Em pronunciamento ao lado do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em Brasília, Lula afirmou que o Brasil não aceitará ingerência externa em suas decisões e reforçou o direito à autodeterminação dos povos.
“Somos países soberanos, não aceitamos intromissão de quem quer que seja nas nossas decisões soberanas, no jeito que cuidamos do nosso povo”, declarou Lula, em resposta direta à fala de Trump. Mais cedo, o presidente norte-americano havia dito que “qualquer país que estiver no BRICS vai receber uma tarifa de 10%, só por esse motivo”, acusando o bloco de tentar prejudicar os Estados Unidos e de ameaçar a hegemonia do dólar.
Lula classificou como “inaceitável” qualquer reclamação sobre a reunião dos BRICS e afirmou que o bloco representa uma alternativa pacífica e inclusiva de governança global.
“Nesse mundo conturbado, Índia e Brasil se apresentam com a perspectiva de serem dois países que simbolizam a paz no mundo. Nós achamos que o mundo não precisa de guerra. Precisa de respeito”, declarou.
O presidente brasileiro reafirmou a condenação à invasão da Ucrânia pela Rússia, manifestou solidariedade ao povo palestino e criticou o papel atual do Conselho de Segurança da ONU.
“Não é possível mais ver a ONU enfraquecida, não sendo levada em consideração, e os membros do Conselho de Segurança, que deveriam primar pela paz, são exatamente aqueles que mais estimulam a guerra”, afirmou.
Lula também destacou a trajetória pacifista que passou a admirar após conhecer mais profundamente a história de Mahatma Gandhi.
“Se eu comecei a minha fala que comecei a aprender a gostar mais da Índia depois que li um livro chamado ‘Esta Noite a Liberdade’, em que contava a história da luta pela não violência do Gandhi, significa que hoje, aos 80 anos, sou mais pacifista do que eu era”, afirmou, em alusão direta ao espírito que deseja imprimir nas relações internacionais do Brasil.
Ao lado de Modi, Lula defendeu o fortalecimento da relação bilateral e o compromisso com o desenvolvimento.
“A paz, o desenvolvimento e o combate à desigualdade vão nortear o comportamento da relação Brasil e Índia”, garantiu.
Para ele, os dois países são aliados naturais na defesa do multilateralismo e na construção de uma ordem internacional mais justa.
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