"A tentativa de golpe é inegável"
Conteúdo postado por:
Dafne Ashton
"A tentativa de golpe é inegável": Pedro Serrano analisa a delação de Mauro Cid
Advogado avalia estratégia da defesa de Bolsonaro e cobra investigação sobre financiamento de setores do agronegócio
247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o jurista Pedro Serrano afirmou que a tentativa de golpe liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro "está sobejamente comprovada" e que a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid é uma prova frágil. Para ele, a estratégia da defesa de Bolsonaro está correta ao tentar desqualificar a delação, mas não é suficiente para enfraquecer a robustez das provas reunidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
"Se eu fosse advogado do Bolsonaro, não tem como negar a materialidade do delito, porque está mais do que provado. É bobagem. Isso é coisa pra militância bolsonarista ficar falando contra, chorando aí. Mas a realidade é que o golpe está provado. A tentativa de golpe é inegável", declarou Serrano. Ele ressaltou que a principal linha de defesa para Bolsonaro é negar a autoria do crime e que, nesse contexto, faz sentido atacar a delação. "A delação é frágil. Eu tenho falado isso faz tempo. Essa delação não é sólida", pontuou.
Apesar da fragilidade da colaboração de Mauro Cid, Serrano frisou que a maior parte das provas reunidas contra Bolsonaro e seus aliados "não dependeram dessa delação" e "não vieram através dela". Ele questionou, inclusive, a necessidade da colaboração premiada no caso: "Pra quê delação? Não precisa".
O jurista reconheceu a competência da equipe de defesa de Bolsonaro, dizendo que são "dos melhores advogados". Para ele, é importante que o ex-presidente tenha uma defesa qualificada, pois isso contribuirá para a legitimidade de uma eventual condenação. "Se ele for condenado, demonstrar a qualidade da defesa vai auxiliar na percepção de que a condenação foi correta", afirmou.
Investigação sobre o financiamento de setores do agronegócio
Serrano também destacou a importância de aprofundar as investigações sobre o papel de setores do agronegócio no financiamento dos atos golpistas. "As investigações estão devendo. Melhor investigar o agronegócio, por exemplo", sugeriu. Ele ressaltou que há indícios documentais que apontam o envolvimento de grandes produtores rurais na articulação e no financiamento de atos antidemocráticos, incluindo o fechamento de rodovias e a invasão dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
"Tem documentos lá, inclusive obtidos com a assessoria, sobre o fechamento de rodovias e a própria operação do 8 de janeiro", afirmou. Para ele, a Polícia Federal deve estar conduzindo apurações nesse sentido. "Daqui a pouco surge algo aí", disse, apostando que novas denúncias virão.
Militares no centro das investigações
Outro ponto abordado por Serrano foi o envolvimento de militares na tentativa de golpe. Ele destacou que a investigação já alcançou figuras-chave das Forças Armadas, como o ex-ministro Braga Netto e o general Augusto Heleno. "O comandante da Marinha vai ser denunciado ou já foi denunciado. E os generais ali, todos que participaram, Braga Netto, Heleno, os coronéis, oficiais superiores do Exército em geral", detalhou.
Para ele, exigir mais do que já foi alcançado na investigação pode ser precipitado. "A gente já está fazendo um negócio histórico, uma proeza. Eu acho que nesse campo dos militares está bom", afirmou, reforçando que o foco agora deveria estar em outros financiadores do golpe, como setores do agronegócio.
A entrevista de Pedro Serrano reforça a gravidade das provas reunidas contra Bolsonaro e seus aliados, bem como a necessidade de aprofundar as investigações sobre financiadores civis do movimento golpista. Enquanto a defesa do ex-presidente busca desqualificar a delação de Mauro Cid, o jurista destaca que essa estratégia dificilmente será suficiente para abalar a consistência das investigações que já estão em curso. Assista:
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, ://www.brasil247.com/entrevistas/a-tentativa-de-golpe-e-inegavel-pedro-serrano-analisa-a-delacao-de-mauro-cid