"Computador guardião": a inscrição em aparelho de Carlos Bolsonaro que intriga a PF

 ORCRIM BOLSONARISTA

"Computador guardião": a inscrição em aparelho de Carlos Bolsonaro que intriga a PF

Máquina é uma das nove recolhidas durante busca e apreensão no gabinete do vereador. A única que tinha um alerta para não ser conectada à internet.


Por Plinio Teodoro
Escrito en POLÍTICA el 2/2/2024 · 10:47 hs

O desespero no clã Bolsonaro com as investigações sobre a Abin paralela é evidente desde a última semana, quando a Polícia Federal encontrou notebooks e celulares da Agência Brasileira de Informação que teriam sido furtados durante a busca e apreensão em endereços de Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor o órgão.

Para nova operação, com Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na mira, bastaram cinco dias. A ação dos agentes provocou uma reação estapafúrdia de Bolsonaro e dos filhos, que inventaram a narrativa de pescaria para justificar a fuga em barco e jet skis e uma possível ocultação de provas. 

No entanto, um computador levado do gabinete do vereador intriga os investigadores, que acreditam ser um deposito de dados sigilosos e, consequentemente, uma chave para desvendar crimes atribuídos a Bolsonaro e aos filhos.

Segundo Bela Megale, no jornal O Globo, a máquina estava identificada com a inscrição "computador guardião".

Dos nove aparelhos recolhidos, este era o único que trazia um alerta para não ser conectado à internet. 

O computador está sendo analisado desde a última terça-feira (6), quando chegou à superintendência da PF em Brasília.

Criador da Abin paralela

Em entrevista nesta sexta-feira (2), a ex-deputada Joice Hasselmann confirmou que a chamada "Abin paralela" foi proposta por Carlos Bolsonaro. A versão é a mesma apresentada pelo ex-ministro Gustavo Bebianno em entrevista ao Roda Viva em 2020, 11 dias antes de morrer.

"A ideia de montar a Abin paralela foi do Carlos. E obviamente o Bolsonaro amou, adorou, pois ele sempre quis controlar todos os órgãos de segurança e assim o fez enquanto presidente da República. O Ramagem era muito próximo ao Carlos, que tinha esse controle do gabinete do ódio, logo tinha uma comunicação diretamente com Ramagem para receber os dossiês para atacar adversários e grampos telefônicos", afirmou a ex-deputada.

Nesta quinta-feira (1º), Bolsonaro resolveu dobrar a aposta após o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, anunciar a criação de um grupo de trabalho para rastrear "aqueles que atentam contra a democracia, contra a livre vontade dos eleitores, disseminando discursos de ódio e antidemocrático".

“O TSE e o Ministério da Justiça estão constituindo um grupo de estudo, trabalho e execução com membros da PF para que possamos aprimorar o que já vem sendo feito no sentido do rastreamento daqueles que atentam contra a democracia, contra a livre vontade dos eleitores, disseminando discursos de ódio e antidemocrático", disse Moraes na abertura dos trabalhos da corte eleitoral.

Mais tarde, em entrevista a Augusto Nunes no canal do Youtube da revista de ultradireita Oeste, Bolsonaro dobrou a aposta e convocou um ato em frente à Superintendência da Polícia Federal em São Sebastião, no litoral paulista, na próxima quarta-feira (7), quando vai depor na investigação sobre importunação de uma baleia jubarte - um crime ambiental.

"No próximo dia 7, às 15h, foi me dada a oportunidade de vídeo conferência, né? Falei que não, vou pessoalmente. Até porque eu tenho certeza que vai muita gente lá em São Sebastião e a gente vai bater um papo com mil, cinco mil, dez mil pessoas lá. Será um grande encontro nosso em São Sebastião, no próximo dia 7, às 15h. Então, eu quero convidar o pessoal de Ubatuba, São José dos Campos, Guarujá, Santos. Vamos comparecer ai em São Sebastião no próximo dia 7 às 15h. Eu vou prestar meu depoimento à PF, que está cumprindo seu papel, e vou sair dali e quero dirigir a palavra a vocês", disse.

A convocação foi rapidamente pulverizada nos grupos de Telegram e nas redes sociais por aliados extremistas do ex-presidente, como a deputada Carla Zambelli (PL-SP). O ato também foi divulgado pelo perfil Bolsonaro TV, administrado por Carlos Bolsonaro, como "chamamento geral".

Sobre a investigação da Abin paralela e a operação contra o filho, Bolsonaro disse que é "a cereja do bolo", reforçando a narrativa de "perseguição" do clã.

“Essa história de ‘Abin paralela’ é para ofuscar o 8 de janeiro”, disse. “Assim como a operação de busca e apreensão na segunda-feira foi para ofuscar a live de domingo. Sou a cereja do bolo, eles querem minha cabeça, vão ter? Só na base da arbitrariedade”.

Bolsonaro ainda atacou a mídia por levantar suspeitas sobre a fuga com os filhos antes da chegada dos agentes da PF.

“A imprensa diz que fugi”, afirmou. “Olha, a casa onde estou, se olhar no Google, você vai ver que não tem em nenhuma casa aqui na Vila Mambucaba a possibilidade de uma embarcação, de um jet ski, sair da garagem. Aqui não existe isso, desloco cerca de 400 metros para colocar no Rio Mambucaba e colocar no mar".

O ex-presidente ainda mentiu, dizendo que não indicou ninguém para compor as diretorias da Abin, sendo que partiu dele e de Carlos a indicação de Alexandre Ramagem (PL-RJ) para comandar a agência.

"Não indiquei ninguém para compor as diretorias da Abin”, mentiu Bolsonaro.

https://revistaforum.com.br/politica/2024/2/2/computador-guardio-inscrio-em-aparelho-de-carlos-bolsonaro-que-intriga-pf-153343.html

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