General Heleno pediu prisão perpétua a presidente desonesto


Leonardo Sakamoto 
Colunista do UOL

A tríade de generais das joias, da pandemia e do golpe

Em depoimento no dia 1º de junho na CPI do 8 de Janeiro da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o general Augusto Heleno negou participação no planejamento das ações que levaram à invasão e destruição das sedes dos Três Poderes.


Disse que aconselhava Jair a não tomar atitudes drásticas contra o STF. Mas, em dezembro de 2021, ele demonstrou que fazer isso lhe demandava muito esforço: 

"Eu tenho que tomar dois Lexotan na veia por dia para não levar o presidente a tomar uma atitude mais drástica em relação às atitudes que são tomadas por esse STF que está aí."

O áudio, divulgado na época por Guilherme Amado, do portal Metrópoles, teria sido registrado em uma formatura da Abin, a Agência Brasileira de Inteligência, que está sob a aba de Heleno.

Mas, em fevereiro de 2020, ele esqueceu de tomar o tal Lexotan ao conclamar o governo a não ficar "acuado" pelo Congresso Nacional e pedir ao presidente "convocar o povo às ruas" contra a instituição. E em uma reunião soltou um "não podemos aceitar esses caras chantageando a gente. Foda-se".

Na pandemia, outro general, Eduardo Pazuello, foi fundamental para a sabotagem do combate ao covid-19 perpetrada pelo governo Bolsonaro. Como ministro da Saúde, serviu aos interesses do chefe, aceitando atrasar a compra de vacinas e atuando contra as medidas de distanciamento social, o que contribuiu para que o Brasil chegasse a mais de 700 mil mortos ao final. Mesmo assim, foi eleito deputado federal pelo bolsonarismo.

Agora, as investigações da Polícia Federal chegaram a mais um general, desta vez no escândalo das joias. Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-faz-tudo de Jair, foi alvo de operação de busca e apreensão. Cidão foi flagrado vendendo os produtos de luxo do nosso patrimônio na Flórida a pedindo de Cidinho.

E por que lá? O general, amigo de Bolsonaro e seu colega na Academia Militar das Agulhas Negras, morava no Estado norte-americano por ter ganho do ex-presidente a chefia do escritório brasileiro da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami. Sim, o Brasil estava pagando o salário de um graduado militar agora investigado em um caso de peculato e lavagem de dinheiro.


Como já disse aqui, ser chamado de "ladrão de joias" tem mais potencial de atingir a imagem de Bolsonaro junto ao eleitorado do que ser alcunhado de "genocida" ou "golpista".

"Prisão perpétua a presidente desonesto." A sugestão de Heleno vale apenas para civis ou também atinge membros da cúpula militar?

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL


OLHAR APURADO

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