Planalto reconhece que delação da Odebrecht causará estrago político
Gerson Camarotti |
Há o reconhecimento de que o conjunto dessas delações, que vai incluir o depoimento de Marcelo Odebrecht, tem um potencial explosivo muito maior do que as delações que estão em curso de executivos de outra empreiteira, a Andrade Gutierrez.
A Odebrecht foi uma das grandes doadoras para as campanhas da presidente Dilma Rousseff em 2010 e em 2014. Até então, a estratégia era de evitar qualquer colaboração com as investigações da Lava Jato. Como informou o Blog no início do mês, a posição da empreiteira mudou depois da frustração da construtora em não obter habeas corpus para os executivos, inclusive o presidente afastado, Marcelo Odebrecht.
Mas, segundo um interlocutor da Odebrecht, também foi fundamental para a decisão a mudança do entendimento do Supremo Tribunal Federal de que condenados em segunda instância já passam a cumprir pena na cadeia, independentemente das apelações para tribunais superiores. “Os executivos da Odebrecht já estavam isolados. Todas as construtoras já estavam colaborando. Não restava outra alternativa”, observou essa fonte.
O depoimento da ex-funcionária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares foi uma espécie de gota d’água para a decisão da construtora. Ela detalhou em depoimento todo o funcionamento do setor de contabilidade paralela da empresa.
De acordo com a Polícia Federal (PF), as informações sobre o esquema de pagamentos ilícitos embasou a 26ª fase da Operação Lava Jato, a Operação Xepa, deflagrada nesta terça-feira (22).