Moraes anuncia grupo pró-democracia; Bolsonaro dobra a aposta e convoca ato em frente à PF
Moraes anuncia grupo pró-democracia; Bolsonaro dobra a aposta e convoca ato em frente à PF
Na mira da Polícia Federal na investigação sobre a chamada "Abin Paralela", Jair Bolsonaro (PL) resolveu dobrar a aposta após o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, anunciar a criação de um grupo de trabalho para rastrear "aqueles que atentam contra a democracia, contra a livre vontade dos eleitores, disseminando discursos de ódio e antidemocrático".
“O TSE e o Ministério da Justiça estão constituindo um grupo de estudo, trabalho e execução com membros da PF para que possamos aprimorar o que já vem sendo feito no sentido do rastreamento daqueles que atentam contra a democracia, contra a livre vontade dos eleitores, disseminando discursos de ódio e antidemocrático", disse Moraes na abertura dos trabalhos da corte eleitoral nesta quinta-feira (2).
O presidente do TSE ainda anunciou que fará uma reunião em março com presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais para debater ações visando as eleições municipais e coibir a atuação de grupos que disseminam fake news e discurso de ódio nas redes, em clara alusão ao bolsonarismo.
"Não há mais como se admitir que as redes sociais sejam terra de ninguém, uma terra sem lei, onde não haja responsabilidade. E isso se aplica à questão eleitoral, respeito à democracia, mas isso se aplica também à dignidade da pessoa humana, à proteção à vida", disse o ministro, que voltou a defender a regulamentação das redes.
Mais tarde, em entrevista a Augusto Nunes no canal do Youtube da revista de ultradireita Oeste, Bolsonaro dobrou a aposta e convocou um ato em frente à Superintendência da Polícia Federal em São Sebastião, no litoral paulista, na próxima quarta-feira (7), quando vai depor na investigação sobre importunação de uma baleia jubarte - um crime ambiental.
"No próximo dia 7, às 15h, foi me dada a oportunidade de vídeo conferência, né? Falei que não, vou pessoalmente. Até porque eu tenho certeza que vai muita gente lá em São Sebastião e a gente vai bater um papo com mil, cinco mil, dez mil pessoas lá. Será um grande encontro nosso em São Sebastião, no próximo dia 7, às 15h. Então, eu quero convidar o pessoal de Ubatuba, São José dos Campos, Guarujá, Santos. Vamos comparecer ai em São Sebastião no próximo dia 7 às 15h. Eu vou prestar meu depoimento à PF, que está cumprindo seu papel, e vou sair dali e quero dirigir a palavra a vocês", disse.
A convocação foi rapidamente pulverizada nos grupos de Telegram e nas redes sociais por aliados extremistas do ex-presidente, como a deputada Carla Zambelli (PL-SP).
Na entrevista, Bolsonaro voltou a atacar o TSE em relação às eleições de 2022, quando saiu derrotado nas urnas.
"Não podia mostrar o Lula defendendo aborto, defendendo roubo de celular. Não podia mostrar nada do Lula do passado. Agora, do outro lado, o governo fez uma campanha que eu era pedófilo, que iria acabar com os direitos trabalhistas. Então, tivemos uma participação do TSE favorável a um lado", disse Bolsonaro, incitando apoiadores.
Sobre a investigação da Abin paralela e a operação contra o filho, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), Bolsonaro disse que é "a cereja do bolo", reforçando a narrativa de "perseguição" do clã.
“Essa história de ‘Abin paralela’ é para ofuscar o 8 de janeiro”, disse. “Assim como a operação de busca e apreensão na segunda-feira foi para ofuscar a live de domingo. Sou a cereja do bolo, eles querem minha cabeça, vão ter? Só na base da arbitrariedade”.
Bolsonaro ainda atacou a mídia por levantar suspeitas sobre a fuga com os filhos antes da chegada dos agentes da PF.
“A imprensa diz que fugi”, afirmou. “Olha, a casa onde estou, se olhar no Google, você vai ver que não tem em nenhuma casa aqui na Vila Mambucaba a possibilidade de uma embarcação, de um jet ski, sair da garagem. Aqui não existe isso, desloco cerca de 400 metros para colocar no Rio Mambucaba e colocar no mar".
O ex-presidente ainda mentiu, dizendo que não indicou ninguém para compor as diretorias da Abin, sendo que partiu dele e de Carlos a indicação de Alexandre Ramagem (PL-RJ) para comandar a agência.
"Não indiquei ninguém para compor as diretorias da Abin”, mentiu Bolsonaro.
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